TRADENER PARTICIPARÁ DO PRÓXIMO LEILÃO A-4 E DEFENDE MAIOR UTILIZAÇÃO DAS PCHS NO BRASIL
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
Com sede no Paraná, a Tradener está de olho no próximo leilão de energia nova A-4 que o governo realizará no mês de junho. O presidente da companhia, Walfrido Avila, diz que o seu foco no certame será a participação com projetos de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). O executivo defende a ideia de que o Brasil deveria dar mais atenção a este tipo de empreendimento, o que poderia gerar energia para movimentar a economia, além de criar empregos para o setor de engenharia. “Além da energia, vai garantir emprego no Brasil inteiro, coloca a indústria nacional para trabalhar e dá ocupação a projetistas, engenheiros e operários”, opinou. Avila também cobra do governo soluções para problemas que persistem no segmento, como a questão do risco hidrológico e a abertura do mercado livre. Ele ainda diz que espera uma melhor definição sobre como será estruturado o setor para definir os próximos investimentos. “Em um modelo bem seguro e tranquilo, você investe com mais segurança. Caso não haja segurança, você não investe”, afirmou.
Como o senhor avaliou o último ano do setor elétrico?
O ano de 2018 foi conturbado porque a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) continua não liquidando e vários fatores são apontados como responsáveis. Um deles é o risco hidrológico. Mas, na verdade, é por causa de uma desorganização do próprio setor. Isso é um pena, porque o setor elétrico poderia estar funcionando redondo e não está. Há agentes mais impactados por isso e outros menos. Durante o ano passado inteiro não houve liquidação na CCEE. É uma tristeza. Já são mais de dois anos sem liquidação. Isso é impensável e acaba afetando todos os projetos.
Outra questão em debate hoje em dia é sobre o risco hidrológico. O governo tem falado que planeja resolver essa questão…
O Ministério de Minas e Energia não fez nada nos últimos dois anos. O que fizeram foi uma proposta para conciliar a dívida passada. Mas, para futuro, não tem nada previsto. Então, se aprovado o Projeto de Lei 10.985, que está no Congresso, você acerta o passado para quem quiser, mas não acerta o futuro e a CCEE continua sem liquidar. E o problema só vai aumentar.
E o que precisa ser feito?
Estudar o problema e atacá-lo com as soluções necessárias. Se precisar, por exemplo, mexer nos modelos, que se faça isso. Se precisar recalcular as garantias físicas, que assim seja feito. Ninguém nunca quis acertar a própria operação do sistema que planeja de um jeito no cálculo das garantias físicas e depois opera o GSF, no dia a dia, com outro tipo de risco. Isso acaba mudando os valores de liquidação que não são pagos. E ninguém quer discutir isso.
O que a empresa planeja para 2019?
Temos que aguardar como será o modelo do setor elétrico. Como será calculado o risco, como será operado o sistema. Tudo isso influencia no apetite de investimentos. Em um modelo bem seguro e tranquilo, você investe com mais segurança. Caso não haja segurança, você não investe. Os investimentos vão depender de um modelo coerente. Vamos participar do próximo leilão, vamos participar do A-4. Temos algumas obras inscritas. Vamos participar somente com PCHs.
Como o senhor avalia as perspectivas para o mercado de PCHs aqui no Brasil?
Se você comprar nesse leilão todas as PCHs que têm licença ambiental, não chega a 800 MW instalados – o que não representa nem 400 MW firmes. Mas, só com isso, você coloca a indústria nacional para andar. E isso não representa nada na tarifa do Brasil. E daqui a 30 anos todas essas obras serão patrimônios do governo. Por que não fazer isso?
Quais seriam os outros benefícios?
Além da energia, vai garantir emprego no Brasil inteiro, coloca a indústria nacional para trabalhar, dá ocupação a projetistas, engenheiros e operários. Claro que isso não é a única solução para o país, mas dá uma movimentada para, na sequência, fazer as grandes obras que o Brasil quer. Hoje, então, a solução seria fazer todas as PCHs, o que faria toda a máquina de engenharia brasileira trabalhar. São obras que já têm licenças ambientais. Seria uma coisa sensacional.
Outra área de atuação da Tradener é o mercado livre. O que espera desse segmento?
O que é preciso é abrir o mercado de uma vez. Na hora que o mercado for aberto, a maioria dos problemas desaparece. E fica bem fácil de resolver as coisas, porque no mercado livre você não pode criar regras. O mercado começará a rodar sozinho. O ministro Bento Albuquerque, quando chegou ao cargo, disse que iria realizar a abertura. Mas já se passaram 100 dias e ainda não foi feito. Para abrir o mercado, basta um decreto. Já existe lei que permite isso.
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