VENDAS DE CIMENTO CRESCEM EM JANEIRO EM RELAÇÃO A 2022, MAS CENÁRIO PARA A INDÚSTRIA AINDA É DE PREOCUPAÇÃO
As vendas de cimento insumo no Brasil em janeiro totalizaram 4,9 milhões de toneladas, um aumento de 6,3% em relação ao mesmo mês de 2022 e de 7,9% frente a dezembro, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC). A venda por dia útil – que considera o número de dias trabalhados e tem forte influência no consumo – de 201 mil toneladas no mês de janeiro representa um aumento de 2,4% comparado ao mesmo mês do ano anterior e de 8,1% em relação a dezembro de 2022. Apesar do bom desempenho, o resultado requer uma avaliação cautelosa. Verificamos que o considerável crescimento tem como principal origem uma base ainda bastante fraca registrada tanto em janeiro como dezembro que tiveram os piores desempenhos do ano passado.
Ainda assim, o setor segue impactado pelas incertezas da situação econômica do Brasil. As altas da inflação e dos juros, o endividamento das famílias – que só deve se alterar com a sustentação da recuperação do mercado de trabalho – apontam para um horizonte ainda preocupante. O mercado da construção continua em queda, tanto na venda de materiais, quanto no número de financiamentos imobiliários, fazendo com que o índice de confiança do setor registrasse a quarta queda consecutiva, resultado da piora no ambiente de negócios, diante da possibilidade de manutenção das taxas de juros em níveis elevados por mais tempo. O pessimismo também é verificado pelo consumidor, que permanece reduzindo as intenções de compras para os próximos meses. Ainda que o cenário não seja favorável, a indústria do cimento segue otimista com a retomada dos investimentos em infraestrutura e com a possibilidade de elevar a presença do cimento em programas habitacionais e saneamento e do pavimento de concreto como opção nas licitações de ruas, estradas e rodovias.
Há uma efetiva movimentação da equipe governamental incorporando novos modelos arquitetônicos e recursos destinados a impulsionar o programa Minha Casa, Minha Vida. De qualquer forma, o reflexo dessas mudanças deve ser sentido na demanda de cimento e de materiais de construção apenas no segundo semestre.
“Em razão de uma base mais fraca em 2022 devemos ter resultados positivos no início de 2023. Apesar do crescimento no período temos que ter cautela. O grande desafio do setor do cimento diante de um ano tão imprevisível será assegurar um crescimento de 1%, atingindo um patamar próximo a 64 milhões de toneladas, e nos trazer de volta a uma trajetória de expansão de comercialização sustentável do produto, contribuindo para o desenvolvimento do país”, disse o Presidente do SNIC, Paulo Camillo Penna.
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