ABPIP PREVÊ A CRIAÇÃO DE ATÉ 20 MIL EMPREGOS CASO A VENDA DO POLO BAHIA TERRA SAIA DO PAPEL | Petronotícias




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ABPIP PREVÊ A CRIAÇÃO DE ATÉ 20 MIL EMPREGOS CASO A VENDA DO POLO BAHIA TERRA SAIA DO PAPEL

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) – 

anabal-1024x911As próximas semanas podem ser decisivas para o futuro do programa de desinvestimentos da Petrobrás. Como noticiamos, o presidente da estatal, Jean Paul Prates, disse durante a última semana que não sabe ainda se o Polo Bahia Terra será vendido para o consórcio formado pelas empresas PetroReconcavo e Eneva. Para a Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (ABPIP), a escolha certa é prosseguir com o negócio. “Temos que considerar os efeitos positivos que o Polo Bahia Terra trará se for operado por uma empresa independente. Serão pelo menos 20 mil empregos [diretos e indiretos]. Além disso, a produção do ativo será triplicada”, projetou o secretário-executivo da associação, Anabal Santos Jr. Ele reconhece que os trabalhadores da Petrobrás da Bahia são contrários à venda do polo, mas acredita que a estatal possa deslocar sua força de trabalho local para outras atividades e projetos no estado. Santos também aponta para os efeitos positivos gerados a partir da venda de ativos terrestres para operadoras independentes. “Segundo cálculos da ABPIP, usando uma métrica do BNDES, as operadoras independentes já criaram 315 mil empregos diretos, indiretos e por efeito renda no onshore brasileiro. Além disso, existe a previsão de mais de R$ 40 bilhões de novos investimentos até 2029”, declarou.

Qual a avaliação da ABPIP em relação ao impasse envolvendo a venda de ativos da Petrobrás? 

bahia-terraExiste muito desencontro de informações. Mas à medida que o governo vai tomando pé da situação e entendendo melhor o cenário, estão acontecendo alguns avanços. Já tivemos uma sinalização bem objetiva [do presidente da Petrobrás], dizendo que aquilo que está assinado será honrado. E ninguém imaginava que poderia ser diferente. Eu acho que isso é fruto de uma reflexão do quanto seria ruim para o país não honrar o que está assinado. 

Ao seu ver, qual seria o impacto para o país caso as vendas já assinadas não fossem finalizadas? 

O primeiro efeito seria o Brasil entrar na lista dos países onde uma empresa do porte da Petrobrás não honra aquilo que assina. O Brasil tem uma tradição histórica, e de muitos anos, de honrar o que está escrito. 

Eu estive recentemente em Natal e fui procurado por um empresário que possui uma empresa de serviços de médio porte. Ele estava animado com a venda do Polo Potiguar [para a 3R Petroleum] e contraiu um empréstimo para adquirir novos equipamentos. Isso porque quando uma operadora independente assume esses ativos terrestres da Petrobrás, a demanda por serviços na região aumenta consideravelmente. Ele já queria estar preparado para quando a nova operadora assumisse o Polo Potiguar. Contudo, agora esse executivo está apreensivo, em virtude da demora para a conclusão da venda do polo. 

Imagino que um empresário que passe por uma situação como essa irá repensar muitas vezes antes de fazer um investimento desse porte novamente. Esse exemplo ilustra um pouco como essa indefinição na venda de ativos afeta a imagem do setor de óleo e gás. 

E quais tem sidos os impactos positivos sentidos nos ativos que já foram vendidos pela Petrobrás para operadoras independentes? 

bahia-terraAs produções desses ativos, geralmente, dobram em um primeiro momento. Em alguns casos, a produção chegou até a triplicar. Isso porque os ativos estavam realmente sem investimentos e mal cuidados. Além disso, outro fator que pesa para esse aumento de produção é a competência das novas operadoras, com novos investimentos e trabalhando de maneira diferente. As operadoras independentes não querem copiar a maneira da Petrobrás. Nosso lema é “fazer diferente para fazer a diferença”.

Segundo cálculos da ABPIP, usando uma métrica do BNDES, as operadoras independentes já criaram 315 mil empregos diretos, indiretos e por efeito renda no onshore brasileiro. Além disso, existe a previsão de mais de R$ 40 bilhões de novos investimentos até 2029. A estimativa é que a produção de óleo e gás terrestre chegue a 500 mil barris por dia em 2029. Em 2022, as operadoras independentes pagaram R$ 1 bilhão em royalties. Esses indicativos demonstram que a atividade das operadoras independentes causa esses impactos positivos.

A situação do processo de venda do Polo Bahia Terra parece ser a mais delicada. Na última semana, o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, disse que o negócio ainda nem está assinado. E declarou também que não sabe se o ativo será vendido ou não. Como avalia esse cenário?

onshoreEu acredito que a reflexão sobre os benefícios causados pelas operadoras independentes vai influenciar o processo de venda do Polo Bahia Terra. Como se sabe, esse negócio não está assinado porque o polo sofreu várias interferências que acabaram prejudicando o andamento do processo. Se você lembrar, o Polo Bahia Terra está no mercado desde 2015, ainda no governo Dilma, na época chamado de Projeto Topázio. Ou seja, a decisão de vender esse ativo não é recente. A política de desinvestimentos da Petrobrás é quase uma política de Estado também. Essa política é robusta e sem perdedores. Todos ganham nesse processo. 

Você vê na fala do presidente Jean Paul Prates que ele não está dizendo que não vai concluir a venda. Ele está dizendo que vai ter que estudar o assunto e que não decidiu ainda. O presidente Prates tem demonstrado equilíbrio, balanceando o bem para o Brasil e para a Petrobrás. 

Ainda assim, trabalhadores da Petrobrás estão se movimentando nas últimas semanas, inclusive realizados atos e paralisações contra a venda do Polo Bahia Terra…

Ninguém está contestando a venda do Polo Bahia Terra, a não ser o sindicato – que não quer que a Petrobrás saia da Bahia e que seus associados saiam do estado. Mas essa situação pode ser contornada. A Petrobrás é uma empresa muito grande e tem, dentro da sua linha de negócio, infinitas participações. 

Para o Rio Grande do Norte, a Petrobrás já encontrou uma solução. Nunca antes na história, a Petrobrás teve uma diretoria fora do Rio de Janeiro. O presidente Prates já sinalizou recentemente a abertura de uma diretoria no Rio Grande do Norte. Então, por que não fazer algo parecido na Bahia e criar uma estrutura no estado? Assim, traria uma solução para os colaboradores da Petrobrás que não querem sair do estado e garantiria a venda do Polo Bahia Terra, assegurando todos os benefícios que esse desinvestimento trará para a população baiana.  Eu estou otimista e acredito que essa situação será resolvida.

Temos que considerar os efeitos positivos que o Polo Bahia Terra trará se for operado por uma empresa independente. Serão pelo menos 20 mil empregos [diretos e indiretos]. Além disso, a produção do ativo será triplicada.

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