PRODUÇÃO EM AREIAS BETUMINOSAS NO CANADÁ VOLTA AO NÍVEL PRÉ-COVID, MAS COM CRESCIMENTO EM RITMO MAIS LENTO

Uma nova análise divulgada pela IHS Markit aponta que a produção de petróleo em areias betuminosas no Canadá conseguiu ultrapassar os níveis de produção vistos antes da pandemia de Covid-19. Essa tendência de crescimento deve continuar, já que os operadores procuram maximizar suas operações existentes. Mesmo assim, a consultoria avalia que as perspectivas de crescimento de longo prazo dessa indústria diminuíram, já que a incerteza do mercado continua a atrasar o cronograma de novos projetos e há ainda as pressões causadas pela transição energética.

A tempestade perfeita formada pela pandemia de Covid-19 e o colapso da demanda por petróleo no início do ano passado causou um impacto profundo nos produtores upstream em todo o mundo, inclusive no Canadá. Como a demanda entrou em colapso em março e abril, os produtores canadenses enfrentaram não apenas a queda dos preços do petróleo, mas também reduziu a quantidade de mercados para onde poderiam enviar seu petróleo bruto, uma vez que as refinarias norte-americanas cortavam sua produção.

O leste canadense responde pela maior parte da produção de petróleo do país. Os campos daquela região dependem quase inteiramente do sistema de refinaria dos Estados Unidos. Além disso, possuem um acesso limitado a mercados fora da América do Norte. A IHS Markit afirma que, durante o pior da pandemia, quando a demanda dos EUA tombou, os produtores canadenses enfrentaram o cenário potencial em que poderia haver limitações físicas em sua capacidade de armazenamento.

Linha tracejada mostra a previsão de crescimento antes da pandemia. Já o gráfico verde revela a projeção atual – clique para ampliar

A análise da consultoria segue dizendo que as areias betuminosas não são historicamente conhecidas por reduzir a produção diante de condições adversas do mercado. “Em 2020, no entanto, a indústria mudou rapidamente e deu passos criativos para reduzir a produção. Os operadores upstream aceleraram, aprofundaram e estenderam a manutenção sazonal enquanto outros restringiam a produção, recusavam operações e, em alguns casos, fechavam temporariamente partes de suas instalações”, escreveu a IHS.

Em maio, a produção de petróleo no Canadá  havia caído mais de 800 mil barris por dia em relação aos níveis de janeiro de 2020. Foi a maior contração da história do upstream canadense. “Para colocar isso em perspectiva, a escala do corte de produção foi aproximadamente equivalente a desligar toda a produção do Azerbaijão ou da Colômbia – os 20º e 21º maiores produtores de petróleo do mundo”.

passada a primeira onda da Covid-19, a demanda e os preços do petróleo começaram a mostrar alguns sinais de recuperação ainda em meados de 2020. Isso se refletiu nas operações canadenses de areias betuminosas. “O ritmo e a escala da recuperação da produção surpreenderam muitos. No final de 2020, a produção canadense de areias betuminosas era maior do que os níveis anteriores à pandemia no início do ano”, apontou a IHS. A consultoria avalia que a recuperação da produção de areias betuminosas se beneficiou não apenas de suas características únicas de produção, mas também alguma capacidade subutilizada.

A IHS Markit prevê um crescimento nas areias betuminosas canadenses, mas que agora será menor. A perspectiva caiu para o ponto mais baixo da última meia década de previsões. Em 2030, a produção média anual dessas áreas poderá ultrapassar 3,6 milhões de barris por dia – crescimento de quase 900 mil barris por dia na comparação com o patamar de 2020.

A consultoria diz que o crescimento das areias betuminosas canadenses é suportado tanto por sua baixa taxa de declínio quanto pela capacidade da indústria de alavancar os ativos existentes. “O aspecto plano e sem declínio dos ativos de areias petrolíferas fornece uma plataforma estável onde o crescimento pode ser alcançado mais facilmente a médio e longo prazo”, analisou. “Este perfil contrasta com a produção de petróleo convencional e não convencional, em que o crescimento deve ocorrer a uma taxa que exceda os declínios de produção”, concluiu.

A análise finaliza dizendo que mais de quatro quintos do crescimento na perspectiva da IHS Markit venha do ramp-up, otimização e conclusão de projetos onde algum capital já foi investido. A organização também lembra que choques adicionais de preços ou um ritmo maior na transição energética poderiam colocar mais pressão para baixo nas perspectivas de crescimento das areias petrolíferas canadenses.