ABDAN APRESENTA PROPOSTAS SOBRE FUNCIONAMENTO DO COMITÊ DE DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA NUCLEAR BRASILEIRO
Enquanto segue esperando pela retomada das obras de Angra 3, a indústria nuclear se movimenta. A Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan) participou de um encontro, em Brasília, com o Secretário de Coordenação de Sistemas, o Contra-Almirante Noriaki Wada. O objetivo da reunião foi discutir a recente retomada das atividades do Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro. O presidente da Abdan, Celso Cunha, explicou que a associação colocou uma série de sugestões na ocasião. “As principais propostas foram a questão da política nuclear e a redefinição da estrutura nuclear no Brasil”, afirmou Cunha.
A secretaria liderada por Noriaki Wada faz parte do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, que é o responsável pelo Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro. Na reunião com a Abdan, ficou decidido que a associação terá novos encontros com o secretário para realizar propostas sobre o desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro. Celso Cunha afirmou que as sugestões que a Abdan fará vão ser decididas em breve pelo colegiado da entidade.
No dia 22 de junho, um novo decreto transferiu a coordenação do Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro para o Ministro Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. E é este comitê o responsável por definir diretrizes e metas para o desenvolvimento do programa nuclear nacional.
Na véspera do encontro com o presidente da Abdan, o governo já havia decidido pela criação, em breve, de três sub-grupos dentro do comitê: um para elaborar a proposta da política nuclear brasileira, outro para estudar a conveniência da flexibilização do monopólio da exploração dos minerais nucleares, e o terceiro para estudar a flexibilização do monopólio da produção de radiofármacos. A criação destes grupos foi decidida durante reunião com a participação de diversos ministérios, dentre eles o de Minas e Energia. A pasta, inclusive, reafirmou durante o encontro seu compromisso em concluir as obras da Usina de Angra 3.
A retomada de Angra 3 é crucial para destravar investimentos e incentivar toda a cadeira de empresas do setor nuclear. Fora isso, existem também o impacto social por trás do reinício das obras. “A construção da usina, segundo estimativas apresentadas pela Eletronuclear, vai gerar R$ 4 bilhões em impostos ao longo dos anos. Além disso, a obra vai também proporcionar 54 mil empregos diretos e indiretos“, apontou o presidente da Abdan, referindo-se a um estudo feito pela Eletronuclear e a Fundação Getúlio Vargas.
No início do mês, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, frustrou toda a indústria nuclear ao anunciar que o reinício das obras aconteceria apenas em 2019. Não é apenas o interesse das empresas do setor que está em jogo, mas sim o futuro energético brasileiro. As possíveis novas hidrelétricas brasileiras estão com extremas restrições para ter reservatórios – elas só podem gerar a fio d’água. Isto é, ficamos dependentes da chuva. Em tempos de seca, o jeito será apelar para as térmicas a gás. As fontes solar e eólica são importantes, mas não geram constantemente a mesma quantidade de energia, deixando assim a necessidade de uma fonte de geração firme e não poluente, como é o caso da nuclear. Na visão de Celso Cunha, a Eletronuclear precisa acelerar a retomada das obras, já que o segmento nuclear precisa que a retomada de Angra 3 aconteça em 2018.
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