VENDA DE COMBUSTÍVEIS ESCONDE ESQUEMA SOFISTICADO DE INTELIGÊNCIA DO PCC E É REVELADO PELA MAIOR OPERAÇÃO POLICIAL DA HISTÓRIA DO PAÍS
A Polícia Federal lidera a maior operação policial da história brasileira para atacar um esquema criminoso de proporções gigantescas envolvendo combustíveis e a maior facão criminosa do país, o PCC, “elevada” para a categoria de Grupo Terrorista. O esquema é tão sofisticado que não dá para imaginar que a origem tenha sido nas favelas, mas em escritórios de inteligência que parecem envolver crime transnacional. Coincidência ou não, foi depois disso que as autoridades federais brasileiras agiram e colocaram em ação a Operação Carbono Oculto, com prisões e apreensões, atuando contra um crime que todos sabiam. As investigações revelam até autorizações da ANP para empresas criminosas funcionarem, sem que a agência tivesse conhecimento real desses crimes, é bom dizer. É uma operação nacional contra o alto crime organizado. A quadrilha como a máfia dos combustíveis. O PCC usava mais de mil postos de combustíveis em dez estados e controlava 40 fundos de investimentos para lavar dinheiro, segundo a Receita Federal.
A Operação Carbono Oculto já devia estar sendo preparada, mas se mostrar para vida real foi só agora, depois da pressão americana. No total, são 350 alvos de busca e apreensão, entre pessoas físicas e empresas em sete estados. Os mil postos ficavam nos estados de São Paulo, Bahia, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Maranhão, Piauí, Rio de Janeiro e Tocantins. Segundo a Receita, o esquema de lavagem de dinheiro incluía desde empresas formuladoras de combustíveis até os postos, tanto na venda de álcool, gasolina e diesel quanto nas lojas de conveniência que ficam nesses locais.
Os valores eram inseridos no sistema financeiro por meio de fintechs e, por fim, o dinheiro de origem ilícita era reinvestido em negócios e propriedades por meio de fundos de investimentos. Tudo começava no setor de combustíveis. De acordo com as investigações, entre 2020 e 2024, as empresas formuladoras de combustível ligadas ao PCC importaram R$ 10 bilhões em nafta, hidrocarbonetos e diesel, usando dinheiro ilegal da facção. Formuladoras de combustível são empresas autorizadas pela Agência Nacional do Petróleo, a misturar hidrocarbonetos e outros componentes para produzir gasolina e óleo diesel.
Essas empresas sonegavam impostos — que totalizaram R$ 8,67 bilhões — e também adulteravam combustíveis distribuídos nos postos. Ainda de acordo com as investigações, as lojas de conveniência e as administradoras desses postos, participavam do esquema. Mais de mil postos em dez estados eram usados pela organização criminosa. Os valores que os postos recebiam em dinheiro ou cartão eram destinados ao PCC, totalizando R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024, com um recolhimento de impostos incompatível com o que ganhavam. A Receita Federal multou os locais em R$ 891 milhões.
O dinheiro do setor de combustíveis chegavam ao sistema financeiro por meio de fintechs. Uma delas atuaria como um banco do PCC, movimentando impressionantes R$ 46 bilhões de 2020 a 2024. As mesmas pessoas controlavam outras instituições de pagamento menores, usadas para criar uma dupla camada de ocultação. A fintech recebia tanto os valores das máquinas de pagamento em cartão como dinheiro em espécie, que somaram, somente entre 2022 e 2023, mais de R$ 61
milhões, em 10 mil depósitos. Com certeza não é um bandido da favela que organizou esse esquema. Há inteligência e muita inteligência por trás do esquema e comandando tudo. As fintechs usavam uma conta que é aberta em nome da própria empresa financeira. Os recursos de todos os clientes circulam juntos e assim elas faziam a distribuição de dinheiro entre as distribuidoras e os postos de combustíveis, e também para as empresas e fundos de investimentos administrados pelo PCC. A facção também usava essas fintechs para pagar seus integrantes. A BK Instituição de Pagamento é apontada como a principal instituição de pagamento envolvida no esquema.
O que era reinvestido em negócios e propriedades por meio de fundos de investimentos. Segundo a Receita, ao menos 40 fundos de investimentos, de multimercado e imobiliários, eram controlados pelo PCC. O patrimônio gerido pela organização chega a R$ 30 bilhões. Segundo as investigações, esses fundos são fechados e têm um único cotista, geralmente outro fundo de investimento, o que cria uma teia complexa de sócios que gera mais camadas de ocultação. Os fundos chegaram a comprar um terminal portuário, quatro usinas produtoras de álcool, além de 1.600 caminhões para transporte de combustíveis e mais de 100 imóveis. Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), as usinas envolvidas são a Usina Itajobi, Carolo, Furlan e Rio Pardo, todas no interior do estado, e o grupo Copape e Aster é um dos principais alvos.
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