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ÁFRICA VIRA A BOLA DA VEZ COMO FORNECEDORA PARA SUPRIR A FALTA DO PETRÓLEO E GÁS DA RÚSSIA

petroleo_plataformaA Europa está vivendo momentos de incerteza pela necessidade de recompor seus estoques de petróleo e gás para substituir o abastecimento russo, que está sendo sancionado pelos grandes países, em função de sua guerra com a Ucrania. E neste jogo de xadrez mundial, os projetos de energia africanos estão sendo revividos, anteriormente evitados devido aos custos e preocupações com a presença de grupos terroristas e à instabilidade política de muitos países do continente. As empresas de energia estão considerando projetos no valor total de US$ 100 bilhões na África.  Empresas com a francesa Total, que abandonou a exploração na Baia de Rovuma, em Mocambique, devido a ataques terroristas, já planeja voltar com suas equipes dentro de um esquema especial de segurança.

Os países africanos que atualmente têm pouco ou nenhum investimento em petróleo e gás podem ver os interesses de países europeus crescerem o olho em energia nos próximos anos, incluindo Namíbia, África do Sul, Uganda, Quênia, Moçambique e Tanzânia. Só a Namíbia poderia fornecer cerca de meio milhão de barris por dia em nova produção de petróleo, após promissores poços exploratórios nos últimos meses, segundo estimativas não publicadas de dois consultores do setor. Cerca de 30 bilhões de metros cúbicos adicionais de gás africano por ano poderiam fluir para a Europa.

As sanções europeias ao fornecimento de petróleo russo e os fluxos reduzidos de gás elevaram os preços e aumentaram a inflação para recordes de 40 anos em alguns países. O investimento em energia africana ainda não se recuperou da queda nos preços do petróleo e do gás em 2014, disse a Agencia Internacional de Energia (AIE). O diretor-executivo da AIE, Fatih Birol, disse que esta “é a primeira crise energética verdadeiramente global e temos que encontrar soluções para substituir a perda de petróleo e gás russo”. Empresas e países que buscam investimentos em petróleo e gás na África estão cientes de que devem agir rapidamente para lucrar com as reservas inexploradas antes que a transição global para a tecnologia de baixo carbono inviabilize muitos projetos de combustíveis fósseis, à medida que a demanda doméstica de combustível e energia também aumenta. No mês passado, a Tanzânia assinou um acordo  de gás natural liquefeito (GNL) com a gigante estatal norueguesa de energia Equinor e a Shell que acelera o desenvolvimento de um terminal de exportação de US$ 30 bilhões. Patrick Pouyanne, CEO da TotalEnergies, disse que se a segurança melhorar, a empresa pretende reiniciar este ano um projeto de GNL de 20 bilhões de dólares que foi travado pela atuãçao de terroristas. Pouyanne disse que a TotalEnergies precisava compensar a queda na entrega do gás russo e que deveria acelerar a atividade na Namíbia, uma promissora fronteira petrolífera.

A Alemanha, principal importador de gás da Europa, intensificou os esforços para incentivar o Senegal com uma visita de Estado do chanceler alemão Olaf Scholz, oferecendo ajuda para explorar vastos recursos de gás, embora nenhum projeto concreto tenha sido acordado. “A primeira coisa que a Alemanha e a Europa podem fazer é comprar nosso gás”, disse Abd Esselam Ould Mohamed Salah, ministro do Petróleo, Minas e Energia da Mauritânia, que compartilha um vasto campo de gás com o vizinho Senegal que deve entrar em operação no próximo ano. “Nós saudamos o aumento do interesse que estamos vendo de países e empresas europeias no desenvolvimento de nossos recursos”, finalizou.

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