FUP AFIRMA QUE A PETROBRÁS DIMINUIU PRESENÇA NO TOTAL DE INVESTIMENTOS DO PAÍS, FAVORECENDO IMPORTAÇÕES DE COMBUSTÍVEIS
A presença da Petrobrás no total de investimentos no Brasil chegou ao menor nível registrado na série histórica, iniciada em 2003. O cálculo foi feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/subseção Federação Única dos Petroleiros – FUP). Além disso, a entidade destaca que a participação dos recursos aplicados pela empresa na economia do país está recuando ano após ano. O estudo aponta também que os investimentos totais da Petrobrás somaram R$ 9,2 bilhões entre janeiro e março deste ano. Desse total, R$ 7,2 bilhões ficaram concentrados na atividade de exploração e produção (E&P). Já o refino ficou com uma fatia bem menor, de R$ 1,3 bilhão. A redução dos recursos para o segmento de refino traz reflexos para o mercado consumidor, com o aumento da dependência de exportações de derivados, avaliaram os especialistas que produziram o estudo.
O Dieese/FUP chama a atenção para a participação da Petrobrás no índice chamado Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Em linhas gerais, esse indicador mede o quanto as empresas aumentaram os seus bens de capital, ou seja, aqueles itens que servem para produzir outros bens. O dado serve para indicar se a capacidade de produção do país está crescendo. O estudo do Dieese/FUP indica que a presença da petroleira no FBCF ficou em apenas 2,2% no primeiro trimestre deste ano – a menor taxa já apurada pela empresa. Em 2009, o volume de investimentos pela Petrobrás chegou a representar 11% do FBCF.
O índice foi calculado com base em relatórios da Petrobrás e dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo do Dieese/FUP aponta também que do total de R$ 47,4 bilhões investidos pela Petrobrás no ano passado, uma parcela de R$ 38,4 bilhões (80% do montante global) foi destinada à E&P, nos campos do pré-sal. O refino, por sua vez, só recebeu R$ 5 bilhões (10,5% do total). “É o mais baixo montante investido em refino da história da empresa, que, com isso, viu as importações brasileiras de combustíveis aumentarem significativamente”, frisou o economista do Dieese/FUP, Cloviomar Cararine (foto principal).
Na esteira do encolhimento do nível dos investimentos em refino, a produção de refinados da Petrobrás durante o primeiro trimestre atingiu 1,73 milhão de barris por dia, de acordo com o estudo. A pesquisa aponta que esse valor ficou abaixo do total de 1,85 milhão de barris diários de 2021. Olhando especificamente para o diesel, a produção média da Petrobrás, de janeiro a março de 2022, foi de 684 mil barris por dia – inferior aos 726 mil barris por dia de 2021.
Enquanto isso, aumentou a dependência brasileira por importações de derivados. As compras de diesel e óleo combustível dos Estados Unidos, nosso maior fornecedor mundial, somaram 1.510 metros cúbicos no primeiro trimestre de 2022. Somente em março, atingiram 830,5 m³, acima dos 679,8 m³ adquiridos no acumulado de janeiro/fevereiro deste ano, segundo dados da Energy Information Administration (EIA), agência norte-americana de energia. O movimento veio acompanhado pelo crescimento do número de importadores de derivados no Brasil, que pulou de 363 agentes em 2016, para 643 em dezembro de 2021.
Com base em projeções da EIA, o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar (foto acima, à esquerda), observa que as regiões Norte e Nordeste irão apresentar fortes déficits na produção de derivados na próxima década. Para ele, a retomada do aumento da capacidade de refino da Petrobrás é estratégica, de modo a garantir o abastecimento do país. “Esse processo deve ser acompanhado pela exportação brasileira de derivados de petróleo e não de óleo cru”, declarou.
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