TRIDIMENSIONAL APOSTA EM NOVAS TECNOLOGIAS PARA CRESCER EM ÓLEO E GÁS | Petronotícias




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TRIDIMENSIONAL APOSTA EM NOVAS TECNOLOGIAS PARA CRESCER EM ÓLEO E GÁS

Por Daniel Fraiha / Petronotícias –

A Tridimensional surgiu em 2006, a partir da união de três empresas – hoje são duas sócias apenas -, para disputar os grandes contratos de EPC (Engenharia, Suprimento e Construção, em português), e pretende trazer tecnologias inovadoras para crescer nos setores de óleo&gás e energia. O presidente da companhia, Antonio Müller, que também preside a Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi) e o Centro de Excelência em EPC (CE-EPC), contou que já formaram uma parceria de transferência tecnológica com a empresa britânica DPS, focada em offshore, e também estão negociando com outras três empresas estrangeiras a possibilidade de fecharem acordo para implementar novas tecnologias no setor de óleo e gás brasileiro.

Como surgiu a Tridimensional?

Eu trabalhei por muito tempo no setor de óleo e gás e em EPC. Fui diretor da Promon Engenharia, da Promon Geofísica e também da holding Promon. Fui vice-presidente da ABB Setal Lummus, fui vice-presidente da Inepar, e depois que sai decidi abrir uma empresa de EPC. Tinham duas empresas amigas que tinham interesse, então fizemos a Tridimensional. Na época ela era uma associação da Guimar Engenharia, da AEM serviços de Engenharia e da Mana Engenharia. Mas em um determinado momento a Mana saiu, e hoje é a Guimar Engenharia com a AEM Serviços de Engenharia.

Qual o foco da empresa?

O objetivo específico da Tridimensional é desenvolver empreendimentos em EPC, sendo que temos foco na área de energia, olhando muito para o segmento de óleo e gás. Além disso, pretendemos trazer novas tecnologias para os projetos. Estamos olhando também métodos construtivos diferentes para trazer.

Quais foram os primeiros projetos?

Começamos a apresentar propostas e ganhamos um contrato para fazer uma planta de cogeração na Regap (Refinaria Gabriel Passos), para a Petrobrás. Ela já está funcionando e produz 120 toneladas por hora de vapor, para ser utilizado em processos da refinaria, e 42 MW de energia elétrica. Fizemos desde a parte de projeto, até o comissionamento e a operação assistida, montando em 28 meses, o que espantou até os italianos que forneceram a caldeira. Eles disseram que foi o menor prazo que eles já viram. Além disso, estamos fazendo outro empreendimento na Reduc, e outros contratos estão em discussão.

O foco é o refino?

Além do refino, estamos focando também no offshore. Para isso, estamos formando novas parcerias e pretendemos trazer novas tecnologias para implementar no país. Temos hoje uma parceria muito forte com a empresa inglesa DPS, que é focada em offshore e tem uma tecnologia muito importante de separação de água/óleo/areia, que pretendemos incluir no nosso pacote para fornecer o skid completo.

Qual a diferença dela para as que são utilizadas aqui atualmente?

É uma tecnologia que realmente impressiona pela velocidade, pelas melhores considerações técnicas, por ser mais eficiente, além de ser muito competitiva no preço. Também temos uma outra tecnologia, para a queima de resíduos em plataformas. É um pacote que lá fora já se usa muito, mas no Brasil ainda não é muito difundido. Ao invés de trazer os resíduos para terra, você queima, podendo gerar vapor e energia, o que também é menos poluente.

Tem algum projeto em vista para aplicação dessa tecnologia?

Estamos discutindo uma oportunidade em terra para a queima de resíduo, mas como ainda estamos em negociação, não posso dar detalhes.

Quanto uma tonelada de resíduo pode gerar em energia?

A capacidade dela permite que 200 quilos por hora de resíduo venham a gerar 350 KW. Se for rejeito médico, são gerados 640 KW, porque o resíduo médico tem mais energia do que o convencional.

Estão concorrendo aos módulos dos FPSOs replicantes para a Petrobrás?

Uma decisão que tomamos foi não participar das grandes concorrências de módulos, mas focar em módulos de tecnologia ou módulos diferenciados. Porque muitas companhias que ganham estes pacotes convidam uma ou duas empresas para os projetos, e nós concorremos neste segundo momento.

Das vencedoras da licitação, vocês estão cotando para quais?

Não posso falar os nomes, mas começamos com três.

Qual o corpo de funcionários da Tridimensional?

Chegamos a ter 1.100 pessoas, mas atualmente estamos com cerca de 200, incluindo em torno de 70 que fazem parte do corpo fixo. Além disso, temos todos os ISOs e estamos cadastrados na Petrobrás.

Além da DPS, tem outras parcerias com empresas estrangeiras?

Temos outras três em discussão, duas com empresas americanas e uma com uma norueguesa. Uma delas é para fazer comissionamento de plataformas de perfuração, outra para monitoração de perfuração offshore em grandes profundidades, e outra para fornecimento de engenharia e acompanhamento de construção de plataforma. Mas, como ainda estamos negociando, prefiro não citar os nomes das empresas.

Vocês as representariam aqui?

Não, nós não fazemos representação. Essa parceria com a DPS, por exemplo, envolve um contrato de transferência de tecnologia de cinco anos, então nós fazemos tudo e pagamos pela transferência tecnológica. Em relação à de comissionamento, nós vamos criar uma joint venture com os americanos. Com a norueguesa de engenharia, pretendemos abrir uma empresa local também, com 50% nosso e 50% deles.

A vinda de empresas estrangeiras tem aumentado a competitividade interna no mercado?

Sem dúvida. Eu não sou contra, mas eles terão que se associar com alguém aqui. É bom porque torna as empresas brasileiras mais competitivas e também porque, indiretamente, treina muita gente. Todos os países que cresceram muito tiveram empresas de fora. É a hora de se absorver tecnologia.

Além de empresas, tem percebido muito profissionais estrangeiros querendo emprego no Brasil?

Não tenho visto muito, mas volta e meia eu recebo currículos de pessoas de vários países querendo vir para cá. Mais da América Latina e da Europa.

Como está vendo o mercado atualmente?

O foco está muito em exploração e produção, com uma grande redução em refino neste ano e no início do ano que vem. Isso porque o dinheiro da Petrobrás é limitado, então ela está priorizando a exploração e produção, que tem margens maiores de lucro, para depois investir parte desse lucro no refino. É uma estratégia que faz sentido.

Quanto foi o faturamento da empresa no último ano?

Foi de R$ 77 milhões.

Hoje óleo e gás representa quanto para a Tridimensional?

Eu diria que 90%.

Quais as expectativas de crescimento?

Estamos começando a discutir nosso planejamento estratégico e, como o mercado está passando por um período de rearrumação, queremos ter um crescimento da ordem de 10% em 2013. Mas é importante que o crescimento seja realizado de forma que estejamos bem posicionados e muito com o pé no chão, porque se você cresce muito em pouco tempo, o capital de giro também cresce muito rapidamente. Então é melhor às vezes crescer de 7% a 10% ao ano, porque você passa a ter um maior controle sobre o capital de giro.

Tem planos de expandir para fora do Brasil?

Nessa primeira fase estamos olhando muito o Brasil, mas no futuro, daqui a uns cinco ou seis anos, queremos estar no mercado internacional. Mas antes disso, queremos nos consolidar muito aqui. Depois, quem sabe, podemos até adquirir uma empresa americana de tecnologia.

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