PRIMEIRO MINISTRO ALEMÃO DIZ QUE A RÚSSIA NÃO TEM MOTIVOS TÉCNICOS PARA NÃO AUMENTAR VAZÃO DE GÁS
O chanceler alemão Olaf Scholz disse que a Rússia não tem motivos para adiar o retorno de uma turbina a gás para o oleoduto Nord Stream 1 que foi consertada pela Siemens no Canadá, mas que desde então está presa na Alemanha em um impasse com a Rússia. Ao lado da turbina, em uma visita à fábrica da Siemens Energy, em Muelheim, Scholz disse que o equipamento está totalmente operacional e pode ser enviada de volta à Rússia a qualquer momento, desde que Moscou esteja disposta a reinstalar o equipamento. O destino da turbina de 12 metros de comprimento tem sido observado de perto quando os governos europeus acusaram a Rússia de estrangular o fornecimento de gás sob pretextos, em vingança pelas sanções ocidentais após a invasão da Ucrânia em fevereiro. Moscou nega ter feito isso e citou problemas com a turbina como a razão para fluxos de gás mais baixos através do Nord Stream 1, que foi reduzido para 20% da capacidade.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, rejeitou os comentários de Scholz, culpando a falta de documentação e confirmando que a unidade “não foi afetada por sanções” por atrasar o retorno da turbina à Rússia. Ele também falou sobre a perspectiva da Europa receber gás através do gasoduto Nord Stream 2, um projeto liderado por Moscou que foi bloqueado pelo Ocidente quando a Rússia enviou tropas para a Ucrânia. Os movimentos da turbina foram envoltos em sigilo e seu paradeiro desconhecido até a noite de ontem (2), quando foi anunciada a visita do chanceler à Siemens Energy. “A turbina funciona”, disse Scholz, dizendo a repórteres que o objetivo de sua visita era mostrar ao mundo que a turbina funcionava e “não havia nada de místico para observar aqui. É bem claro e simples: a turbina está lá e pode ser entregue, mas alguém precisa dizer ‘quero tê-la’”.
Mesmo que a Rússia recupere a turbina, Scholz alertou que a Alemanha pode enfrentar mais interrupções no futuro e que os contratos de fornecimento podem não ser honrados. A estatal russa Gazprom, disse que a entrega da turbina após a manutenção não estava de acordo com o contrato e que foi enviada para a Alemanha sem o consentimento da Rússia. O CEO da Siemens Energy, Christian Bruch, confirmou que havia negociações em andamento com a Gazprom, “mas nenhum acordo”. O colapso do fornecimento de gás e a disparada dos preços provocaram alertas de recessão para a economia alemã, a maior da Europa, e aumentaram os temores de escassez de energia e racionamento durante o inverno. Depois de ser forçado a socorrer a concessionária Uniper quando ela se tornou uma das primeiras vítimas da crise do gás, o governo de Scholz terá que alterar as reformas energéticas recém-introduzidas.
Scholz pediu aos alemães que se preparem para o aumento das contas e seu governo os exortou a economizar energia sempre que possível, como tomar banhos mais curtos. “Este é agora um momento em que temos que nos unir como país. Mas também é um momento em que podemos mostrar do que somos capazes”. O ex-chanceler Gerhard Schroeder, que tem sido ridicularizado na Alemanha por suas opiniões pró-Rússia e amizade com o presidente Vladimir Putin, disse que a Rússia está pronta para um acordo negociado para encerrar a guerra. Putin disse a Schroeder que o Nord Stream 2 poderia fornecer 27 bilhões de metros cúbicos de gás para a Europa até o final do ano, se autorizado a operar, disse Peskov. “Putin explicou tudo em detalhes, e o ex-chanceler perguntou se era possível usar o Nord Stream 2 em uma situação crítica”, disse Peskov. “Putin não foi o iniciador, Putin não se ofereceu para ativá-lo, mas Putin disse que é tecnologicamente possível e que esse mecanismo complexo está pronto para uso instantâneo”.
Scholz sinalizou que o Nord Stream 2 não seria usado como alternativa. “Nós encerramos o processo de aprovação, por um bom motivo. Há capacidade suficiente no Nord Stream 1, não há falta.” Scholz também disse que “pode fazer sentido” para a Alemanha manter suas três usinas nucleares restantes funcionando além de um desligamento planejado no final de 2022, uma reviravolta política que ganhou apoio devido ao risco de um corte total de gás russo no inverno do hemisfério norte. No total, a frota nuclear responde por 6% da produção de eletricidade da Alemanha. O governo disse que aguardará o resultado de um novo “teste de estresse” da rede elétrica nacional antes de determinar se manterá a eliminação gradual planejada.
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