PETROBRÁS COMPLETA 60 ANOS COM GRANDES DESAFIOS PELA FRENTE | Petronotícias




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PETROBRÁS COMPLETA 60 ANOS COM GRANDES DESAFIOS PELA FRENTE

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

Já fazia 23 anos da revolução de 30, mais de dois anos desde a sua volta ao poder, quando o presidente Getúlio Vargas promulgou a lei 2004, em 3 de outubro de 1953. Era o início de uma longa história e o marco de criação da empresa que viria a ser a maior do Brasil: a Petróleo Brasileiro S.A – Petrobrás. Depois de muitas conquistas, desafios e percalços, a petroleira completa 60 anos de existência nesta quinta-feira (3), com um portfólio de ativos invejável mundo afora e a maior carteira de exploração offshore do planeta.

Quando nasceu, a empresa deu sequência ao processo que havia sido iniciado com o desenvolvimento do Conselho Nacional do Petróleo, de quem herdou as refinarias de Mataripe, na Bahia, que já operava desde 1950, e a de Cubatão, em São Paulo, que se encontrava em construção em 1954, ano de conclusão da instalação da nova petroleira. Apesar de o conselho já existir desde 1938, a criação da Petrobrás foi muito influenciada pela campanha “O Petróleo é Nosso”, que foi ganhando força a partir de 1946.

Em 10 de maio daquele ano de 1954, menos de três meses antes de Getúlio ser encontrado morto com um tiro no peito em seu quarto, a novata começava a operar, com um refino de 2.663 barris por dia, equivalente a 1,7% do consumo nacional. Seis décadas depois, a Petrobrás tem processado em média 2,139 milhões de barris por dia em suas refinarias espalhadas pelo país, de acordo com dados de julho deste ano.

De lá para cá, foram muitos os momentos determinantes para a política, a economia e a estrutura energética do Brasil em que ela teve papel central, e seu gigantismo foi sendo formado aos poucos, com a contribuição de muitos trabalhadores e operários. Hoje, somente contando os funcionários concursados, a estatal conta com 86.040 empregados.

Cinco anos depois da formalização da primeira petroleira brasileira, que já nasceu com o monopólio de pesquisa, lavra, refino e transporte marítimo e por dutos do petróleo nacional, foi criada a identidade visual da Petrobrás (foto à direita), trazendo as cores e grande similaridade com a bandeira do país.

HOMENS AO MAR

Em 1961, foram dados os primeiros passos para o que hoje é a maior bandeira e o maior motivo de orgulho da empresa: a exploração marítima de petróleo. Começaram as pesquisas, com prospecções em uma faixa do litoral brasileiro que ia do Maranhão ao Espírito Santo, dentro da plataforma continental (com até 200 metros de profundidade), mas as primeiras notícias não foram positivas. Só em 1968, no campo de Guaricema, na bacia do Sergipe, é que a primeira plataforma de exploração marítima entrou em operação. Dali viriam os primeiros passos para as grandes descobertas na Bacia de Campos, mas hoje, 45 anos depois, a região de Sergipe-Alagoas volta a ser destaque no portfólio da Petrobrás, onde a atual presidente, Maria das Graças Silva Foster, disse recentemente ter feito “belas descobertas”, com uma “nova província petrolífera”.

Entre o início das pesquisas no mar e a primeira descoberta em águas rasas, um fato de grande relevância na história da empresa foi consumado. Fundado em 1963, o Centro de Pesquisas da Petrobrás (Cenpes) passaria a ser referência mundial em tecnologia de ponta ao longo das décadas seguintes. Uma unidade do tipo estava nas discussões do governo desde 1940, mas a decisão só veio naquele início da década de 60, tendo as obras concluídas em 1966. Hoje, o polo de pesquisa reúne 1.897 empregados, dos quais 1.420 se dedicam exclusivamente à pesquisa e desenvolvimento e 314 à engenharia básica dos projetos. Além disso, a área de seu entorno está se transformando em um parque tecnológico internacional, com a instalação de muitas novas unidades de pesquisa de empresas multinacionais, como FMC Technologies, Halliburton, Schlumberger, General Electric, entre outras.

Passando à década de 70, apenas oito anos depois do início da exploração marítima realizado pela plataforma P-1, em Sergipe, é que o primeiro óleo seria retirado da Bacia de Campos, no campo de Enchova, onde a produção comercial seria iniciada no ano seguinte, em 1977, com 10 mil barris por dia. A década foi marcada por outros pontos importantes na trajetória da estatal, como a criação da BR Distribuidora, em 1971, o desenvolvimento da tecnologia para explorar o óleo e o gás de folhelho (conhecido como xisto), em 1972, a inauguração do edifício sede (Edise), em 1974, e a criação do Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool), em 1975, cujo objetivo era buscar um combustível alternativo aos derivados do petróleo e diminuir a dependência nacional do hidrocarboneto.

MERGULHO SEM FIM

Se os anos 70 marcaram as primeiras grandes descobertas na Bacia de Campos, a década de 80 veio para fincar de vez a marca da Petrobrás no fundo do mar. Em 1984, era descoberto o campo de Albacora, o primeiro em águas profundas, e em 1987 veio a notícia de que uma nova área do tipo havia sido encontrada: Marlim.

