ENGIE ESTUDA INVESTIR EM CENTRAIS NUCLEARES NO BRASIL E DEFENDE PARTICIPAÇÃO DE EMPRESAS PRIVADAS NO SETOR | Petronotícias




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ENGIE ESTUDA INVESTIR EM CENTRAIS NUCLEARES NO BRASIL E DEFENDE PARTICIPAÇÃO DE EMPRESAS PRIVADAS NO SETOR

Por Luigi Mazza (luigi@petronotícias.com.br) –

Gustavo LabancaO Brasil detém a experiência e a tecnologia necessárias para desenvolver novas bases de geração nuclear, mas continua emperrado em um modelo desgastado que impede a participação da iniciativa privada no setor. A questão vem sendo debatida com integrantes do governo para que seja feita uma alteração no atual regime, e tudo aponta para a necessidade de uma mudança constitucional. É o que afirmam as principais vozes atuantes no segmento, entre as quais a do diretor de Desenvolvimento de Negócios da Engie Brasil, Gustavo Labanca. Detentora de projetos de geração voltados para o uso das mais diversas fontes de energia, a Engie tem interesse em expandir seu portfólio para a área nuclear e vem movimentando esforços junto à Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN) com o objetivo de desenvolver novas bases para o setor no país. Entre elas, um plano de pesquisa e desenvolvimento que permita a criação de um modelo de negócios para a instalação de novas centrais na indústria brasileira. A mudança deve atrair novos investimentos para a área e pode acontecer a longo prazo, mas outras medidas importantes podem ser adotadas como ponto de partida, afirma Labanca, que considera fundamental a inclusão do setor no plano decenal de expansão energética. “Hoje falta uma sinalização do governo. Colocando um projeto nuclear dentro do plano, você movimenta a indústria e faz com que as instituições se motivem”, afirma o executivo.

Que estudos vem sendo feitos pela Engie para o setor nuclear?

Nós temos dois projetos nucleares em desenvolvimento na Turquia e na Inglaterra, e temos interesse em desenvolver novas centrais no Brasil. Ainda há algumas barreiras para serem superadas, como a questão da participação da iniciativa privada, porque ainda não ficou claro se as empresas podem ou não participação da geração nuclear. Estamos trabalhando junto à ABDAN para dar contribuições ao governo, e entendemos que precisa de uma mudança constitucional. E também estamos trabalhando para aprovar um P&D na área nuclear, que hoje não existe, para criar um modelo de negócios para a instalação de novas centrais no país. Tem muita coisa a ser feita.

Como tem sido o diálogo acerca da participação privada no setor?

Acho que o governo reconhece que precisa de parcerias com a iniciativa privada para desenvolver novas centrais, e reconhece também que precisa melhorar o modelo de negócios para isso. Mas essa mudança acontece a médio e longo prazo. O plano decenal, por exemplo, nunca inclui a área nuclear. Se você gera um sinal para o mercado, colocando um projeto nuclear dentro do plano, você movimenta a indústria e faz com que as instituições se motivem. Hoje falta uma sinalização do governo. Precisamos ter um ponto de partida, e isso poderia ser a inclusão do setor no plano decenal.

Como avalia o desenvolvimento do segmento no Brasil?

O Brasil domina a tecnologia e a experiência necessárias, mas isso está sendo aposentado. É importante que os jovens se interessem e que o país tenha uma base firme. A nossa geração precisa passar a experiência para a próxima. É preciso que haja sinalização, e se você coloca no plano, você gera uma referência.

Que projetos têm sido feitos com a ABDAN?

Nós temos contato com o Ministério de Minas e Energia, já estivemos na Aneel para discutir o plano de pesquisa e desenvolvimento e falamos com a Presidente da República sobre a importância da energia nuclear na matriz brasileira. São ações pontuais. A Engie já está presente no país com todas as fontes energéticas, e agora só falta a nuclear.

A empresa possui alguma área como foco principal hoje?

Temos o foco de manter nosso mercado e crescer no Brasil, e estamos fazendo isso de várias maneiras. Nós lideramos hoje o consórcio que está terminando a obra de Jirau, que já tem 35 unidades prontas em um total de 50, com quase 2.600 MW em operação. Temos também alguns projetos eólicos em construção no Ceará e no Rio Grande do Norte, além de um projeto grande que está em fase de desenvolvimento na Bahia. Estamos também construindo uma térmica a carvão em Pampa, na região Sul.

Como enxerga hoje o aumento das tarifas no setor energético?

É preciso distinguir questões conjunturais de questões momentâneas. Temos visto, há alguns anos, um cenário com chuvas abaixo da média que contribuiu para reduzir a capacidade de armazenamento dos reservatórios brasileiros. Isso resultou em um despacho termelétrico acima do previsto, e por isso o consumidor está sendo muito onerado. Se analisarmos a oferta a longo prazo, as plantas que vem sendo planejadas deverão entrar em operação com um custo mais competitivo que as térmicas de hoje. As eólicas, por exemplo, trazem uma geração que deve aumentar a oferta nos próximos anos com uma tarifa bem mais barata. No médio prazo, portanto, isso tende a melhorar. O principal desafio que temos hoje é conseguir uma estabilidade regulatória no setor. Isso é fundamental para contribuir com novos investimentos.

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