NOVO PLANO NACIONAL DE ENERGIA ORIENTA A CONSTRUÇÃO DE ATÉ 10 GW DE ENERGIA NUCLEAR NO BRASIL ATÉ 2050
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
O novo Plano Nacional de Energia (PNE) 2050 vai orientar a expansão do parque de geração nuclear no Brasil em volume entre 8 GW e 10 GW nos próximos 30 anos. A informação foi antecipada pelo secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Reive de Barros, durante uma transmissão online organizada pela Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan) e o Sebrae. O documento completo deve ser apresentado ao público ainda nesta semana, quando deve entrar em consulta pública, ainda de acordo com o secretário. O número apresentado foi ao encontro das expectativas do mercado e sela o compromisso do governo em dar um novo impulso para o Programa Nuclear Brasileiro.
Reive Barros disse durante sua apresentação que o PNE trabalha com a premissa de que a demanda de energia elétrica pode crescer 2,5 vezes até 2050 (em comparação com 2015). Enquanto isso, o consumo de eletricidade poderá subir até 3,3 vezes dentro desse período, usando a mesma base de comparação. Com este dado em mãos, o governo planeja o quanto será necessário agregar de fontes de geração de energia para atender ao crescimento previsto.
Para satisfazer esta demanda futura, o secretário apresentou algumas justificativas que explicam a escolha pela fonte nuclear como alternativa dentro do novo PNE 2050. “Temos a sexta maior reserva de urânio do mundo e estamos falando de um país com nível de prospecção de 30% do território nacional. Temos a expectativa de que o Brasil alcance a segunda ou terceira posição a partir do momento que passar a prospectar mais”, afirmou Barros. Segundo ele, isso seria combustível o suficiente para atender as necessidades do Brasil no patamar que está sendo definido no PNE, além de abrir a expectativa de exportação de urânio. “São benefícios dados mediante a uma simples e importante sinalização que estamos dando a partir dessas novas usinas nucleares que serão implementadas no Brasil”, acrescentou.
Além disso, Barros lembrou que além de ser uma fonte de geração limpa, a geração nuclear tem a vantagem de poder ser instalada próximo ao centro de carga, isto é, nas regiões do Brasil onde há um maior consumo de energia. “Ao colocar a usina próximo da carga, estamos trazendo uma geração firme, independente de um sistema de transmissão de longa distância”, disse.
Para alcançar o objetivo de chegar aos novos 10 GW de geração de energia nuclear, o secretário de planejamento listou algumas questões que ainda precisam ser superadas. A primeira delas diz respeito à comunicação. “Esta é uma fonte que só os iniciados sabem de sua importância e valor. É preciso que haja um esforço de comunicação mostrando as suas características e importância para sociedade como um todo”, declarou. Ele lembrou também de outros desafios que merecem atenção, como a manutenção de garantia de segurança da gestão dos rejeitos radioativos, a expansão da vida útil de reatores, a ampliação do conhecimento dos recursos minerais e adequações na legislação.
O presidente da Abdan, Celso Cunha, que fez a mediação do evento, ponderou que serão necessários altos investimentos para instalar os 10 GW, mas que apesar disto, a participação do setor privado é vedada pela constituição. Barros respondeu que é importante colocar em pauta a questão da participação da iniciativa privada nos projetos de geração nuclear no Brasil. “O que nos cabe nesse momento é dar uma informação sobre o potencial e a estratégia do Brasil de investir [em nuclear]. Isso para o investidor é importante. Observamos que as regras atuais não atendem uma segurança de investimento por parte de grandes empreendedores. É preciso fazer essa adequação e alterar o marco constitucional e legal para que venha ocupar essa nova dimensão, que seria a participação da iniciativa privada na expansão do setor nuclear brasileiro”, concluiu.
O webinar teve também a participação do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Thiago Barral, que trouxe outros detalhes da elaboração do PNE 2050 e como a energia nuclear se insere neste plano. “Nós podemos enxergar no PNE o potencial, os benefícios e uma equação de benefícios e custos abrangente, que rondam o desenvolvimento e o consenso em torno da energia nuclear dentro de um contexto mais amplo, que ultrapassa o setor de energia elétrica. Ao reconhecer isso, trabalhamos no sentido de enfrentar os desafios que foram identificados. Reconhecendo que, ao enfrentá-los, o Brasil se coloca como um dos poucos países em condições estratégicas de oferecer ao mundo o acesso a um conhecimento para vencer uma serie de desafios, como mudanças climáticas, integração de renováveis, medicina, defesa, agricultura e outros”, concluiu.
Este foi o quarto webinar da série Nuclear Trade and Technology Exchange (NT2E), realizada pela ABDAN em parceria com o Sebrae, em preparação da NT2E – evento previsto para abril de 2021.
[…] Link Original […]