PAULO ROBERTO DIZ TER RECEBIDO US$ 1,5 MILHÃO POR PASADENA E CERVERÓ TEM NOVA PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA

Paulo RobertoExposta desde o início das denúncias de corrupção, a Petrobrás vê diariamente novas informações perturbadoras sendo reveladas. Na noite de quinta (22), o depoimento de Paulo Roberto Costa no andamento processual da Operação Lava Jato, que investiga esquema de desvio de dinheiro da estatal, trouxe algumas novas revelações. Entre elas, ele diz que recebeu US$ 1,5 milhão para facilitar a compra da refinaria de Pasadena. No mesmo dia, o juiz federal Sérgio Moro, titular do processo, decretou um novo mandado de prisão preventiva contra o ex-diretor da área Internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró.

O depoimento de Paulo Roberto Costa foi em setembro do ano passado, à Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Nele, o antigo executivo também afirmou que os boatos dentro da companhia apontavam um valor entre US$ 20 milhões e US$ 30 milhões a serem divididos pelo “grupo de Nestor Cerveró”, formado pelo ex-diretor internacional e pelo lobista Fernando Baiano, apontado como braço do PMDB no esquema. O próprio Fernando Baiano se encontrou com Paulo Roberto, segundo o delator, em Liechtenstein, no Vilartes Bank, onde ele acredita ter sido depositada a propina.

O ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse também que  Fernando Baiano  trabalhava com um operador que morava na Suíça chamado Diego. A informação se tornou pública quando a Justiça do Paraná disponibilizou parte do depoimento que Costa concedeu em sua delação premiada. Foi a primeira vez que apareceu o nome de um operador do esquema no país, onde se suspeita que esteja parte do dinheiro desviado da Petrobras em esquema de corrupção investigado na Operação Lava Jato.

A nova prisão preventiva emitida contra Nestor Cerveró não tem efeito prático, dado que o ex-diretor já se encontra preso desde 14 de janeiro na superintendência da Polícia Federal, na capital paranaense, onde tramitam os inquéritos e ações penais oriundos da operação. Ele é acusado de crimes como corrupção e lavagem de dinheiro entre 2006 e 2012. O novo mandado foi emitido porque o primeiro havia sido emitido por um juiz plantonista, devendo ser reexaminado pela juiz titular do processo.

Cerveró e Paulo Roberto Costa são peças de muita importância na controversa compra da refinaria de Pasadena. A Astra Oil, empresa que vendeu a refinaria para a Petrobrás, foi apontada como pagante dos valores repassados para os diretores da companhia. A empresa Belga comprou a refinaria de Pasadena em 2005 por US$ 42,5 milhões. No ano seguinte, o Conselho de Administração da Petrobrás, à época presidido pela atual presidente Dilma Rousseff, aprovou a compra de 50% das ações da refinaria americana por US$ 360 milhões, US$ 190 milhões pelas ações e US$ 170 milhões pelo petróleo de Pasadena.

Em 2008, a Astra Oil e a Petrobrás se desentenderam por causa dos investimentos na refinaria. A empresa belga, então, entrou na Justiça contra a estatal brasileira requisitando que a Petrobrás adquirisse os 50% restantes das ações. No contrato assinado pelas empresas havia uma cláusula Put Option, que determina, em caso de briga entre os sócios, que a outra parte seja obrigada a ficar com todas as ações. Além dessa cláusula, uma outra, Marlim, garantia lucro anual de 6,9% à Astra Oil. A Petrobrás, em 2012, foi forçada judicialmente a comprar por US$ 820,5 milhões a metade restante dos ativos da refinaria.

A aprovação da compra, ainda em 2006, é controversa. Hoje em dia, a presidente Dilma Rousseff afirma que só aprovou a compra porque um resumo técnico “falho” e “incompleto” foi apresentado na reunião do Conselho de Administração que aprovou a compra. A elaboração do documento era de responsabilidade de Cerveró, que teria deixado de fora um relatório de uma consultoria externa que deu parecer contrário à compra da refinaria.

O ex-diretor também afirmou em depoimento que era de conhecimento por parte da diretoria que Pasadena era um refinaria velha e que não era adequada para o refino de petróleo do tipo que a Petrobrás exportava. Mesmo assim, a compra foi aprovada por unanimidade pelo Conselho de Administração. Quanto a outros diretores também receberem propina para facilitar a transação, Paulo Roberto Costa diz não ter conhecimento.

A refinaria passaria por um processo de reforma e as empreiteiras Odebrecht e UTC, investigadas na Lava Jato, seriam contratadas para a obra, segundo depoimento de Paulo Roberto Costa. Essa contratação seria coordenada por Renato Duque, então diretor de Serviços, que chegou a ser preso, e solto posteriormente, na sétima fase da Operação Lava Jato. No entanto, a descoberta de petróleo na camada do pré-sal alterou drasticamente os investimentos da companhia, deixando Pasadena de lado.

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