UNIÃO EUROPEIA FECHA ACORDO COM OS ESTADOS UNIDOS PARA REDUZIR DEPENDÊNCIA DO GÁS NATURAL DA RÚSSIA

ORLANDO – Por Fabiana Rocha – Os Estados Unidos disseram nesta  sexta-feira ( 25) que trabalharão com parceiros internacionais para fornecer pelo menos 15 bilhões de metros cúbicos a mais de gás natural liquefeito para a Europa este ano, buscando acabar com a dependência do bloco das exportações russas de energia após a invasão da Ucrânia. “Espera-se que esses volumes adicionais de GNL aumentem no futuro”, disse a Casa Branca em um comunicado. Isso ocorre em meio à crescente preocupação de que os países importadores de energia continuem a encher os cofres do presidente russo Vladimir Putin com as receitas de petróleo e gás diariamente. O presidente americano Joe Biden descreveu o acordo como uma nova iniciativa projetada para “aumentar a segurança energética, a segurança econômica e a segurança nacional”.

Falando ao lado da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Bruxelas, Biden disse que: “Sei que eliminar o gás russo terá custos para a Europa. Mas não é apenas a coisa certa a fazer do ponto de vista moral, vai nos colocar em uma base estratégica muito mais forte. Tudo isso está aproximando ainda mais a União Europeia e os Estados Unidos, e isso é uma vitória para todos nós.” Os EUA e a UE anunciaram a formação de uma força-tarefa conjunta para reforçar a segurança energética da Ucrânia e da UE no próximo inverno. A força tarefa de segurança energética será presidida por um representante da Casa Branca e um representante da Comissão Europeia.

Os principais objetivos dessa força-tarefa seriam diversificar os suprimentos de GNL, em alinhamento com os objetivos climáticos, e reduzir a demanda por gás natural. A iniciativa provavelmente exigirá novas instalações na Europa para importação de GNL: “A parceria transatlântica está mais forte e mais unida do que nunca. E estamos determinados a enfrentar a guerra brutal da Rússia. Esta guerra será um fracasso estratégico para Putin”, disse Von der Leyen. “Putin está tentando voltar no tempo para outra era – uma era de uso brutal da força, de política de poder, de esferas de influência e repressão interna. Estou confiante de que ele vai falhar. Estamos trabalhando juntos para forjar um futuro pacífico, próspero e sustentável. E eu sei que vamos ter sucesso”, acrescentou.

A Casa Branca disse que a UE trabalhará com o objetivo de garantir, até pelo menos 2030, a demanda por aproximadamente 50 bilhões de metros cúbicos por ano de GNL extra dos EUA. Isso também será feito com o entendimento de que os preços devem refletir os fundamentos do mercado de longo prazo e a estabilidade da oferta e da demanda. A energia russa é uma importante fonte de renda e influência política para Moscou. Com efeito, a UE recebe atualmente cerca de 40% do seu gás através de gasodutos russos, vários dos quais passam pela Ucrânia.

A receita de petróleo e gás russo foi considerada responsável por cerca de 43% do orçamento federal do Kremlin entre 2011 e 2020, destacando como os combustíveis fósseis desempenham um papel central para o governo russo. A guerra da Rússia com a Ucrânia coincidiu com aumentos acentuados nos preços do carvão, petróleo e gás, à medida que os países lutam para substituir as fontes de energia russas. A pressa em aprofundar ainda mais a dependência da humanidade em relação aos combustíveis fósseis após a crise na Ucrânia provocou um alerta terrível do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres: “Os países podem se tornar tão consumidos pela lacuna imediata no fornecimento de combustíveis fósseis que negligenciam ou rebaixam as políticas para reduzir o uso dessas fontes. E isso é uma loucura: o vício em combustíveis fósseis é uma destruição mutuamente assegurada”, concluiu.