YPF DIVERSIFICA NEGÓCIOS NO BRASIL, ENTRA NO MERCADO QUÍMICO E EXPANDE SUA FÁBRICA NO PAÍS
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
O setor de insumos químicos no Brasil ganhou um pouco dos tons azul celeste e branco da estatal argentina YPF. A operação brasileira da empresa está expandindo o seu horizonte de atuação em nosso país. Conhecida no mercado como uma fornecedora de lubrificantes, a companhia agora alça novos voos na área química, abastecendo o Brasil com produtos como Poliisobutenos (PIB), metanol, xileno, entre outros. A estratégia até aqui tem dado certo e promete ainda gerar muitos novos bons frutos, de acordo com a Gerente Nacional de Vendas da empresa no país, Elaine Quirino. “A ideia da YPF Brasil é ser não apenas mais uma empresa focada no ramo de lubrificantes, mas também uma companhia de energia. Enxergamos uma grande oportunidade nessa área de química”, projeta. Nesta entrevista ao Petronotícias, a executiva conta como está sendo a aceitação da YPF Brasil no mercado químico e explica ainda como a empresa aproveitou as demandas que surgiram em nosso mercado em meio à pandemia. Elaine também fala sobre os recentes investimentos da companhia em sua fábrica brasileira, localizada na cidade de Diadema (SP). A unidade teve a capacidade de produção de lubrificantes ampliada e, no futuro, poderá eventualmente passar a produzir também insumos químicos – que atualmente são importados da matriz argentina. “Tudo depende de como vamos evoluir com os produtos que estamos colocando no mercado. Mas, por enquanto, nós estamos trazendo os produtos [químicos] da Argentina”, detalha. Por fim, a entrevistada destacou ainda a possibilidade de desenvolver novos produtos para o mercado brasileiro e cita as expectativas promissoras de crescimento no país: “Quando falamos de uma média geral, levando em conta todos os nossos negócios, prevemos um crescimento em torno de 15% para este ano”.
Para começar nossa conversa, gostaria que nos contasse sobre a oportunidade que a YPF Brasil viu no mercado de insumos químicos.
Uma das estratégias da nossa empresa é a diversificação de negócios aqui no país. Hoje, a YPF no Brasil é mais conhecida por sua atuação no segmento de lubrificantes. No entanto, nossa matriz na Argentina também é uma companhia grande em outros negócios. Por isso, a ideia da YPF Brasil é ser não apenas mais uma empresa focada no ramo de lubrificantes, mas também uma companhia de energia. Nós enxergamos uma grande oportunidade nessa área de química. Hoje, os concorrentes diretos nesse segmento no Brasil são poucos. A maioria de nossos clientes compra esses produtos através de importação, o que acaba impactando os seus respectivos serviços.
Quais são os resultados da YPF Brasil até aqui com essa diversificação de negócios?
Entramos no segmento de química do Brasil neste ano e já tivemos uma aceitação de prontidão dos nossos produtos. A nossa entrada no mercado aconteceu com a oferta do PIB. Eu costumo dizer que o PIB é um “produto camaleão”, pois se adapta aos mais diversos segmentos e canais. Em seguida, passamos a ofertar também o metanol, que é mais utilizado nas usinas, mas também é procurado por grandes indústrias. Agora, voltamos a expandir o nosso portfólio, passando a ofertar também os solventes.
Diante disso, posso dizer que o nosso resultado está acima das expectativas. Achávamos que ficaríamos inicialmente apenas com o PIB. Porém, a demanda dos clientes brasileiros foi além, alcançando novos produtos. A tendência agora é que, cada vez mais, a YPF Brasil complemente seu portfólio para atender melhor o consumidor do país.
Qual foi o impacto da pandemia nos negócios da empresa?
A pandemia foi e ainda é um problema no Brasil e no mundo. Mas, apesar da Covid-19, nossa empresa conseguiu ir adiante. A companhia cresceu nos últimos quatro anos. Mesmo nos momentos de queda do mercado de lubrificantes, conseguimos um crescimento entre 15% e 19%. Eu costumo dizer que andamos na contramão. O trabalho está sendo no sentido de fazer com que a empresa se reinvente, saindo de sua zona de conforto.
Como eu já disse anteriormente, a nossa expectativa é cada vez mais transformar a YPF Brasil em uma empresa de energia. Queremos ter a relevância nesse segmento, assim como a nossa matriz. A YPF na Argentina trabalha nos canais de lubrificantes, mas também em combustíveis, agro e química. A ideia é que nos espelhemos um pouco em nossa matriz, trazendo novos negócios para o Brasil.
