A ELETRONUCLEAR DECIDE ADIAR A ENTREGA DAS PROPOSTAS PARA AS OBRAS CIVIS DE ANGRA 3 PARA 29 DE JUNHO
O cenário econômico adverso, a instabilidade cambial e o descontrole nos preços de insumos fundamentais, especialmente o aço, podem ter pesado na avaliação da Eletronuclear, que decidiu adiar a entrega das propostas para as obras civis e de montagem eletromecânica de Angra 3. Conforme noticiamos ontem, a expectativa era que as ofertas das licitantes fossem conhecidas na próxima quinta-feira (20). Contudo, a estatal nuclear anunciou hoje (14) que prorrogou o prazo para o dia 29 de junho. Mais cedo, no início da tarde de hoje, o diretor técnico da Eletronuclear, Ricardo Luis Pereira, já havia mencionado a possibilidade de adiamento da entrega de propostas na licitação, em função do atual momento da economia do país.
“Estamos revisitando o orçamento da obra civil em função dos efeitos da pandemia. Todos sabem que temos uma contratação na praça, com abertura de propostas prevista para o dia 20. Nós estamos reavaliando esses custos em função da pandemia. Se for necessário, nós adiaremos a abertura dessas propostas, se acharmos que existe uma variação significativa entre o orçamento que nós estabelecemos na obra civil e o que o mercado está indicado atualmente”, declarou Pereira durante o webinar “Eletronuclear: desafios e oportunidades” – organizado pela Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares. O encontro online foi transmitido ao vivo pelo Petronotícias.
A reportagem do Petronotícias questionou o diretor técnico durante o evento sobre os efeitos do descontrole no preço do aço no empreendimento. Conforme noticiamos nesta semana, a S&P Global Platts disse que o valor do insumo está em níveis recordes no Brasil. O aumento é astronômico e chega a bater incríveis 150% nos últimos 12 meses. Pereira disse que a Eletronuclear irá ter cautela e esperar por mais um período para avaliar quais serão os reais impactos da alta nos insumos no mercado brasileiro.
“Quanto às ações que vão ser tomadas, eu espero avaliar essa situação, sabendo o tamanho do problema. Porque temos que ver qual será o impacto no orçamento para, efetivamente, ter a solução. Seria um pouco prematuro qualquer coisa que eu dissesse hoje em relação a soluções adicionais em função do aumento do aço, do concreto ou da brita. Eu vou aguardar e, no momento adequado, em função do efeito que ocorrer, me disponho a conversar com os interessados e esclarecer qual impacto que terá e como será contornado”, ponderou.
A usina de Angra 3 atualmente está com progresso físico global de 62%. A parte de engenharia está com avanço de 84%, enquanto que a construção civil possui 67% completados. Durante a apresentação da Eletronuclear no evento de hoje, a empresa estimou que será necessários investimentos de R$ 17 bilhões. Somente o chamando “Plano de Aceleração da Linha Crítica da Usina” – que visa adiantar a conclusão de algumas partes fundamentais da obra – receberá investimentos de R$ 6 bilhões. O edital de construção civil e de montagem eletromecânica que foi adiado está relacionado a esse plano.
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