VENDA DE DUAS PLATAFORMAS COMO SUCATA NO ESTALEIRO RIO GRANDE PODE SER ESTRATÉGIA PARA APAGAR ERROS DE PROJETOS
Pode ter muito caroço embaixo do angu da venda das plataformas P-71 e P-72 como sucata. Elas já estavam integralmente cortadas e prontas para serem montadas no Estaleiro Rio Grande, da Ecovix, na cidade de Rio Grande. Precisaria de muita ingenuidade para acreditar que tenha sido normal as vendas das plataformas de petróleo como sucata, exatamente para serem transformadas em lingotes de aço, apesar de vários módulos já estarem montados e prontos para integração. E aqui, há um detalhe grave que merece investigação a fundo para quem se interessa em apurar para saber a verdade: a venda repentina das partes já montadas pode prejudicar futuras investigações, caso haja necessidade, já que a rastreabilidade ficaria prejudicada. Na verdade, seria o fim das provas. Esse detalhe ressalta, até mesmo porque é pública a intervenção judicial no Grupo Engevix e seus contratos com a Petrobrás. E esses bens poderiam valer muito para pagar credores.
A venda de todas as peças dará fim a rastreabilidade dos projetos errados desde o início. Esta espécie de limpeza de “arquivo” teria sido o motivo de se colocar a venda em leilão dos dois navios inteiros, sem qualquer explicação aceitável ou plausível. Os projetos, feitos sob a responsabilidade própria Ecovix, com ajuda em algumas partes do CENPES, conforme apurou o Petronotícias, foram concebidos com erros nos cálculos em avaria (casos de colisões), que comprometeriam a estabilidade das embarcações. Este é um segredo guardado a sete chaves. Há informações até de que o ex-diretor de engenharia à época, José Antônio Figueiredo(foto), tentou obrigar que alguns funcionários da Petrobrás no CENPES, envolvidos nestes projetos, a assinarem documentos que não tinham responsabilidade. Na época, internamente, foi um “Deus nos Acuda”. Problemas que só agora vieram à tona na companhia, mesmo que a boca pequena, revelados em função da venda das plataformas, decidida pela atual diretoria, comandada por Pedro Parente. Alguns importantes membros da cúpula da Petrobrás atualmente, trabalharam com o ex-diretor Figueiredo. Daí, podem ter vindo os conselhos para se vender os dois navios.
Em muitas ocasiões algumas pessoas que estiveram no projeto à época, discutiram o problema dentro do CENPES, mas a força da Engevix junto a diretoria da Petrobrás naquela ocasião, teria sido preponderante para a empresa impor as ideias de projetistas contratados por ela. Os FPSOs não tiveram controle de pesos global, o que poderia ter comprometido a estabilidade, os movimentos e a área de estoque, com a capacidade de armazenagem do petróleo ficando aquém do que era projetado. Com isso o serviço de transbordo do petróleo teria que ser feito muito mais vezes do que se esperava, acarretando custos e prejuízos. O mesmo problema pode ter acontecido em outros FPSOs feitos pela Engevix. Mesmo novos, precisariam interromper operações para manutenção com mais frequência do que os demais.
Criada em 2010, a Ecovic – Engevix Construções Oceânicas S/A era uma subsidiária da Engevix Engenharia responsável por construir navios e oito cascos de plataformas de petróleo para a Petrobrás utilizar em operações de produção, armazenamento e descarga na exploração do pré-sal. Em 2013, 30% da empresa foi vendida para o grupo japonês Mitsubishi Heavy Industries. Em 2016, requereu recuperação judicial, demitindo milhares de trabalhadores em seu estaleiro, em Rio Grande, no Rio Grande do Sul.
Equivocadamente, a própria Petrobrás, através de seu serviço de imprensa, informou que foi ” A responsável pelo projeto de engenharia básica das plataformas P-71 e P-72 foi a própria Petrobrás, através do CENPES.” Mas a verdade é que os gerentes, engenheiros e projetistas da empresa, tiveram pouquíssima participação nos projetos da Engevix. Eles eram mais observadores dos erros. Sabe-se que os seus superiores foram alertados, mas nada podiam fazer pela estrutura política que a empresa vivia na ocasião. Nos projetos dos replicantes a parte naval (casco) foi separada do restante (topside). O topside foi sim responsabilidade do CENPES, mas não há nada que comprove a execução de um projeto básico naval. Pela complexidade requerida para um projeto dessa envergadura, não se pode chamar o trabalho naval do CENPES como sendo um projeto de Engenharia Básica, porque não houve microtratamento de controle de pesos, centro de gravidade, com arranjo mais próximo do definitivo e análise de movimentos indubitável. Os trabalhos navais realizados pelo CENPES ficaram mais para o conceitual, nunca como projeto básico de uma unidade flutuante.
Vir à tona agora um problema desses, seria mais um caos para a empresa. Por isso, ao que consta, segundo uma fonte do Petronotícias, optou-se por vender as plataformas como sucata e jogar a sujeira para baixo do tapete. Ainda assim, é preciso que algumas perguntas sejam respondidas:
1- Por que os contratos foram assinados com um nível pobre de informações para atingir a qualidade desejada no prazo devido?
2- Como os coordenadores e gerentes permitiram esta condição?
3- Por que nos processos de gestão da qualidade, na execução de projetos navais, retiraram estes projetos dos cascos replicantes da extinta Engenharia Básica do Cenpes, que ficou só com os projetos de Topsides padronizados?
