DIRETOR DE OPERAÇÕES DA PRIO REVELA QUAIS SERÃO OS PRÓXIMOS PASSOS DA EMPRESA NA BACIA DE CAMPOS | Petronotícias




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DIRETOR DE OPERAÇÕES DA PRIO REVELA QUAIS SERÃO OS PRÓXIMOS PASSOS DA EMPRESA NA BACIA DE CAMPOS

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) – 

WhatsApp Image 2022-10-03 at 11.26.34A Bacia de Campos ainda tem muitas oportunidades a oferecer para a indústria de óleo e gás. Essa é a opinião do diretor de operações da PRIO (antiga PetroRio), Francilmar Fernandes, nosso entrevistado desta segunda-feira (3). O executivo traçou um raio X bem completo dos próximos passos da petroleira independente em cinco ativos localizados na bacia. A começar pelo campo de Wahoo, a PRIO já está finalizando a contratação de serviços para instalação de equipamentos submarinos e de perfuração. A ideia é colocar o ativo em operação em 2024. Já em Frade, a companhia está antecipando a realização da segunda fase do projeto de revitalização do campo, que prevê a perfuração de mais três poços – o primeiro deles será iniciado nesta semana. Em relação a Albacora Leste, Fernandes avalia que esse campo será um divisor de águas na história da empresa. “O nosso objetivo é ampliar o fator de recuperação de Albacora Leste para algo entre 25% e 30%. Isso nos daria um volume gigantesco de óleo”, projetou. Por fim, o executivo também falou da experiência da interligação entre Polvo e Tubarão Martelo e comentou sobre novas oportunidades para a cadeia local de fornecedores.

Gostaria de começar nossa entrevista falando sobre os planos da PRIO para o campo de Wahoo. O que vem a seguir nesse importante projeto?

WhatsApp Image 2022-10-03 at 11.25.09Estamos em fase final de contratação de todos os serviços para instalação de equipamentos submarinos e de perfuração. No momento, resta apenas a contratação de um item, que deve ser finalizada nas próximas semanas. Desta forma, estaremos com todo o desenvolvimento de Wahoo contratado. Posteriormente, a instalação submarina deve ocorrer no final de 2023 e primeiro trimestre de 2024. Já a parte de construção de poços (sendo quatro produtores e dois injetores) deve ocorrer ao longo do segundo semestre de 2023 e primeiro trimestre de 2024. Hoje, enxergamos que o campo começará a produzir no final do primeiro trimestre de 2024. Wahoo é um campo muito emblemático para a PRIO. Estamos muito felizes por tirar esse projeto do papel.

Qual o potencial de produção do campo de Wahoo?

O campo de Wahoo é um reservatório de carbonato do pré-sal. Com os quatro poços que estão sendo planejados, o objetivo é alcançar uma produção de 40 mil barris por dia. O campo contará com um processo de injeção de água para manter a energia do reservatório e o nível de produção por um bom tempo. A produção de Wahoo será totalmente adicionada à produção de Frade por meio de um tie back. O FPSO Frade terá a produção combinada entre os dois campos, dobrando a produção do FPSO. A expectativa da PRIO é alcançar o patamar de 40 mil barris por dia após a campanha de revitalização do campo de Frade. E com a entrada em produção de Wahoo, esse volume será elevado para cerca de 80 mil barris por dia.

Wahoo é um exemplo de que a Bacia de Campos ainda tem muitas oportunidades para as operadoras?

WhatsApp Image 2022-10-03 at 11.25.09 (1)Exatamente. Nós acreditamos que assim como Wahoo e Itaipu, existem potencialmente outros ativos como esses. Áreas que talvez não justifiquem a contratação de uma unidade de produção, pelo fato de não serem campos tão grandes. Mesmo assim, existe a possibilidade de utilizar a capacidade de produção existente para melhorar ainda mais a produção, dando nova vida para a Bacia de Campos.

A PRIO acredita que a Bacia de Campos tem muita oportunidade a oferecer. Estamos aqui para destravar e desenvolver esses projetos. O custo e o tempo são fatores muito importantes em campos maduros. Por isso, nosso papel é trabalhar para alcançar uma operação mais eficiente – ou seja, um desenvolvimento de produção muito mais eficiente em termos de custos e prazos.

E de que forma a cadeia local de fornecedores poderá beneficiar-se com os desenvolvimentos liderados pela PRIO?