Ali se travavam passos pioneiros no Brasil e no mundo, que levaram a empresa a ganhar pela primeira vez o prêmio mais importante da indústria do petróleo offshore, o Distinguished Achievement Award, concedido pela Offshore Technology Conferente (OTC), em Houston (EUA), em 1992. Desde então, a petroleira, que bateu muitos recordes mundiais em águas profundas, já recebeu o prêmio outras duas vezes.

Poucos anos depois da premiação, uma mudança significativa viria a ocorrer no Brasil. Em 1997, durante o governo Fernando Henrique, a lei que criara a Petrobrás é revogada, em nome de uma nova, que muda a regulamentação da exploração de petróleo em território nacional. A partir de então, ela deixa de ser um monopólio estatal e passa ao regime de livre iniciativa, com a criação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) no mesmo ano.

Após a criação da Transpetro em 1998, outro marco, a estatal entra na década de 2000 investindo também em geração de energia elétrica, tanto com o fornecimento de gás a termelétricas, como com a aquisição de unidades do tipo. As medidas vinham alinhadas com a política governamental, que passava por uma crise no fornecimento energético. Hoje a petroleira é a 7ª maior geradora do país, com potência instalada de 6,9 mil MW.

O ano de 2003 foi de grande importância para a empresa e para todo o mercado ligado à indústria de petróleo nacional. No mesmo momento em que a petroleira atingiu a marca de 2 milhões de barris produzidos por dia, ela se comprometia a aumentar o índice de conteúdo local na cadeia de fornecedores. Com a criação do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) pelo governo federal, muitas empresas se voltaram ao segmento petrolífero no Brasil, além de muitas companhias internacionais terem sido impulsionadas a se instalar de vez no país. Dificuldades foram surgindo, como ainda surgem, mas o mercado brasileiro teve bastante o que comemorar.

O PRÉ-SAL

Mais motivos ainda vieram em 2006, quando foi anunciada a descoberta do pré-sal, uma das maiores províncias petrolíferas encontradas nos últimos anos. Após sete anos, a região já tem papel bastante relevante na produção de petróleo no Brasil, tendo chegado à média de 302 mil barris por dia em agosto, mais de 15% do total nacional. Nas previsões da Petrobrás, esse percentual deve atingir 31% em 2016 e 47% em 2020, até quando ela pretende alcançar a produção diária de 4,2 milhões de barris.

Quando viram o tamanho da descoberta que estava em frente à costa Sudeste do país, os governantes decidiram parar as licitações daquela área e começaram a desenvolver um novo marco regulatório, específico para o pré-sal, que veio a ser estabelecido em dezembro de 2010. A partir de então, ali só poderia haver exploração sob o regime de partilha, em que as petroleiras vencedoras dos certames repassariam uma parte da produção ao Estado brasileiro.

Como era de se esperar, a Petrobrás não ficaria de fora, e a lei estabeleceu ainda que ela será a operadora em todos os blocos na província petrolífera e terá pelo menos 30% de participação em cada um deles. Agora, quase três anos depois, estamos há menos de 20 dias do primeiro leilão do pré-sal, que vai ofertar a área de Libra, na Bacia de Santos, em 21 de outubro. A ANP fixou o bônus a ser pago pelo consórcio vencedor em R$ 15 bilhões, além de uma participação mínima de 41,65% do óleo lucro para o governo. Há 11 petroleiras habilitadas para o certame, incluindo a Petrobrás, mas a formação dos consórcios ainda não foi divulgada.

Recentemente, em entrevista coletiva, a presidente da estatal disse que ainda se sente surpresa com as conquistas da empresa:

“Eu vejo a Petrobrás hoje, com 60 anos, eu que estou nela há mais de 30, nunca imaginei que chegaríamos a ter esse portfólio tão grande, com tantas oportunidades claras, objetivas e materiais”.

Com as grandes reservas descobertas, veio o enorme desafio de investimentos para dar conta de tantas oportunidades. Para lidar com esse quadro, a petroleira fez a maior capitalização da história mundial, angariando US$  69,9 bilhões (R$ 120 bilhões naquele momento). Foi um sucesso extraordinário e também o ponto alto de cotações que sofreram uma enorme desvalorização de lá para cá.

Alguns atrasos, o controle do governo sobre o preço dos combustíveis e fatores internacionais levaram as ações da empresa a níveis baixíssimos, levando-se em conta todos seus ativos. Graça também falou sobre isso nos últimos dias e se mostrou otimista com os próximos balanços.

“A gente hoje tem R$ 185 bilhões de ativos em obras e mais R$ 345 bilhões já dentro dos planos para concluir esses ativos, temos 12 refinarias, 20 unidades termelétricas, temos 160 unidades de produção, quer dizer, o valor de mercado não é justo. Temos reservas, reservas e reservas. Temos o melhor portfólio, com uma excelente equipe, então não fecha esse número do valor de ação. Mas estamos sendo remunerados por aquele valor, então eu tenho certeza que, com a produção crescente, com este refino que já estamos fazendo sem ter Comperj e Rnest prontas, com a disciplina que temos, vamos entregar aquilo que o analista e o investidor querem ver”, disse, em 27 de setembro.

Fontes:

Memória Petrobrás

Exposição 60 anos Petrobrás

CPDoc FGV

Lei 2004

Produção da Petrobrás em agosto

Produção nacional em agosto

Recorde de refino nacional em julho

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