ENRIQUECIMENTO DE URÂNIO PELO IRÃ CHEGA A NÍVEIS PREOCUPANTES, SEGUNDO O DIRETOR DA AGÊNCIA DE ENERGIA ATÔMICA
Desde a saída dos Estados Unidos do acordo Nuclear do Irã, ainda no governo Trump, o país do Oriente Médio está enriquecendo urânio em suas centrífugas em níveis muito superiores aos permitidos pelo pacto. O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica das Nações Unidas (AIEA), Rafael Grossi, embora tenha prorrogado até o dia 24 junho as inspeções nas unidades nucleares iranianas, alertou que o programa nuclear do Irã é “extremamente preocupante”. Segundo Grossi, “o Irã está enriquecendo urânio em níveis de pureza que só os países que produzem bombas alcançam”. O programa nuclear do país tem se tornado mais sofisticado nos últimos dois anos. A comunidade nuclear considera a situação muito séria quando um país faz o enriquecimento a 60%. Apenas os países que fabricam bombas atingem esse nível. O enriquecimento comercial é de 2% ou 3%. O parlamento iraniano votou e aprovou uma resolução que permite ao Irã ter o “direito soberano” de desenvolver o seu programa nuclear. Para a AIEA, este é um grau que requer um olhar vigilante.
A maioria dos avanços no programa nuclear do Irã pode ser revertida com bastante facilidade, revela Rafael Grossi. Contudo, o diretor-geral da AIEA considera que os níveis de investigação e desenvolvimento já alcançados por Teerã são problemáticos: “Não podemos guardar de novo o gênio na lâmpada. A partir do momento em que sabem como fazer as coisas, continuam a saber fazer, a única maneira de controlar isto é através de vigilância. O programa iraniano cresceu, tornou-se mais sofisticado, por isso o retorno aos níveis de 2015 não é possível. O que podemos fazer é manter as atividades abaixo dos parâmetros estabelecidos no acordo de 2015”.
A declaração de Grossi acontece no mesmo momento em que o Irã e as potências mundiais – Reino Unido, China, França, Alemanha e Rússia – continuam a negociar medidas que recuperem o Acordo Nuclear na sede da AIEA, em Viena, e para ver se os Estados Unidos e o Irã entram novamente no acordo, que limita o enriquecimento de urânio de Teerã em troca da suspensão das sanções econômicas. No mês passado, o Irã anunciou que estava enriquecendo urânio a um nível de pureza de 60 %, o nível mais alto de sempre e que excede em muito a pureza de 3,67 % estabelecido no Acordo Nuclear de 2015. Mesmo enquanto participava nas negociações com as potenciais signatárias do pacto, Teerã manteve a sua atividade nuclear. O presidente americano, Joe Biden, por seu lado, afirmou que os Estados Unidos regressariam ao acordo se o Irã cumprisse os limites estabelecidos, mas Teerã insiste que as sanções norte-americanas devem ser suspensas primeiro.
As discussões de última hora sublinham ainda mais a janela estreita para os Estados Unidos e outros os países chegarem a um acordo com o Irã, que está sendo pressionado pela comunidade internacional devido ao seu programa nuclear. O Irã continua a negar que pretenda produzir armas nucleares e garantiu à AIEA que o enriquecimento crescente de urânio no país era para fins médicos e de investigação, segundo acrescentou Grossi: “Parece-me que não temos muita necessidade disso atualmente nas atividade médicas, mas isso é uma decisão de cada país”.
Deixe seu comentário