WOOD MACKENZIE PROJETA PICO DE EMISSÕES NA AVIAÇÃO NO FINAL DESTA DÉCADA E PARTICIPAÇÃO DE ATÉ 50% DO SAF EM 2050
Com a previsão de que o tráfego aéreo mundial quase triplique até 2050 em relação aos níveis de 2015, o setor de aviação enfrenta um desafio crucial: como atender ao aumento da demanda mantendo o compromisso de emissões líquidas zero. O combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) deve desempenhar papel central na redução das emissões, embora ainda persistem dúvidas sobre sua escalabilidade, custo e impacto de longo prazo. Uma nova análise da Wood Mackenzie indica que as emissões globais da aviação atingem o pico no final da década de 2030. No entanto, atingir as metas de descarbonização exigirá uma transição muito mais ampla para combustíveis de baixo carbono.
A Wood Mackenzie afirma que o SAF poderia suprir até metade da demanda total de combustível da aviação até 2050, caso sejam superadas as barreiras relacionadas à disponibilidade de matéria-prima, desafios tecnológicos e custos elevados. “Ampliar o uso do SAF, em conjunto com outras estratégias de redução de emissões, será essencial para alcançar a neutralidade climática. A trajetória de descarbonização do setor aéreo dependerá de políticas coordenadas, inovação nas rotas de produção e investimentos substanciais em toda a cadeia de valor do SAF”, avalia a Wood Mackenzie.
A nova análise da consultoria traz as perspectivas para os combustíveis de aviação no contexto dos esforços globais de descarbonização, incluindo o compromisso da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) de atingir emissões líquidas zero até 2050.
O número de passageiros e a capacidade da aviação continuam crescendo, mas as melhorias na eficiência dos combustíveis estão ajudando a reduzir o ritmo de expansão do mercado de querosene de aviação. A reestruturação pós-Covid acelerou esses ganhos de eficiência, já que aeronaves antigas e menos econômicas foram permanentemente aposentadas. Inovações tecnológicas, melhorias operacionais e modernização da infraestrutura também contribuem para esse avanço. Como resultado, a demanda por combustível de aviação deve se estabilizar por volta da metade da década de 2040.
Organizações internacionais como a IATA e a Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) estabeleceram metas ambiciosas de redução de emissões, com o SAF previsto para desempenhar papel central, ao lado dos créditos de carbono.
Um número crescente de países vem adotando políticas para o uso de SAF, embora as abordagens variem bastante. Os Estados Unidos têm priorizado incentivos e metas de oferta, enquanto os mercados asiáticos desenvolvem mandatos baseados em volume. Já a Europa busca estimular a demanda. A União Europeia lidera o avanço regulatório global por meio do ReFuelEU Aviation (RFEUA), que estabelece obrigações obrigatórias de mistura de SAF, aumentando gradualmente até 70% em 2050, com pelo menos 35% provenientes de combustíveis sintéticos de aviação (e-SAF). As penalidades por não conformidade são severas — multas de, no mínimo, o dobro da diferença de preço entre o SAF e o combustível fóssil convencional.
O crescimento rápido é esperado na próxima década, impulsionado principalmente pelas rotas de produção de bio-SAF. O processo HEFA (ésteres e ácidos graxos hidroprocessados) domina inicialmente, por ser o mais maduro comercialmente e economicamente viável. No entanto, seu avanço será limitado a partir de 2035 devido à escassez de óleos e gorduras residuais. Outras rotas, como Álcool-para-Querosene (ATJ) e Biomassa-para-Líquido (BTL), devem surgir até o fim desta década, embora enfrentem restrições de matéria-prima e desafios comerciais. Já o e-SAF, derivado de fontes sintéticas, deve ganhar escala nos anos 2030 e expandir-se significativamente nos anos 2040, à medida que as cadeias de suprimento amadurecem e os custos de produção diminuem.

publicada em 7 de outubro de 2025 às 5:00 




