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TRADENER AVANÇA COM PLANOS PARA OBRA DE PARQUE EÓLICO NO RIO GRANDE DO SUL E TEM O INTERESSE DE CONSTRUIR MAIS USINAS

guilherme-avila (1)A comercializadora paranaense Tradener iniciou o ano de 2025 revelando seus planos para iniciar a construção do parque eólico Chicolomã, no Rio Grande do Sul, com capacidade de 80 MW. Para tirar o projeto do papel, a empresa já iniciou conversas com instituições financeiras que possuem clientes interessados em autoprodução. É o que revela o CEO da Tradener, Guilherme Avila, nosso entrevistado desta quinta-feira (30). “Estamos avaliando a possibilidade de trazer alguns clientes consumidores – tanto aqueles que já compram energia da Tradener quanto novos clientes – para participarem do projeto como autoprodutores”, contou o executivo. “Agora, estamos buscando viabilizar o projeto e, para isso, temos sido procurados por bancos e clientes interessados em firmar acordos de autoprodução para garantir seu suprimento de energia”, acrescentou. Atualmente, a Tradener possui 172 MW de potência instalada e um pipeline de novos projetos – que incluem eólicas e PCHs. Para o futuro, o CEO diz que a empresa tem a intenção de “construir mais usinas”, mas sem perder o foco na atividade central do grupo, que é a comercialização. “À medida que os projetos forem viabilizados e apresentarem um retorno adequado sobre o capital investido, vamos implementá-los dentro da nossa capacidade de aporte”, ponderou. Por fim, Avila vê o mercado livre de energia com boas perspectivas. “Conseguimos renovar nossa base de clientes com bastante eficiência ao longo do último ano e seguimos otimistas com o crescimento da carteira”, finalizou.

Para começar, poderia contextualizar para os nossos leitores como surgiu o interesse da Tradener em investir no mercado eólico do Rio Grande do Sul?

Complexo Pindaí, na Bahia

Complexo Pindaí, na Bahia

A Tradener há bastante tempo tem a intenção de investir em geração para garantir ainda mais segurança no atendimento aos seus consumidores. Nosso objetivo ao investir em geração própria é direcionar essa energia, na medida do possível, para a nossa base de clientes. Embora a maior parte do nosso volume de energia seja comercializado, também contamos com um bom volume de geração própria.

Atualmente, temos diversas usinas espalhadas pelo Brasil. No Nordeste, operamos usinas eólicas na Bahia, no Ceará e no Rio Grande do Norte. Também possuímos três PCHs em Goiás e uma em Santa Catarina. Além disso, temos alguns projetos em desenvolvimento, incluindo dois no Rio Grande do Sul: o Chicolomã, com 80 MW; e o Gran Sul, de 300 MW, desenvolvido em parceria com a Statkraft, no qual temos uma participação menor. Além desses, há mais dois projetos de PCHs em Goiás e uma usina eólica no Ceará.

O projeto Chicolomã deve gerar aproximadamente metade da energia consumida pelos nossos clientes no Rio Grande do Sul. Acreditamos que estamos próximos de um bom arranjo, mas ainda há algumas questões a serem definidas. O parque já está pronto para o início das obras, com todas as licenças emitidas. Agora, estamos buscando viabilizar o projeto e, para isso, temos sido procurados por bancos e clientes interessados em firmar acordos de autoprodução para garantir seu suprimento de energia.

Como viabilizar o projeto diante do cenário desafiador atual de câmbio e juros? Quais são as soluções alternativas que a Tradener estuda para contornar esse quadro?

Estamos avaliando a possibilidade de trazer alguns clientes consumidores – tanto aqueles que já compram energia da Tradener quanto novos clientes – para participarem do projeto como autoprodutores. Esse modelo permite que eles tenham isenção de encargos e tributos, devido à condição de autoprodutor, e também possibilita um valor um pouco maior pela unidade de geração. Isso significa um preço um pouco mais alto, o que facilita a viabilização do empreendimento.

No entanto, os juros no Brasil e o câmbio estão em um patamar de estresse. Como o país conta hoje com apenas dois fabricantes locais de aerogeradores, o dólar impacta diretamente os custos quando optamos por fornecedores estrangeiros. Além disso, recentemente tivemos notícias de que os bancos que oferecem financiamento subsidiado para projetos de geração passaram a ser mais avessos a financiar máquinas importadas. É uma equação difícil de fechar. Mas acreditamos que há espaço para viabilizar o projeto.

