CÂMARAS DE COMÉRCIO ALEMÃS VÃO LANÇAR GUIA GLOBAL DE OPORTUNIDADES NO SETOR DE ÓLEO E GÁS
Por Bruno Viggiano (bruno@petronoticias.com.br) –
Promover o intercâmbio entre empresas brasileiras e alemãs é o principal propósito da Câmara de Comércio e Indústria Brasil – Alemanha (AHK). Com três unidades no país, a do Rio de Janeiro é a responsável pelos setores naval e de petróleo e gás. A crise do segmento não alterou o interesse alemão pelo mercado brasileiro, com atenção especial das empresas de pequeno e médio porte, de acordo com o gerente de Marketing e Vendas da instituição, Thomas Olsinger. O cenário desfavorável da economia abre oportunidades de negócios antes inexistentes, especialmente com o câmbio favorável aos alemães. Além de colocar empresários dos dois países em lados opostos de uma mesa de negociações, a AHK também realiza um trabalho de avaliação de mercado para empresas alemãs. A tarefa é realizada pelas câmaras de diversos países e as unidades dos principais produtores de petróleo do mundo se uniram para lançar em dezembro o “Doing Business in the Oil & Gas Sector: Opportunities for German Companies”. Esta será a versão atualizada e mais completa do “Petróleo e Gás no Brasil: Oportunidades de Negócios Para Empresas Alemãs no Setor Petrolífero”, lançado em setembro do ano passado.
Como é a atuação da Câmara de Comércio e Indústria Brasil – Alemanha (AHK)?
No Brasil nós contamos com três unidades, cada uma com o seu foco específico. A maior delas é a de São Paulo, que reúne empresas dos setores de Máquinas, Equipamentos e Automobilístico, principalmente. Aqui no Rio de Janeiro nós ficamos com a parte de Óleo e Gás e Naval, e na de Porto Alegre é coberto o setor de Agricultura. A missão das câmaras é promover o intercâmbio entre empresas brasileiras e alemães, tanto trazendo empresas de lá para cá, como o contrário também.
A crise no setor de óleo e gás diminuiu a procura pela AHK carioca?
O preço do barril de petróleo e os problemas vividos pela Petrobrás são desafios que se colocam na nossa frente, mas a última edição da Offshore Technology Conference Brasil pode ser um exemplo do que vivemos. Mesmo com esses desafios, o número de empresas alemãs expondo na feira aumentou de oito para 12 no pavilhão da Alemanha, sem contar as empresas que estavam por conta própria no evento. São em sua maioria empresas pequenas e médias, que optaram por se estabelecer no Brasil.
Como as empresas têm avaliado o momento vivido pelo mercado?
Elas sabem que o petróleo não vai acabar, nem o Brasil vai acabar. Fica então uma sensação de que o quadro será recuperado. Toda situação tem dois lados e a crise dá potencial e chance para essas pequenas e médias empresas investirem em mercados como o Brasil, que passam por um momento mais conturbado.
A crise já levou empresas alemães a sair do mercado brasileiro?
A mentalidade do alemão é diferente da do norte-americano, por exemplo. O americano chega em um mercado novo, se estabelece e se em dois anos não obtiver o resultado esperado ele abandona o mercado. Tão rápido quanto se estabeleceu ele se retira. O alemão trabalha de uma maneira diferente, com uma pesquisa prévia sobre as condições do mercado mais detalhada e, quando decide se estabelecer, é mais difícil a decisão por sair.
Que tipo de ações a AHK vem desenvolvendo para o mercado de óleo e gás?
No último ano, em setembro, nós lançamos a 4ª edição do “Petróleo e Gás no Brasil: Oportunidades de Negócios Para Empresas Alemãs no Setor Petrolífero”. É uma publicação que saiu em português e alemão para mostrar o potencial do mercado. De um ano para cá o mercado passou por algumas mudanças, por isso iremos lançar uma nova versão atualizada no início de dezembro. Será um trabalho mais completo, desenvolvido em parceria com outras câmaras de comércio da Alemanha em outros países com tradição no setor de óleo e gás, como Estados Unidos, México, Noruega, Rússia, Arábia Saudita, Irã e Emirados Árabes. Cada câmara vai contribuir com três ou quatro páginas sobre seu mercado, em uma publicação totalmente em inglês. Esse guia é fruto do Global Cluster for Oil and Gas, fundado por essas câmaras de comércio, e se chamará “Doing Business in the Oil & Gas Sector: Opportunities for German Companies”.
A AHK promove visitas de empresas alemães ao Brasil?
Nos últimos dois anos e meio eu posso enumerar pelo menos sete ocasiões em que a AHK levou representantes alemãs para o Cenpes (Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello), na Ilha do Fundão (RJ). Todos os presentes ficaram fascinados com a estrutura apresentada no Cenpes e no Parque Tecnológico da UFRJ. Ali temos empresas pequenas, startups e gigantes, como a Siemens, por exemplo. O Rio de Janeiro vem se posicionando como núcleo de pesquisa, desenvolvimento e inovação no Brasil e isso está sendo visto pelas empresas alemãs.
Empresas brasileiras também vão para a Alemanha através da AHK?
Sim. Cerca de dois anos atrás nós promovemos um workshop de um dia com representantes da Petrobrás e Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), com uma rodada de negócios ao fim. Esse evento foi em uma cidade do norte da Alemanha, que conta com inúmeras empresas fornecedoras voltadas para o mercado de óleo e gás. Infelizmente não conseguimos repetir essa experiência no ano passado, mas levamos uma delegação do Sinaval para a SMM, a maior feira naval do mundo, em Hamburgo.
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