O CENPES poderia, e deveria, ao que consta, ter conduzido esta etapa básica dos projetos navais, como sempre foi feito no passado. Com os problemas dos casos mal resolvidos, voltaram-se para o centro de pesquisa da companhia, uma busca de “soluções milagrosas” para quem foi obrigado a ficar de fora do projeto. Estas soluções passam, por exemplo, por equipamentos de ancoragem, já que a área projetada pelo Topside, na vista superior, era maior que a área disponível do casco, segundo apurou o Petronotícias. Passam também pelas dificuldades em fazer aprovar critérios de estabilidade em avaria, por conta de aumentos de pesos, diminuição de estoque de óleo. Se fossem montadas as duas plataformas, haveria problemas também com a fadiga dos risers. O projeto naval do casco poderia interferir diretamente nas questões que têm sido levantadas pela presença de H2S e CO2 no óleo, piorando os resultados. Essas informações técnicas, de passado recente, falam por si e deveriam ser suficientes para interromper o processo de sucateamento relâmpago que se impõem. Deveria ser feita uma investigação técnica minuciosa dos fatos e das mudanças impostas pelos gerenciamentos dos projetos nos últimos anos.
Quando publicamos a matéria sobre a venda das duas plataformas como sucata, em agosto desse ano, falamos que poderia parecer incrível esta notícia, mas era verdade. A Petrobrás, acredite, vendeu como sucata 80 mil toneladas de peças e aço que seriam das duas plataformas, que estavam praticamente prontas para serem montadas. Todo projeto, todo planejamento, todas as compras, o dinheiro que foi investido, a infinidade de horas trabalhadas, se tornaram sucata no Estaleiro Ecovix, em Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Já era absurdo vender como sucata duas plataformas de petróleo, mas agora o caso mergulha num lamaçal que pode envolver muita gente da companhia e da própria Engevix.
A Ecovix não retornou o nosso pedido quanto a ciência sobre autoria do projeto original. A empresa, que era responsável pela construção da P-71 e P-72, está em meio a um processo de recuperação judicial, mas que possui um projeto de reestruturação para equilibrar a sua situação financeira, não está comentando o assunto. Em 2010, a Ecovix venceu a licitação para montar oito plataformas para a Petrobrás. Três ficaram prontas. Com a Operação Lava Jato, a empresa foi considerada inidônea pela Petrobrás, seus dirigentes chegaram a ser presos e hoje a empresa está em recuperação judicial. Em dezembro do ano passado, o contrato foi suspenso e 3.500 metalúrgicos foram demitidos.
Este assunto precisa ser esclarecido. Se houve este desvio técnico, assim mesmo não justifica o sucateamento das unidades. Ocorre que estão tentando encobrir erros relevantes no empreendimento. Isto não é admissível no estágio atual de governança da empresa BR.
Projeto Básico foi da Sueca GVA
3.500 trabalhadores dispensados somente nas últimas etapas de demissões. A empresa chegou a ter aproximadamente 12.000 funcionários, entre próprios e contratados.
Esta reportagem é um absurdo. A P-66 que possui o mesmo projeto está operando com sucesso. O Projeto conceitual aprovado pelo CENPES, o Projeto Básico da GVA (Sueca) foi certificado pela ABS. A Petrobras está terminando a P-69 e P-70 na China. Reportagem mal feita de pessoas mal informadas e, talvez, mal intencionadas.
Prezado…a questão é um pouco mais complexa……requisitos de controle de garantia e Controle da qualidade durante e montagem dos módulos na fabricação não foram atendidos, muitas não conformidades impeditivas etc…. infelizmente.
Esse fato vergonhoso não para por aí. Enquanto estão vendendo a P 71 como sucata no Rio Grande, continuam pagando um contrato para manutenção e preservação dos módulos da mesma P 71 que estão prontos em Maceió. O mesmo ocorre com os equipamentos de altíssimo valor que foram adquiridos para o Comperj. Devem estar em alguma área naval pagando contratos caros de condicionamento e preservação ou abandonados. Nos dois casos não sabem onde, quando, e se algum dia serão utilizados. Bilhões de dólares jogados no lixo e que continuam gerando despesas, milhares de pessoas desempregadas, centenas de pequenas e média… Read more »
Se é tudo um sucesso, se compararmos à P-66, por que não concluem a montagem para que tenha o mesmo sucesso das “semelhantes”? O resultado de tanto sucesso é a sucata?
E as outras questões levantadas pela reportagem, alguém poderia esclarecer?
Isto e discutir o sexo dos anjos! Os replicantes concluídos já estão operando a citada FPSO 66 a primeira a ser entregue pelo estaleiro Rio Grande com certeza teve que sofrer adaptações ao projeto era o primeiro a ser feito mas a detentora do projeto inicial (estaleiros COSCO) esteve sempre presente dando apoio técnico. Atribuir erros de projeto, desqualificar a mão de obra, é esconder as mazelas politica, as propinas os desvios,manobras dos que querem desqualificar o conteúdo nacional para entregar a quem pagar a melhor propina. Sucatear as plataformas com certeza é para poder justificar a compra no futuro… Read more »
Senhores tem algo errado no que estão aqui falando, somente a P-70 (P-71, P-72 e P-73 foram cancelado pela Petrobras) foi vendida como sucata, entorno de 240 blocos, mas isso aconteceu por existe a maldita Ação Politica, ou seja, qual o Partido Politico no Brasil aceita dar andamento a posição anteriores tomadas pelo outro, eu não admiro a politica do PT, mas por que o PMDB e Petrobras não terminaram a P-70 que estavam dentro do Dique Seco e vão comprar da China!! Como um colega anterior falou o projeto é o mesmo da P-66, que já esta em alto… Read more »