IBP VAI APRESENTAR PROPOSTAS DE MUDANÇAS NA POLÍTICA DE CONTEÚDO LOCAL NO DIA 25
O Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), alguns meses depois de passar por uma troca de comando, prepara agora uma lista de propostas de mudanças no conteúdo local para apresentar ao governo brasileiro. O novo presidente do Instituto, Jorge Camargo, assumiu em março o posto que antes foi ocupado por João Carlos de Luca por 14 anos, trazendo uma longa trajetória na indústria de óleo e gás. Formado em geologia pela Universidade de Brasília, em 1976, Camargo entrou no mesmo ano na Petrobrás, onde ficou até 2003, passando pelos cargos de gerente geral da estatal no Reino Unido, de presidente da Braspetro e de diretor internacional da companhia. Depois disso, passou também pelo cargo de vice-presidente sênior da Statoil na Noruega e presidente da companhia no Brasil, além de ocupar vagas em uma série de conselhos administrativos de empresas do setor. Com toda esta bagagem, o executivo acredita que a indústria brasileira já é competitiva em algumas áreas, mas diz que o País precisa aprimorar as regras de conteúdo local para eleger prioridades. Na visão de Camargo, os ajustes devem focar a política em dois principais objetivos: áreas com tecnologia intensiva e que agreguem valor socioeconômico. Para tentar ajudar neste sentido, o IBP vai apresentar ao governo, no dia 25 deste mês, as propostas elaboradas com este intuito.
Como o IBP vê as mudanças nas regras de conteúdo local que foram anunciadas pelo ministro Eduardo Braga?
Concordo com a visão dele. Precisamos aprimorar e evoluir neste sentido. A indústria é a favor do conteúdo local, mas temos que aprender com os erros e acertos do que já foi feito. Estamos vivendo um momento de transição. Termina um ciclo, no meio de uma crise, e estamos começando um novo ciclo, em que precisamos refletir sobre como podemos construir essa indústria local de uma forma sustentável e competitiva.
De que forma isso pode ser feito?
O IBP tem várias sugestões neste sentido. Desde tirar o conteúdo local da lista de itens de classificação nos leilões da ANP, como fator de bid, até buscar maneiras mais simples de medir os índices atingidos, com um conteúdo local mais realista, focado nas áreas em que o País tem competência. Não adianta querer fazer tudo. Nenhum País consegue fazer tudo. Tem algumas áreas em que somos competentes e competitivos, enquanto em outras não. Estamos nesse período de reprogramação do conteúdo local.
Quais os setores em que o Brasil tem tido mais dificuldade para atingir estes índices?
Não temos uma política como setor. Temos uma proposta que vamos apresentar mostrando áreas em que vemos mais capacidade da indústria local para agregar valor socioeconômico, em termos de emprego, impostos e tecnologias. Tem várias áreas incluídas nisso. Além disso, há outras em que somos naturalmente competitivos. Gostaríamos de propor ao governo que foque nestes dois objetivos, dando incentivo ao invés de manter uma política de penalização. Buscando mais valor agregado, deixando outras áreas que não são tão intensivas em tecnologia ou em valor socioeconômico.
Acredita que a carga tributária brasileira, as exigências de QSMS do Brasil, a legislação trabalhista etc, são um fator de desestímulo para a indústria nacional?
Temos que olhar de uma forma holística. A competitividade é construída por fatores que não dependem só da indústria, mas também do ambiente regulatório, do regime tributário, trabalhista etc. Acho que o QSMS é fundamental, a indústria vai apoiar sempre uma política de segurança e meio ambiente…
Mas muito do que a Petrobrás exige no Brasil ela não exige na China…
Não é a Petrobrás que exige. O Brasil tem uma legislação e a China tem outra…
Mas como competir assim?
Tem algumas áreas em que não vamos competir. Nem com a China, nem com a Noruega, nem com outros países. Mas em outras áreas nós somos competitivos. Então é isso que dá a beleza e a diversidade de competências.
Quando vão apresentar essas propostas?
Em 25 de maio vamos apresentar nossas propostas de áreas em que a indústria deve focar os seus esforços.
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