VESTAS DEFENDE NOVOS LEILÕES DE EÓLICAS PARA GARANTIA DE COMPETITIVIDADE NO BRASIL | Petronotícias




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VESTAS DEFENDE NOVOS LEILÕES DE EÓLICAS PARA GARANTIA DE COMPETITIVIDADE NO BRASIL

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

Rogerio Zampronha VestasA dinamarquesa Vestas, fabricante de turbinas eólicas, vem conquistando diversos contratos no Brasil, que já representa seu oitavo maior mercado no mundo, e vê um grande potencial de crescimento no País, mas ressalta que para isso é fundamental um planejamento de longo prazo. O presidente da empresa, Rogério Zampronha, destaca o avanço da energia eólica como uma fonte importante no Nordeste, onde já chegou a responder por 40% da carga média, em outubro do ano passado, e enfatiza a necessidade de um cronograma seguro de leilões – bandeira similar à que por muito tempo defendeu a indústria de óleo e gás –, como forma de garantir às empresas do setor uma maior previsibilidade de planejamento. “No ano passado, vimos o Leilão de Energia de Reserva (LER) ser cancelado e isso causou certa frustração para o setor. O baixo nível de contratação atual poderá afetar os fornecedores e toda a cadeia. Vale destacar que a manutenção da competitividade do mercado eólico é proporcional ao nível de investimentos. Um mercado estável é a chave para assegurar o incentivo a esses investimentos e garantir o futuro saudável de toda a cadeia”, afirma.

– Quais os principais projetos da Vestas em desenvolvimento no Brasil?

O Brasil é o oitavo maior mercado da Vestas em contratos firmes. Fechamos 2016 com 371 MW contratados em energia eólica no país. Em 2015, anunciamos 376 MW em pedidos firmes e incondicionais. Todas essas encomendas são para a nossa fábrica em Aquiraz, no Ceará, inaugurada em janeiro de 2016, para a produção da turbina V110 2.0/2.2 MW, que foi eleita a melhor turbina do mundo em 2015 pela Windpower Monthly. Os nossos principais e mais recentes projetos estão espalhados pelos parques eólicos Ventos da Bahia e Morro do Chapéu, ambos na Bahia, além de Pedra Rajada I e II e Cabeço Vermelho I e II, no Rio Grande do Norte. No mesmo estado, inclusive, inauguramos há quatro meses o nosso Centro de Serviços, que visa otimizar o atendimento de parques eólicos na região que usam tecnologia Vestas, como também os que não usam tecnologia da companhia.

– Quais as maiores oportunidades no setor eólico nacional na visão da empresa?

O setor de energia eólica cresceu 46% no ano de 2015, em contraste com os 3,8% negativos do PIB. Mais de 130 mil empregos já foram gerados – só em 2015 foram 40 mil e, em 2016, outros 30 mil. No último ano, o investimento em eólica foi de R$ 5,3 bilhões, representando 78% do total investido em energias renováveis. A fonte é ainda responsável por reduzir a emissão de 18.675.835 toneladas de CO² por ano, o que equivale a tirar 11 milhões de automóveis das ruas brasileiras. Além de ter baixíssimo impacto nos ecossistemas locais, a eólica permite o uso produtivo de praticamente toda a área em que é instalada e tornou-se a segunda fonte de energia mais competitiva do mercado, perdendo apenas para grandes hidrelétricas. Afortunadamente, o maior potencial de expansão se encontra no interior do Nordeste, especialmente no semiárido, uma das regiões de menor desenvolvimento econômico do Brasil. Esta coincidência geográfica é muito valiosa, pois faz com que a instalação dos parques eólicos contribua para o processo de desenvolvimento social e econômico da região.

– Como ela impacta o sistema nacional?

A implantação da fonte eólica na base do sistema energético substitui as usinas térmicas, que são caras e poluentes, gerando um benefício líquido a todo sistema, principalmente em anos de hidrologia desfavorável, como o que temos vivido. A eólica contribui para a segurança do suprimento de energia no país. Não fosse essa fonte, a região Nordeste teria entrado em racionamento nos últimos dois anos. E são também vários os benefícios socioambientais: fixação do homem no campo, ganhos com arrendamentos de terras, possibilidade de atividade complementar (agricultura e geração de energia), redução da pobreza em áreas de grande carência de investimentos, otimização do parque gerador nacional, contribuição para tarifas mais baratas de energia, etc.

– Quais os pontos positivos e os negativos de fabricar no Brasil? A empresa tem planos ou interesse de usar a base brasileira para exportar para outros países?

O Brasil tem uma vocação natural para a energia eólica, por conta de seus ventos, que são favoráveis para a geração de energia por essa matriz. Aqui, a energia eólica já atingiu a marca de 11 GW, no entanto, há estudos que apontam que o país poderia gerar até 500 GW. Para isso, os investimentos na contratação de novos projetos – com a realização de leilões de energia renovável, por exemplo – são fundamentais. Em relação aos nossos planos futuros, como somos uma empresa de capital aberto na Dinamarca, não podemos abrir esses detalhes da operação.

– Quais as regiões do país que devem gerar mais negócios para a Vestas nos próximos anos?

Como disse na questão anterior, como a Vestas é uma empresa de capital aberto, não podemos abrir esse tipo de informação. O que posso dizer é nós acreditamos e apostamos no potencial brasileiro. Temos entregas importantes para este ano e estamos focados neste trabalho.

– Quais os maiores desafios do setor eólico brasileiro atualmente?

O setor energético brasileiro precisa de um planejamento em longo prazo para que possa se desenvolver de forma saudável. No ano passado, vimos o Leilão de Energia de Reserva (LER) ser cancelado e isso causou certa frustração para o setor. O baixo nível de contratação atual poderá afetar os fornecedores e toda a cadeia. Vale destacar que a manutenção da competitividade do mercado eólico é proporcional ao nível de investimentos. Um mercado estável é a chave para assegurar o incentivo a esses investimentos e garantir o futuro saudável de toda a cadeia.

As usinas hidrelétricas produzem 61% da energia no Brasil. Isso resulta em uma dependência complicada, com consequências vivenciadas em 2014 e 2015. Diante das secas que deixaram o país em estado de alerta para apagões, o Brasil foi obrigado a colocar em funcionamento as usinas termoelétricas, com a produção mais cara e suja. Assim, fica claro que as fontes eólicas são uma alternativa para que o gargalo de energia seja solucionado a tempo de evitar colapsos atuais e futuros.

Em outubro do ano passado, por exemplo, 40% da carga média do Nordeste veio de energia eólica, significando um recorde para esse tipo de geração, que foi de 3.8 MW. O resultado é ainda mais expressivo se considerarmos a baixa dos reservatórios por conta de menor quantidade de chuva nos últimos três anos, que poderia comprometer o abastecimento elétrico. Portanto, a energia combinada possibilitou uma maior segurança ao sistema da região e é uma prova da necessidade de manter energia renovável de reserva.

– O que poderia ser feito para impulsionar esse mercado no Brasil?

Novos leilões são essenciais para o futuro do mercado de energia eólica no Brasil. É importante que os problemas da matriz brasileira sejam olhados hoje para resolver não apenas o que acontece atualmente, mas também os problemas que podem surgir. O consumo deve aumentar nos próximos anos e, no ritmo atual, a matriz não atenderia a nova população consumidora. O investimento no setor eólico é ainda o caminho para que o Brasil possa assegurar 23% de energia renovável na matriz energética até 2025, compromisso assumido na COP 21.

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