REESTÍMULO A POÇOS DE PETRÓLEO TRAZ NOVAS ESPERANÇAS AO SETOR DE XISTO NOS EUA

Técnica velha, aplicação nova. Um novo horizonte tem se formado no setor petrolífero norte-americano com a utilização de estímulos a poços horizontais abertos, um método que pode ampliar muito a capacidade produtiva do segmento de xisto no país. Chamada por profissionais da área de “refratura”, a técnica visa reestimular o fluxo de petróleo em campos de exploração e promete expandir a vida útil desses poços. Apesar dos riscos, o método vem despertando o interesse de grandes empresas devido à sua capacidade de retorno financeiro.

Um estudo realizado sobre 80 poços refraturados anos após sua exploração revela um amplo crescimento produtivo. Os poços produziram em média 30% mais petróleo no mês seguinte à aplicação da técnica do que depois de sua finalização original. O processo era comumente realizado sobre reservas em envelhecimento, mas agora tem se expandido amplamente pelo setor.

Os riscos envolvem atingir poços adjacentes e possivelmente comprometer reservas inteiras. O aumento prometido com a refratura, no entanto, é decisivo para um setor que vem tentando reduzir custos produtivos em meio ao cenário de baixos preços do barril de petróleo. O segmento de xisto enxerga o método como uma solução ao curto período de vida útil de seus poços, que podem apresentar queda de produção pouco tempo após o início do processo exploratório.

Na refratura, água, areia e produtos químicos são empurrados dentro do poço, para além das áreas já exploradas, no intuito de gerar novas fissuras ou reabrir fendas já fechadas. É um processo simples, mas que abre margem a diversas possibilidades. “Há sempre o risco de que se possa danificar o depósito ou criar interferência entre poços”, afirma o dirigente mundial do grupo de avaliação de recursos naturais e assessoria do escritório de Houston da Deloitte, Robin Mann, para quem o método ainda está em seus “primórdios”.

A tendência, no entanto, é de crescimento. “Estamos assistindo a grandes mudanças na tecnologia de finalização, e tudo indica que elas só vão continuar”, diz o analista das áreas de exploração e produção de petróleo da Wood Mackenzie em Houston, R.T. Dukes. Segundo ele, existem cerca de 100 mil poços horizontais que podem ser reestimulados. Nos EUA, foram feitas até agora poucas centenas de refraturas, número que deverá crescer para 3 mil ao longo dos próximos dois anos. De acordo com estimativa da IHS, elas devem perfazer, até 2020, cerca de 11% de toda a atividade de fratura hidráulica do país.

A Sanchez Energy, petroleira sediada em Houston, estima que deverá gastar entre US$ 1 milhão e US$ 1,5 milhão por poço quando der início às suas primeiras refraturas em poços horizontais. O volume de produção gerado no processo pode valer até US$ 2,5 milhões, segundo o vice-presidente e diretor operacional da empresa, Cris Heinson. “Havia um grande número de poços que, pelo que sabemos, foram finalizados originalmente com algo que poderíamos fazer melhor hoje. Isso é muito empolgante”, afirma o executivo, que ressalta: “É um preço tentador”.