NAVIUM VÊ HORIZONTE DE OPORTUNIDADES NO MERCADO COM NOVAS OFERTAS DE ÁREAS DA PETROBRÁS
Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) –
O movimento da Petrobrás de abrir mão de campos marginais e considerados menos rentáveis pode ser uma boa oportunidade para exploradoras de menor porte e, ao mesmo tempo, trará novos horizontes também para os prestadores de serviços. O presidente da Navium, Mario Jorge dos Santos, lembra que, no passado, o desenvolvimento das empresas brasileiras começou quando a estatal tomou uma decisão parecida: “A Petrobrás tem uma dimensão muito grande e não cabe a ela ficar explorando um campo com produção de 3 mil, 5 mil barris por dia. Então, abrindo mão disso, outras empresas de menor porte podem trabalhar”, afirmou. Neste momento de crise, a empresa concentra esforços para redução de custos, mas já vislumbra a retomada do crescimento no futuro. “Se acontecerem os leilões com estas áreas, todo esse processo será retomado. Agora, precisa haver garantias de que as regras não vão mudar. Devemos mostrar ao mundo que iremos cumprir com tudo que está sendo colocado“, afirma o executivo.
Quais são os principais negócios em que a empresa está atuando no momento?
A Navium continua na sua linha para instalação de plataformas. Vamos brigar por uma série de projetos em andamento no Brasil. Os projetos da Modec, o MV27 (FPSO Cidade de Caraguatatuba) e o MV29 (FPSO Cidade de Campo dos Goytacazes), por exemplo. Nesse momento, são os que estariam em voga para buscarmos serviços. Esses projetos, na área de navegação, são de leilões anteriores. É o que nós estamos tendo de expectativa para poder passar esse momento. A parte de prestação de serviços caiu muito. Muitos barcos estrangeiros já estão sem contrato e muitos outros estão sendo cancelados. Está havendo até mesmo uma reestruturação na forma de contratação por parte da Petrobrás.
Qual sua opinião sobre o horizonte que se desenha com a venda de alguns campos da Petrobrás, considerados pela estatal como “não rentáveis”?
Isso foi o que me motivou a participar da OTC de Houston deste ano. Porque, durante um evento da UK Trade and Investment no Brasil, em março, a diretora da Agência Nacional do Petróleo, Magda Chambriard, comentou sobre isso e fiquei extremamente satisfeito. Porque foi desta forma que se iniciou o processo de desenvolvimento das empresas brasileiras para a prestação de serviço – não só de instalação, como engenharia – ao setor de óleo e gás. Isso tudo começou com essa situação: a Petrobrás abrindo mão de campos que para ela não eram viáveis economicamente. A Petrobrás tem uma dimensão muito grande e não cabe a ela ficar explorando um campo com produção de 3 mil, 5 mil barris. Então, abrindo mão disso, outras empresas de menor porte podem trabalhar.
O senhor tem visto algum movimento de empresas que sejam potenciais clientes da Navium em busca disto?
As empresas que chegaram aqui no ano de 1999 saíram do mercado. Muitas foram compradas por outras. Mas o movimento vai recomeçar, a exemplo do que se tem no Golfo do México. Isto que é interessante para o Brasil. Haverá diversas empresas com vários tipos de tecnologia. E poderá realmente ser aplicado o conceito de conteúdo local. O Brasil tem toda a capacidade para construir uma plataforma que é uma jaqueta de água rasa. Agora, para construir uma plataforma de águas profundas, existem componentes que precisam ser importados. Não se pode estabelecer um percentual para todo o tipo de produto. Isso é muito importante. Existem engenharias e produtos de acordo com cada tipo de serviço que se executa.
Como está o planejamento da Navium a curto, médio e longo prazo?
Já estávamos fazendo as reduções de custos suficientes necessárias para permanecermos abertos e vamos manter neste momento esta parte operacional bem reduzida. Isto para que, quando começarmos um novo projeto, tenhamos uma estrutura mínima para atender as demandas iniciais e, a partir de então, retomarmos o crescimento. Eu não sei se será uma curva em U ou uma curva em W, mas é um crescimento que a gente está aguardando. Vai demorar um tempo, porque todo e qualquer projeto hoje demora cinco anos para você poder trabalhar na área offshore. O Brasil e todas as situações que estão acontecendo, a imagem que temos hoje de um país que não cumpre com as obrigações… tudo isto afasta os investidores. Estas coisas vêm acontecendo sistematicamente. Basta verificar quantas empresas foram embora do país e não querem voltar. Este momento atual é importante para o Brasil retomar a credibilidade. O mercado de petróleo é pequeno, tem um potencial considerando o pré-sal, mas dentro do que se tem hoje é um mercado pequeno. Mas é um mercado que gera crescimento de engenharia, serviços e emprego. A parada que tivemos por questão do foco no pré-sal, esquecendo a área do pós-sal, foi ruim, porque muitas empresas desapareceram.
O que está faltando agora para a retomada do crescimento?
Se acontecerem os leilões com estas áreas, todo esse processo será retomado. Agora, precisa haver garantias de que as regras não vão mudar. Devemos mostrar ao mundo que iremos cumprir com tudo que está sendo colocado.
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