A BOLÍVIA PRECISARÁ DE UM INVESTIMENTO INTERNACIONAL PARA EXPLORAR SUA NOVA DESCOBERTA DE 1,7 TRILHÃO DE M³ DE GÁS | Petronotícias




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A BOLÍVIA PRECISARÁ DE UM INVESTIMENTO INTERNACIONAL PARA EXPLORAR SUA NOVA DESCOBERTA DE 1,7 TRILHÃO DE M³ DE GÁS

Luis ArceAparentemente, a presidente da Petrobrás, Magda Chambriard, está com sorte. Conforme noticiamos, ela disse na última semana que a empresa quer voltar a investir na busca de gás na Bolívia. Acontece que poucos dias depois, o presidente boliviano, Luís Arce (foto), anunciou no início desta semana a descoberta de vastas reservas de gás natural ao norte da capital La Paz, descrevendo-a como a maior descoberta em quase duas décadas que poderia ajudar o país com dificuldades financeiras a reverter sua queda na produção. A Bolívia precisará de investimentos estrangeiros para explorar a nova reserva. Só precisa combinar com o presidente Lula, que entregou de mão beijada uma refinaria da Petrobrás para o então presidente boliviano Evo Morales, para não repetir o mesmo gesto. Arce chama a descoberta de um “mega campo”, dizendo que tem cerca de 1,7 trilhão de metros cúbicos de gás a um provável valor de mercado de US$ 6,8 bilhões. O presidente diz ainda que o tesouro — chamado Mayaya X-1 — é uma maneira de reviver a indústria de gás da Bolívia. Esse foi o motor do crescimento robusto no início dos anos 2000, um período de exportações crescentes e pobreza em declínio que os especialistas chamaram de “milagre econômico” da Bolívia.

A notícia surge poucas semanas depois de o presidente boliviano ter admitido publicamente que a produção de gás natural começou a diminuir desde 2014 devido à falta de investimentos suficientes na exploração. “Há um declínio na produção que infelizmente vem caindo até atingir o fundo do poço”, disse. A descoberta de gás natural fará parte do Plano de Reativação da Produção Upstream da estatal de energia YPFB, que prevê o início de produção em 2026 ou 2027. A nova reserva aumentará significativamente os recursos de gás natural existentes da Bolívia, que eram de 8,95 Tcf (segundo dados de dezembro de 2018).

Na última década, a Bolívia posicionou-se como uma potência energética emergente na região. Em 2006, o então presidente Evo Morales nacionalizou a indústria. A falta de investimento estrangeiro na exploração levou a indústria à estagnação. No ano passado, as exportações de gás totalizaram US$ 2 bilhões, enquanto as importações de gasolina e diesel para consumo local totalizaram US$ 2,9 bilhões, levando o país de exportador a importador de hidrocarbonetos, segundo o Instituto Boliviano de Comércio Exterior (IBCE).

A nova descoberta acontece em um momento onde Brasil e Bolívia estão em negociações para negociar a compra de gás natural diretamente dos bolivianos, sem a intermediação da Petrobrás, reduzindo o preço do produto e aumentar a competitividade da indústria nacional. A expectativa é de que o custo da importação possa chegar a ter redução de cerca de 40% do valor praticado atualmente. Cerca de seis milhões de m³ por dia poderão ser entregues ao país a partir de outubro deste ano, sendo 4 milhões de m³ da Bolívia e outros 2 milhões de m³ da Argentina, passando pela Bolívia até chegar ao Brasil.

A queda na produção de petróleo e gás levou a Bolívia a uma crise energética. A produção de gás natural no país caiu de 56,6 milhões de metros cúbicos por dia (MMcmd) em 2016 para 31,9 MMcmd em 2023. O Brasil é o principal destino do gás boliviano. Somente no ano passado, o país importou 15,43 milhões de m³ de gás por dia da Bolívia.

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