USINAS TÉRMICAS TÊM SOFRIDO COM SOBRECARGA NOS ÚLTIMOS MESES

O longo período de estiagem levou as usinas hidrelétricas a produzirem menos que o normal, para manutenção de um nível mínimo de seus reservatórios, forçando a utilização máxima das usinas térmicas. Processos de manutenção e de troca de peças, que ocorreriam somente daqui a sete ou oito anos, tiveram que ser feito a toque de caixa, para evitar panes que poderiam levar a uma súbita parada dessas usinas.

A necessidade de manutenção, troca de máquinas, peças e demais restrições operacionais fez com que 5.636MW não fossem gerados na última segunda-feira pelo Operador Nacional do Sistema Elétrica (ONS), dos 22,1 mil MW de energia térmica à disposição, representando um corte de 25% da geração térmica.

Esse tipo de corte diário tem ocorrido constantemente nos útlimos 18 meses, equivalendo a toda energia elétrica entregue pelas hidrelétricas de Jirau, Santo Antônio e Teles Pires (2.184 MW, 2.424 MW e 915 MW, respectivamente). Esse volume de energia elétrica poderia abastecer diariamente 23,7 milhões de residências, ou cerca de 90 milhões de pessoas.

As usinas térmicas nacionais não foram projetadas para tamanha demanda, sendo usadas até 2012 pelo governo somente para cobrir, por exemplo, paralisações de grande hidrelétricas ou para preservação de reservatórios de água, mas por períodos curtos de tempo. Entretanto, nos últimos dois anos, essas usinas tiveram que operar muito além da sua capacidade.

Algumas dessas usinas correm risco de fechar o ano no vermelho, já que pelo modelo de contratação dos leilões de energia, mesmo quando paralisadas elas são remuneradas, mas elas se comprometeram a garantir o abastecimento imediato de energia, sempre que necessário. Portanto, com o funcionamento intenso dessas usinas, os operadores têm gasto mais que o previsto com combustível e demais gastos operacionais.

Atualmente, 25% da energia gerada no país vem de usinas térmicas. Para efeito de comparação, em outubro de 2011 a geração térmica representava 9% da energia elétrica nacional. O panorama não parece mudar nos próximos meses, já que dos 23 maiores reservatórios do país, dez registravam esta semana um volume acumulado inferior a 20% de sua capacidade total.