CERVERÓ ACUSA DILMA DE CONHECER DETALHES DE PASADENA E PROMETE DEVOLVER MAIS DE R$ 18 MILHÕES

O ex-diretor internacional da Petrobrás Nestor Cerveró abriu a artilharia contra a presidente afastada Dilma Rousseff em seus depoimentos à força-tarefa da Operação Lava Jato, a partir do acordo de delação premiada, e fez acusações de que ela sabia de todos os detalhes da negociação da refinaria de Pasadena, além de afirmar que ela deveria saber das propinas pagas a políticos do PT. As declarações dele foram tornadas públicas pelo ministro do STF Teori Zavascki, sendo que o acordo assinado por Cerveró prevê que ele devolva R$ 18,37 milhões ao Tesouro Nacional e à Petrobrás, além de deixar a prisão no próximo dia 24.

Os depoimentos foram prestados ainda em dezembro do ano passado e nos relatórios da investigação constam declarações do executivo de que “Dilma Rousseff acompanhava de perto os assuntos referentes à Petrobrás; que Dilma Rousseff, inclusive, tinha uma sala na sede da Petrobrás no Rio de Janeiro; que Dilma Rousseff frequentava constantemente a Petrobrás, usando essa sala, no Rio de Janeiro; Que Dilma Rousseff conhecia com detalhes os negócios da Petrobrás”, inclusive de Pasadena.

Apesar disso, ele não deu provas ou indicações efetivas de que ela esteve a par dos pagamentos de propinas, afirmando apenas que supunha haver o conhecimento dela neste quesito. “O declarante nunca tratou diretamente com Dilma Rousseff sobre o repasse de propina, seja para ela, seja para políticos, seja para o Partido dos Trabalhadores. Que o declarante não tem conhecimento de que Dilma Rousseff tenha solicitado, na Petrobrás, recursos para ela, para políticos ou para o Partido dos Trabalhadores”, indica outro trecho do documento.

Ele também faz acusações ao ex-senador Delcídio Amaral, afirmando que parte das propinas que recebeu foram repassadas a ele, assim como relatou uma pressão sofrida para auxiliar Delcídio na campanha para governador do Mato Grosso do Sul. Também houve acusações na delação em relação ao filho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Paulo Henrique Cardoso, que, segundo Cerveró, teria sido favorecido em contratos entre 1999 e 2000. No entanto, o filho de Fernando Henrique disse desconhecer as empresas mencionadas pelo ex-diretor da Petrobrás.

Cerveró agora terá que devolver a soma total de valores estipulada pela justiça, trazendo recursos do exterior e juntando com ações da Petrobrás que detém, além de dinheiro em contas nacionais e imóveis no Rio de Janeiro. Ele ficará ainda preso em regime domiciliar fechado diferenciado durante um ano e meio, em sua casa em Itaipava. A partir de então, ficará mais um ano em regime domiciliar semiaberto diferenciado. Já depois de 24 de dezembro de 2018, cumprirá regime aberto diferenciado.