Hoje, no geral, as empresas estão muito focadas em não ter prejuízo. A YPF, por sua vez, está tendo uma grande oportunidade. Como os resultados estão sendo muito bons, temos a liberdade de fazer novos investimentos. Nossa fábrica em Diadema está sendo totalmente transformada. Fizemos várias mudanças para ampliar nossa capacidade de produção de lubrificantes. Também fizemos investimentos em depósitos diferenciados para trazer [da Argentina] os produtos de química e agro. As expectativas de crescimento da YPF no Brasil são muito boas. Estamos conseguindo crescimento em cima de crescimento. O trabalho está sendo muito gratificante.
Seria interessante se pudesse detalhar um pouco mais esses recentes investimentos feitos pela empresa em sua fábrica brasileira.
A fábrica de Diadema produz lubrificantes e também os produtos direcionados para agro. Os produtos relacionados com a parte química são trazidos da Argentina e estocados regionalmente.
Os investimentos na fábrica foram feitos visando a ampliação da capacidade de produção. Com isso, conseguimos triplicar o nosso volume de vendas. Investimos em novos tanques, máquinas mais modernas, linha de envasamento, robótica, entre outros pontos.
Além disso, também fizemos investimentos nos funcionários com treinamento e capacitação. Andando na contramão do mercado, que acabou demitindo muitas pessoas por causa da pandemia, a YPF Brasil fez novas contratações para atender ao nosso crescimento no volume de vendas.
Se o negócio da YPF Brasil na parte química continuar crescendo, a empresa pode eventualmente também investir em produção local desses produtos?
Como ainda é um negócio novo para nós e ainda estamos entrando nesse mercado, é mais vantajoso atualmente trazer o produto de fora. Temos a facilidade de ter a matriz da YPF aqui do lado, permitindo trazer os produtos, fazer os testes e verificar a aceitação do mercado. Assim, conseguimos ter um estoque bem participativo dentro do Brasil.
A YPF Brasil entrou nesse setor com a intenção de verificar o mercado. Mas estamos vendo que o nosso crescimento está em uma velocidade muito acima do que esperávamos. Com isso, sim, temos uma estratégia e um desejo de produzir os produtos regionalmente. Mas tudo depende de como vamos evoluir com aquilo que estamos colocando no mercado. Por isso, por enquanto, estamos trazendo os produtos da Argentina.
E quais são as perspectivas de crescimento da empresa no Brasil?
Mundialmente, o segmento de química sofreu com a pandemia. Esse setor já apresentava sinais de escassez de produtos específicos. Hoje, o mercado de química em si tem uma tendência de crescimento de cerca de 5% ainda neste ano. Para 2022, a tendência é que esse número seja bem maior. Óbvio que tudo isso depende também da melhoria da atividade econômica.
Além disso, as empresas consumidoras desses produtos químicos tendem a ficar mais próximas de seus distribuidores, com o objetivo de reverter essa situação de falta de produtos. Por isso, a YPF Brasil tem uma grande oportunidade de crescimento, ocupando um papel de fornecedor regional. Todo o crescimento da nossa empresa em química será praticamente de 100%, porque iniciamos nesse segmento em 2021.
Queremos aumentar o nosso portfólio de química e verificar cada vez mais a tendência desse mercado no país. A YPF planeja entender as necessidades do Brasil e quais são os produtos específicos demandados. Para isso, estamos realizando vários estudos e análises. A empresa dispõe de diversos engenheiros e químicos que estão trabalhando nessa análise de portfólio. Além disso, desejamos ser competitivos em termos de preço e aproveitar a demanda do consumidor brasileiro. Temos a possibilidade de desenvolver outros produtos de necessidade brasileira, até por causa dos nossos laboratórios e da nossa equipe de químicos.
No setor de agro, tivemos um crescimento muito expressivo no ano passado. Aliás, agro é o canal que mais cresce no Brasil e no mundo. Temos uma tendência de elevação entre 15% e 20% nesse segmento. Por fim, em lubrificantes, já estamos vindo de uma tendência de evolução. A empresa está crescendo cerca de 20% nos últimos anos nessa área, indo na contramão de um mercado que só cai.
Quando falamos de uma média geral, levando em conta todos os nossos negócios, prevemos um crescimento em torno de 15% para este ano.
Por fim, gostaria de ouvir como a YPF avalia a importância do mercado brasileiro em seus negócios.
O Brasil é muito relevante no nosso negócio, até porque possui muitas montadoras. O país está com dificuldades por causa da pandemia. Vários estados foram fechados e ainda temos alguns locais com dificuldades. Isso, claro, se reflete totalmente no nosso segmento e na economia brasileira como um todo. Mesmo assim, o Brasil é extremamente importante no desenvolvimento da nossa empresa. Há uma tendência da frota brasileira crescer absurdamente.
O que enxergamos é fazer da YPF uma fornecedora local do Brasil, de forma que as empresas não dependam tanto da importação. Vemos uma grande tendência de crescimento em todos os nossos canais. A YPF no Brasil está trabalhando na evolução tecnológica para melhor atender os consumidores do país e aproveitar essa oportunidade de mercado.
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