TRUMP CUMPRE PROMESSAS DE CAMPANHA E SETOR NUCLEAR AMERICANO DENUNCIA DEMISSÕES E TENTA CRIAR SENSAÇÃO DE INSEGURANÇA
Deu no New York Times, como diz Gilberto Gil em uma de suas músicas de sucesso. Mas, em tempos em que os maiores jornais, até mesmo aqui do Brasil, nem avaliam ou questionam quando um juiz escolhe o presídio de um réu que ainda nem julgou com mais de uma semana de antecedência, o bom mesmo é deixar as barbas de molho quando se lê uma reportagem que deixa várias pontas de desconfiança. O jornalão americano e o repórter Jamie Smyth Martha Muir estão dizendo que Donald Trump acelerou uma “fuga de cérebros” do órgão de segurança nuclear. A notícia ainda vem com um toque de alarmismo: “aumentando os riscos de futuros acidentes.” Sério? Será mesmo o presidente americano tão irresponsável assim? A reportagem diz que quase 200 pessoas deixaram a US Nuclear Regulatory Commission (Comissão Reguladora Nuclear dos EUA) desde a posse do
presidente em janeiro e o ritmo de saídas de alto perfil mostra poucos sinais de desaceleração com a renúncia do diretor de segurança nuclear da agência e de seu advogado-geral. A matéria não fala sobre as nacionalidades das pessoas que deixaram o órgão e nem sobre as investigações que levaram Trump a demitir o comissário Christopher Hanson(direita) em junho, provocando a renúncia de Annie Caputo no mês passado. Quase metade da equipe de liderança sênior da agência, composta por 28 pessoas, está ocupando cargos interinos, e apenas três dos cinco cargos de comissário da NRC estão preenchidos. O governo acredita que o movimento de descrédito está sendo feito pelo partido democrata e por interesses contrariados de alguns.
Acredita-se, internamente, que Bill Gates, que está construindo uma usina nuclear na América, possa estar por trás desse movimento. Espalha-se informações sem comprovação de que os cargos seriam preenchidos por indicações políticas e que seria um “jogo perigoso” que poderia resultar em problemas dentro de mais alguns anos, já que quase duas dezenas de novos reatores estão em desenvolvimento. A saída em massa de funcionários pode estar ligada ao aumento de oportunidades no setor privado devido ao crescimento das atividades nucleares em todo mundo. Menos no Brasil. A repetição da estória do cavalo Rei. Um homem promete que vai fazer o cavalo do Rei falar em dez anos. O Rei acredita e o remunera com ouro, mas o homem sabe que, em dez anos, ele, o cavalo ou Rei irá morrer. É o mesmo processo dos “terroristas climáticos” dizendo que nos próximos 100 anos o mar vai subir dez metros com o degelo do Ártico causado pelo aquecimento global.
Lá como cá, a grande imprensa faz uma série de conjecturas para se chegar a um denominador de seus interesses. Como a matéria afirmando que, desde que assumiu, Trump tem buscado o controle sobre agências regulatórias independentes. Depois faz um link afirmando que em fevereiro, assinou uma ordem exigindo que “as chamadas” agências independentes submetam todas as ações regulatórias significativas à revisão. Diz ainda que ele demitiu funcionários de alto escalão em múltiplas agências, incluindo a NRC, a Comissão de Oportunidades Iguais de Emprego e a Junta Nacional de Relações Trabalhistas, para culminar com a informação de que esta semana queria demitir a diretora do Federal Reserve, Lisa Cook. Aparentemente tudo se encaixa. Mas o que o presidente está fazendo mesmo é cumprindo a sua plataforma de campanha.
A reportagem traz ainda uma entrevista com Allison Macfarlane (direita), que presidiu a NRC de 2012 a 2014, dizendo querendo trazer mais insegurança para o setor ao afirmar que “o modelo de startup, que agem rápido e quebram coisas. Isso não funciona na energia nuclear. Muitos querem vender seus reatores no exterior, mas quem vai confiar mais na NRC?” A Westinghouse que corre o mundo para vender seus reatores nucleares deve ter ficado bem feliz com este toque de classe. Um porta-voz da NRC disse que gerentes experientes e tecnicamente qualificados estão desempenhando adequadamente funções como diretores interinos de escritório e posições relacionadas, querendo trazer tranquilidade ao mercado.
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