Já existem conversas no sentido de buscar esse financiamento e de buscar clientes que possam usar essa energia?

Complexo Taíba, no Ceará

Complexo Taíba, no Ceará

Sim. Temos contato com os diversos bancos. Já implementamos três PCHs em Goiás por meio de debêntures de infraestrutura. Nossas usinas eólicas no Nordeste contam com financiamento do BNB [Banco do Nordeste], e também já tivemos muitas conversas com o BNDES sobre nossos projetos de geração. Então, essas negociações não são novas; elas acontecem de forma recorrente, pois esses projetos têm um longo tempo de maturação.

O mesmo vale para o interesse dos consumidores em aderir ao modelo de autoprodução. Esse processo exige um perfil de consumidor um pouco mais sofisticado, pois, no fim das contas, ele se tornará coproprietário da usina junto conosco. Isso envolve uma série de obrigações, impactos e responsabilidades. Por essa razão, o tempo de maturação dessa decisão costuma ser mais longo. Ainda assim, para alguns consumidores, considerando os benefícios envolvidos, essa opção faz bastante sentido.

Há algum tipo de previsão sobre quando poderia ser o início das obras?

Não sei precisar exatamente quando as obras terão início, mas imagino que, em um horizonte de cinco anos, esse parque já esteja de pé. Agora, definir uma data exata para o começo das obras seria um grande chute. Nosso interesse é que isso aconteça o quanto antes, e estamos trabalhando para viabilizar o projeto o mais rápido possível. 

Como a Tradener quer se posicionar no mercado de energia?

Atualmente, temos 172 megawatts de potência instalada e um pipeline de novos projetos. Nosso objetivo é construir mais usinas para garantir a entrega de energia aos nossos consumidores. No entanto, nosso foco principal continua sendo a comercialização, que é a atividade central do grupo. Hoje, temos uma carteira de clientes que soma mais de mil megawatts médios, e nossa geração própria representa uma parte desse volume.

À medida que os projetos forem viabilizados e apresentarem um retorno adequado sobre o capital investido, vamos implementá-los dentro da nossa capacidade de aporte. Adotamos uma postura bastante conservadora, sempre com os pés no chão. Acreditamos que continuaremos crescendo no mesmo ritmo dos últimos oito anos, desde que o mercado absorva esses novos empreendimentos e as condições financeiras sejam favoráveis.

Nosso objetivo é reinvestir continuamente no setor para consolidar a Tradener como um player perene no mercado elétrico brasileiro. Hoje, além da comercialização de energia, contamos com um portfólio de mais de 60 usinas de terceiros, para as quais prestamos serviços como gestão na CCEE e gestão na comercialização.

O setor de comercialização possui diversas nuances e o conhecimento aprofundado das regras é essencial para mitigar riscos. Acreditamos que nossa expertise nesse segmento agrega valor não apenas às nossas próprias usinas, mas também às de terceiros. Esse é um domínio consolidado dentro do grupo e nossos sócios decidiram reinvestir naquilo que conhecem e dominam no setor elétrico.

Por fim, seria interessante ouvir suas perspectivas sobre o mercado livre neste novo ano. O que vocês estão projetando de negócios dentro desse setor?

PCH Rondinha, em Santa Catarina

PCH Rondinha, em Santa Catarina

Estamos bastante animados com o mercado livre. A tendência de migração dos consumidores varejistas continua forte, especialmente agora que todos os clientes em alta tensão já podem aderir ao modelo. O mercado está mais maduro em relação aos procedimentos para essa transição, e a competição também se intensificou. Ainda assim, conseguimos renovar nossa base de clientes com bastante eficiência ao longo do último ano e seguimos otimistas com o crescimento da carteira.

Além disso, a Tradener expandiu suas operações internacionais: atualmente, exportamos energia para a Argentina e, ao mesmo tempo, importamos gás da Bolívia, consolidando a nova frente de comercialização de gás. O ano já começou movimentado, com essas operações internacionais e a chegada de novos clientes à nossa base.

O ano passado foi positivo para a empresa, com uma boa geração de caixa. Apesar de algumas turbulências no mercado no último trimestre, conseguimos atravessar esse período sem repercussões negativas. Hoje, a Tradener está em um bom momento.

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