CANADÁ SE VOLTA PARA O ONSHORE BRASILEIRO
O Canadá está entre os maiores produtores de óleo e gás do mundo, tendo ficado em sexto lugar no ano de 2010, segundo o relatório anual da BP. A maior parte da produção canadense é de poços terrestres, sendo cerca de 70% deles na província de Alberta. A gerente de negócios da área de óleo e gás do consulado canadense, Nadine Lopes, conversou com o repórter Daniel Fraiha e contou que o interesse pelo Brasil aumenta ano a ano, com focos no Rio de Janeiro e nas regiões norte/nordeste. Para este mês já estão programados um workshop em Natal (RN) e uma missão canadense à feira Brazil Onshore, também em Natal.
O que tem sido fomentado entre os dois países na área de óleo e gás recentemente?
Já fizemos muita coisa este ano. Nosso objetivo é dar assistência às empresas que se interessam em fazer negócios e parcerias com o Brasil, de forma que temos ajudado às companhias canadenses a estabelecer contatos com a indústria brasileira, programamos missões ao país, organizamos eventos etc. Nós temos realizado esses contatos principalmente com fornecedores de bens e serviços, que têm se interessado mais pelo país. Muitos dos contatos que geramos foram com a Petrobrás, sendo que o nosso forte é a área terrestre.
Tem aumentado o interesse dos canadenses pelo Brasil?
Aumenta a cada ano. Só este ano, durante a OTC Brasil, mais de 18 empresas da costa leste canadense, onde a principal atividade é a offshore, vieram para a feira. Participamos da Rio Pipeline, montamos um estande lá, com mais cinco empresas do Canadá, além de cinco outras que tinham seus próprios estandes. Temos muita coisa em andamento, mas que não podemos divulgar. Sabemos de um contrato que foi fechado lá na própria Rio Pipeline, mas não podemos falar das empresas.
Quais são os elogios e as reclamações sobre o Brasil?
O Brasil é um país estratégico hoje, além de um grande parceiro do Canadá, mas ainda é muito difícil fazer negócio aqui. A complexidade e o preço dos impostos são fatores que afastam muitas empresas. A burocracia também é um empecilho, além da forma em que o mercado está estruturado, com apenas um grande player, que é a Petrobrás. As outras empresas ainda não têm grande representatividade no Brasil, enquanto alguns outros países da América Latina apresentam um quadro mais diversificado. A Colômbia e o Peru, por exemplo, estão se tornando muito importantes nas relações comerciais com o Canadá, porque têm um mercado mais pulverizado, com mais operadoras como grandes atrativos, de forma que estão tomando um espaço que não tinham antes.
A busca por parcerias com o Canadá é grande?
A busca é grande, mas os focos principais são a procura de informações e a intenção de fazer parcerias com atuação aqui e não lá. O Canadá tem uma tradição muito forte em onshore, são cerca de 80 mil poços em terra lá, principalmente na província de Alberta, enquanto no Brasil esse número gira em torno de 10 mil. Temos feiras no Canadá que recebem muitos brasileiros, como a Global Petroleum Show, que acontece a cada dois anos e sempre levamos representantes da Rede Petro Amazonas, Bahia, além de pessoas da Petrobrás. Tem também a International Pipeline Conference (IPC), que é a que mais recebe brasileiros, em torno de 100 por edição.
A Bacia de Solimões tem chamado a atenção das empresas canadenses?
Com certeza. A própria HRT, que atua na perfuração de poços em Solimões, tem um portfólio muito forte de fornecedores canadenses. Algumas sondas são da Tuscany Drilling, tem uma empresa que fornece tendas para acampamentos em locais remotos, uma que presta serviços aéreos de helicópteros. Enfim, é um grande mercado para o Canadá.
Apesar da tradição maior em terra, o pré-sal influenciou nas relações com o Brasil?
Houve um grande aumento de interesse. Muitos fornecedores da cadeia de bens e serviços se voltaram para o Brasil. Chamou muito a atenção de empresas da área de dutos offshore e de treinamento para operações offshore, que são muito fortes no Canadá.
Quais são as regiões mais procuradas no Brasil?
Rio de Janeiro e Nordeste. Além do Rio, estados como Bahia, Rio Grande do Norte e Amazonas são muito importantes. A empresa de exploração e produção canadense Gran Tierra, por exemplo, tem parcerias no Recôncavo Baiano com a Petrobrás e com a Statoil em offshore, e com a Alvorada em terra.
Como as empresas canadenses vêem as regras de conteúdo local?
Elas estão muito conscientes em relação a isso. Fizemos um trabalho intenso junto à ANP e à Petrobrás com esse intuito, que deu muito resultado. Hoje as empresas vêm com o intuito de se estabelecer no Brasil, fazer parcerias, joint-ventures, abrir escritórios, investir de forma sustentável. Só vêm empresas sérias, que pedem ajuda para encontrar bons parceiros. Não vêm buscando um importador.
Quais são os próximos eventos programados?
Vamos trazer 10 empresas para a Brazil Onshore, que acontece em Natal (RN), de 28 a 30 de novembro. Também estamos organizando um workshop, que acontecerá durante a Brazil Onshore, só que em outro hotel. O nosso evento se chama “Brasil-Canadá: Oportunidades no Setor Onshore”, e será no Hotel Serhs Natal, das 8h30 às 12h30 do dia 29 deste mês.
Quais são a expectativas para o futuro?
Esperamos expandir as relações comerciais com o Brasil, pois é um país estratégico para o Canadá, além de aumentar o intercâmbio entre as empresas dos dois países. Existe um acordo de cooperação em ciência e tecnologia entre o Brasil e o Canadá e por meio dessa conexão há um grande fluxo de informações e parcerias que deve se intensificar ainda mais.
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