A PRIO enxerga que o desenvolvimento de fornecedores para atender às empresas independentes é crucial. A cadeia de fornecimento no Brasil nasceu e cresceu moldada pelo Sistema Petrobrás. Entretanto, as petroleiras independentes não têm as mesmas amarras que uma empresa estatal possui. O foco das petroleiras independentes é ter uma operação com muito mais competitividade em termos de preço, prazo, flexibilidade e capacidade de adaptação. Estamos trabalhando muito forte para desenvolver fornecedores, compartilhando esses valores e ideias. Assim, mesmo os fornecedores que são consolidados aqui no estado, poderão enxergar o valor das operadoras independentes.

As operadoras independentes não olham apenas para a questão do preço, mas também levam em consideração pontos como prazo de atendimento, flexibilidade de atendimento e qualidade de serviço. Estamos trabalhando para estimular a cadeia existente e também para criar novos fornecedores. 

Agora, gostaria de falar um pouco de Frade. O projeto de revitalização do campo já obteve excelentes resultados com o poço ODP4. Quais serão os próximos passos?

Ofpso-bravo resultado de Frade é muito importante e emblemático, pois dá uma prova real que mesmo um ativo maduro na Bacia de Campos, quando bem estruturado, consegue trazer retornos de altíssimo nível. Nós acreditamos que, assim como ODP4, existem potencialmente vários outros poços. A campanha de revitalização de Frade foi desenhada para acontecer em duas fases. Conseguimos concluir a primeira etapa em um prazo menor, gastando muito menos. Agora, antecipamos o cronograma da segunda fase, abrangendo mais três poços – dois produtores e um injetor. O primeiro poço da terceira fase deverá ser iniciado nesta semana. 

Esses resultados que coletamos até agora vão alimentar o nosso plano e, muito provavelmente, teremos uma nova campanha de revitalização. Os dados comprovaram que o reservatório é bom. Como esse, existem outros reservatórios parecidos. Então, iremos explorar mais Frade no futuro.

Poderia comentar também um pouco como tem sido a experiência até aqui com a interligação (tie back) entre os campos de Polvo e Tubarão Martelo?

O tie back de Polvo e Tubarão Martelo teve um resultado excepcional. Mesmo em meio à pandemia, conseguimos destravar esse projeto dentro do prazo e com o custo esperado. Hoje, os campos funcionam como um só. A plataforma de Polvo bombeia sua produção para o FPSO Bravo, que está no campo de Tubarão Martelo. Este foi um grande resultado para PRIO. Além disso, tivemos uma série de lições aprendidas que, obviamente, foram incorporadas no projeto de Wahoo. 

E quanto a Albacora Leste, adquirido recentemente da Petrobrás, quais são as expectativas?

fpsoAlbacora Leste é um ativo excepcional. Apenas a título de comparação, o campo de Frade tem um volume de óleo in place de 1 bilhão de barris. Já Albacora Leste tem 4 bilhões de barris nos reservatórios combinados. É um potencial gigantesco. O fator de recuperação no campo, até hoje, é da ordem de 10%. Então, existe muito óleo para ser produzido naquele ativo. O nosso objetivo é ampliar o fator de recuperação de Albacora Leste para algo entre 25% e 30%. Isso nos daria um volume gigantesco de óleo. Então, a princípio, temos um plano inicial de 12 novos poços que serão colocados em operação. Ou seja, é um grande programa de trabalho para os próximos dois ou três anos. Mas, com certeza, a empresa fará novo estudo do campo de reservatório, que vai dar origem a um novo plano de revitalização, com certeza maior e mais robusto do que esse. Então, a nossa perspectiva é muito otimista. Albacora Leste é um divisor de águas e uma oportunidade muito boa para a PRIO.

Para encerrar, pode compartilhar conosco como o senhor está enxergando o futuro do setor de óleo e gás no Brasil?

A minha visão é muito otimista para toda a indústria. As operadoras independentes vão trabalhar de uma forma focada em melhoria da eficiência energética. É preciso aumentar a produção dos campos maduros, elevando o fator de recuperação e extraindo esses recursos de forma eficiente e com baixo custo. Isso vai ajudar a transição energética e a indústria de óleo e gás no Brasil.

As grandes empresas vão focar nos ativos maiores, tais como pré-sal, Margem Equatorial e Sergipe-Alagoas. Já os campos maduros ficarão com as operadoras com foco e gestão específica para esse tipo de ativo. Para tal, vamos ter que desenvolver uma cadeia fornecedora com uma mentalidade atrelada a esse cenário. Além disso, o setor precisará de profissionais que tenham mentalidade para trabalharem nesse tipo de negócio.

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