PROCURADOR QUE VAI INVESTIGAR POLÍTICOS ENVOLVIDOS EM ESCÂNDALOS DA PETROBRÁS DEFENDE PUNIÇÕES MAIORES PARA CRIMES ECONÔMICOS
Douglas Fischer (foto) é o nome do homem que comandará as investigações de suspeitos com foro privilegiado envolvidos nas acusações da Operação Lava-Jato. Atualmente, Fischer trabalha como coordenador da Assessoria Jurídica de Rodrigo Janot, o procurador-geral da República. Mestre em Instituições de Direito e do Estado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), além de ter lecionado Direito Penal e Direito Processual Penal, o gaúcho da cidade de Três de Maio será responsável por liderar um grupo de investigadores na etapa que promete ser a mais bombástica da Operação Lava-Jato: as investigações relacionadas aos políticos que participaram do esquema de corrupção na Petrobrás.
Em seu perfil teórico, Fischer crê que um dos principais problemas no Brasil é a sensação de impunidade. Apesar disso, ele também acredita que há uma superpopulação carcerária e que um dos problemas é a contradição entre ter atrás das grades gente que não deveria estar presa, e pessoas que precisariam estar na cadeia, soltas. O procurador ainda defende uma nova política de cumprimento de penas, com a modificação de quem deve ou não ser encarcerado. Por fim, o procurador luta por uma redefinição do sistema penal, que inclui uma maior punição a crimes de natureza econômica e financeira.
O grupo é formado por, além de Fishcer, Vladimir Aras (procurador regional da República), Bruno Calabrich, Rodrigo Telles de Souza, Fabio Coimbra (procuradores gerais da República) e Wilton Queiroz e Sergio Fernandes (promotores de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios). Baseada principalmente nas acusações do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, a investigação deve durar até seis meses, podendo ser prorrogada.
Fischer assumirá uma função parecida com a do famoso investigador Eliot Ness, líder do grupo que ficou conhecido como “Os Intocáveis”. Ness comandou um grupo de homens que investigou a fundo todo o esquema de contrabando e domínio de Al Capone na cidade de Chicago no começo do século XX. Dando declarações a cada nova descoberta sobre os negócios de Capone, o agente conquistou a colaboração popular para suas investigações. Ainda assim, foi muito confrontado pelos criminosos. Ness não recuou, porém, e, mesmo após o assassinato de alguns de seus investigadores, asfixiou as vias comerciais de Capone e conseguiu a sua prisão por sonegação de impostos.
Se Elliot Ness precisou de muita perseverança para deter Capone, nada diferente deve ser exigido de Fischer. O ex-diretor Paulo Roberto Costa citou mais de 30 nomes de políticos com envolvimento nos escândalos, enquanto o doleiro apontou mais alguns, entre senadores, deputados, ministros e governadores – estes últimos só podem ser investigados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O grupo comandado pelo doutor do Rio Grande do Sul não confrontará apenas os agentes políticos acusados, como também os braços de comunicação e poder ligados a cada um deles (e que explicam também como muitos conseguem voltar à Brasília em toda eleição).
Quem assumiu papel semelhante em outra investigação que envolvia agentes políticos influentes foi o promotor argentino Alberto Nisman, que apresentou denúncias contra a presidente Cristina Kirchner. Um dia antes de detalhar suas acusações contra a mandatária, Nisman foi encontrado morto em seu apartamento, com um tiro na cabeça. Sem encontrar vestígios de pólvora na mão do corpo, as investigações trabalham com as hipóteses de suicídio (induzido ou não) e de assassinato. Sua denúncia, revelada detalhadamente após sua morte, indica que Cristina negociava com o Irã para facilitar a vida de terroristas em um julgamento por um atentado em 1994, em troca de negócios pelo petróleo iraniano.
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