SIEMENS ENERGY CONQUISTOU NOVOS PROJETOS NA AMÉRICA LATINA E PROJETA MERCADO AQUECIDO NA REGIÃO EM 2024
A edição de hoje (18) do Projeto Perspectivas 2024 traz as projeções e avaliações do vice-presidente sênior da Siemens Energy para a América Latina, André Clark. Falando sobre o ano de 2023, o executivo conta que a companhia conseguiu um aumento considerável de projetos no mercado latino-americano. Além disso, ele também cita que houve um crescimento importante nas exportações no continente. Para 2024, Clark projeta que os mercados de energia do Brasil e da América Latina seguirão aquecidos, embora ainda com desafios nas cadeias de suprimentos. O executivo vê ainda no Brasil um potencial para impulsionar iniciativas de pesquisa e desenvolvimento voltadas para conteúdos locais e a criação de empregos verdes. Porém, para isso, o entrevistado avalia que é preciso agregar valor às cadeias produtivas e incentivar programas de fomento à inovação. Por fim, Clark vê que o ano de 2024 será crucial na definição do papel do Brasil no cenário da transição energética: “A pergunta, portanto, que influenciará os negócios de energia e demais setores é: seremos a solução verde do planeta ou deixaremos nossa chance passar? 2024 será o ano para trazermos a resposta”, afirmou.
Como foi o ano de 2023 para a Siemens Energy?
Regionalmente falando, esse foi um ano muito positivo para a Siemens Energy no Brasil e na América Latina em uma diversidade de aspectos. Houve considerável aumento na conquista de projetos viáveis a partir de nossas amplas expertises no setor de energia e de entrega tecnológica, o que torna a entrada em 2024 diferenciada na comparação com ciclos anteriores.
Do ponto de vista do negócio, fortalecemos nossas capacidades produtivas e de execução da carteira de pedidos e tivemos incremento substancial nas exportações no continente, demonstrando o potencial de nossas fábricas em atender clientes com produtos e serviços de qualidade global.
Ao dar sequência aos sucessos deste ano, 2024 será principalmente voltado a acelerar o atual crescimento, executando nosso backlog de projetos com excelência operacional, dentro de nossa cultura interna já estabelecida de qualidade total e melhoria contínua de processos. Essa conjuntura será fundamental, uma vez que os mercados de energia no Brasil e na região seguirão aquecidos, mas inseridos em um cenário macro convoluto do ponto de vista das cadeias de suprimentos, da volatilidade de moedas e dos extremos climáticos que, entre outros fatores, exigirão maior atenção aos resultados que nos comprometemos a entregar.
Há muito trabalho pela frente e seguiremos investindo em medidas que buscam fazer o hoje sempre um pouco melhor do que ontem. Felizmente, trata-se de uma mentalidade consolidada na Siemens Energy, proveniente dos grandes saltos transformacionais já dados em 2023 e em anos anteriores. Isso, não resta dúvida, dará suporte às nossas lideranças para seguirmos avançando em nossos propósitos internos, seja na constante redução da pegada de carbono de nossas operações, na melhora das práticas de segurança e saúde no trabalho ou na essencial promoção de maior diversidade e inclusão entre nossos colaboradores e demais stakeholders.
Que sugestões gostaria de passar para o governo ou para o mercado com o objetivo de melhorar as condições de negócios no Brasil?
Cerca de 45% de todas as reduções de emissões em 2050 virão de tecnologias que ainda não chegaram ao mercado. Ou seja, os investimentos em inovação serão cada vez mais decisivos na transição energética e na capacidade de protagonismo global da América Latina no tema. Na Siemens Energy, acompanhamos isso com enorme interesse e já vemos como diferentes governos na região apostam em projetos especiais de inovação focados em redução de emissões, adoção de energias renováveis e construção dos mercados futuros de energia, como o hidrogênio verde, amônia verde e SAF, entre outros.
No cenário brasileiro, destacam-se diversos programas com um potencial significativo para impulsionar iniciativas de pesquisa e desenvolvimento voltadas para conteúdos locais e a criação de empregos verdes. Contudo, para concretizar essas oportunidades, é essencial que agreguemos valor às cadeias produtivas, transcendendo a dependência das exportações de commodities. Isso implica em otimizar o aproveitamento de programas já existentes, como o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e os fundos setoriais de inovação. Além disso, é crucial promover parcerias estratégicas entre a indústria e a academia, especialmente nos setores em que temos vantagens consolidadas, como é o caso da energia e da bioeconomia.
O momento é mais do que oportuno. Os aportes financeiros na transição energética totalizaram US$ 1,7 trilhão em 2023, segundo a IEA, destacando o acelerado ganho de escala que as tecnologias de energia limpa estão tendo em sua implementação. Mais do que isso, a demanda por eletricidade deverá dobrar entre 2022 e 2050, e, até 2050, haverá seis vezes mais capacidade global instalada na rede proveniente de fontes de energia renovável. Não é exagero afirmar que a inovação, acompanhada de estruturas regulatórias favoráveis – como as previstas no Plano de Transição Ecológica, por exemplo – será o fator que dará tração aos projetos de neoindustrialização do Brasil.
Quais são as suas perspectivas de negócios do seu segmento para este novo ano que está para começar e quais as perspectivas da nossa economia para o ano que vem?
O mercado brasileiro de energia está hoje em duas realidades: a de um presente de atração de grandes investimentos, a exemplo dos que ainda serão realizados a partir dos leilões de transmissão, e a de um futuro potencialmente preocupante no que tange à governança da transição energética, enquanto marcos regulatórios importantes – de geração eólica offshore, hidrogênio verde, mercado regulado de carbono etc. – estão sendo decididos ou revisados. Assim, mais do que nunca, a perspectiva deverá ser de extremo cuidado e atenção aos debates legislativos para que interesses políticos de diferentes sortes não arrisquem as propostas do nosso Plano de Transição Ecológica, o chamado “pacote verde”.
Ao ter um plano de longo prazo acordado, para além de emendas e medidas provisórias especulativas, o Brasil estará em posição favorável para aproveitar seu excedente de geração renovável em um cenário que garantirá forte demanda em 2024 e nos próximos anos. Há, todavia, questões que devem ser equacionadas para garantir que não haja desvios de finalidade e nossas ambições econômicas estejam alinhadas aos objetivos dos investidores globais, que cada vez mais pressionam de modo organizado pela descarbonização dos modelos de negócio do futuro.
Apesar de recentes avanços, os desafios que pautarão 2024 são abrangentes e definirão como o Brasil quer ser visto pelos mercados globais. Será crucial integrar centenas de milhares de pessoas ao setor produtivo, incentivando a formação e capacitação profissional voltadas para práticas sustentáveis, ao mesmo tempo em que incorporamos a diversidade e a inclusão como princípios não negociáveis, indo além de simples metas vagas em nossa abordagem ESG. Também será fundamental lembrar que os processos contínuos de degradação e desmatamento na Amazônia e no Cerrado representam uma ameaça significativa à nossa capacidade de atrair investimentos sustentáveis e precisam ser endereçados com a devida diligência.
No próximo ano, vale lembrar, os olhos do mundo estarão focados nos movimentos do Brasil, que ocupa a presidência do G20, terá um papel de liderança entre os Brics e receberá a COP30, em 2025. A pergunta, portanto, que influenciará os negócios de energia e demais setores é: seremos a solução verde do planeta ou deixaremos nossa chance passar? 2024 será o ano para trazermos a resposta.
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