DEPOIMENTO DE JULIO CAMARGO ENVOLVE SERIAMENTE O EX-MINISTRO JOSÉ DIRCEU. PRISÃO PARECE IMINENTE
Agora se compreende melhor a preocupação do advogado do ex-ministro José Dirceu, em pedir um habeas corpus preventivo para que seu cliente não seja preso e investigado a fundo pela Operação Lava Lato. Nesta terça-feira (14), o empresário Julio Camargo disse ao juiz Sergio Moro, em depoimento à Justiça Federal em Curitiba, que entregou R$ 4 milhões para Dirceu a pedido do ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque. Ligado ao grupo Toyo Setal, Camargo fez essa declaração durante o segundo dia de interrogatório dos réus da Lava-Jato, de acordo com o advogado Edward Carvalho, que acompanhou a audiência representando a construtora OAS. O empresário colabora com a Justiça Federal desde dezembro do ano passado. O advogado de Dirceu, Roberto Podval, no entanto, como era de se esperar, nega que seu cliente tenha recebido esse valor de Júlio Camargo. Depois desse depoimento e das provas em poder das autoridades, a prisão de Dirceu parece estar bem próxima.
A Polícia Federal já rastreou o caminho do dinheiro que liga as empresas envolvidas no escândalo da Petrobrás a Dirceu. Antes de chegar à JD Consultoria, do ex-ministro, o dinheiro passou por dois intermediários. Um deles, Milton Pascowitch, dono da empresa Jamp, que disse em delação premiada que o pagamento feito a Dirceu era propina oriunda dos desvios da Petrobrás.
Laudo da PF mostra que, de 2009 a 2014, durante a vigência do contrato de obras da refinaria, a Camargo Corrêa repassou R$ 67,7 milhões a duas empresas do consultor Julio Camargo, a Piemonte, que recebeu R$ 22,7 milhões, e a Treviso, para a qual foram repassados R$ 45,048 milhões. No mesmo período, essas duas empresas depositaram R$ 1,375 milhão à Pascowitch.
Camargo foi o segundo a ser ouvido pelo juiz Sergio Moro, da 4ª Vara Federal. Pedro Barusco, ex-gerente executivo da Petrobrás, havia sido o primeiro a ser interrogado. Ele falou por cerca de três horas. De acordo com o advogado Jeffrey Chiquini, Barusco reafirmou que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, centralizava o recebimento do dinheiro propina do PT.
O ex-gerente de Serviços da Petrobrás também disse que recebeu US$ 200 milhões brutos para ser distribuído no esquema. Barusco ainda afirmou que ficou com US$ 20 milhões no Brasil e que, só ele, entregou US$ 12 milhões ao ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque.
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