ABEMI QUER MAIOR APOIO DO GOVERNO PARA INDÚSTRIA NAVAL

mullerEm sua apresentação na conferência de Óleo e Gás da Rio Conferences, no Rio de Janeiro, o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (ABEMI), Antônio Müller (foto), falou sobre a perda de competitividade da indústria naval brasileira. Segundo ele o programa do conteúdo local é um sucesso, mas é preciso avaliar o que é estratégico e o que não é. “A ABEMI apoia o conteúdo local e, junto com a Petrobrás, está investindo em produtividade. Estamos preocupados com a engenharia básica das empresas, que não tem mostrado capacidade”, disse.

De acordo com o presidente da ABEMI, a indústria vem se aplicando bastante no desenvolvimento de tecnologias de ponta, mas não depende só de si para atingir seus objetivos. “O governo também deve assumir seu papel. Não precisa entrar com dinheiro. É só dar condições por meio de incentivos tributários, por exemplo. Continuidade e sustentabilidade são importantes para quem investe, mas não houve leilão de blocos exploratórios neste ano”, afirmou. Müller complementou dizendo que a indústria brasileira tem concorrentes importantes investindo em conteúdo local, como Colômbia, México e Angola.

 O assessor de conteúdo local da presidência da Petrobrás, Paulo Alonso, destacou o aumento da produtividade dos estaleiros como a questão do momento. “É o que estamos discutindo na Petrobrás e no Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp)”, disse. Segundo Alonso, a indústria naval brasileira iniciou sua recuperação com as encomendas de 38 plataformas de produção, 28 sondas de perfuração, 88 navios e 146 barcos de apoio por parte da Petrobrás. Para ele, a meta da indústria naval é conseguir competir em prazo, custo e qualidade. “É um avião que está sofrendo intervenção de manutenção enquanto voa”, comparou.

Segundo o executivo, os desafios para isso são planejamento de gestão, capacitação do pessoal de execução e de supervisão e integração da cadeia de suprimento. “Como a indústria naval ficou parada por muitos anos, não podemos recuperar essas habilidades da noite para o dia. As tecnologias evoluíram muito e os profissionais devem ser treinados para isso. Também não basta haver um grande estaleiro se não tiver uma cadeia em volta dele”, explicou.

O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Engenharia Naval (Sobena), Luiz de Matos, disse que, para se inserir no mercado, é necessário ser competitivo. “No Brasil, temos o costume de esperar o governo, mas a responsabilidade também passa pelas empresas. A política de conteúdo local contribuiu para alavancar a indústria naval e o Prominp, que fez 10 anos recentemente, também trouxe avanços”. Ainda sobre a questão do conteúdo local, o executivo disse que a incerteza sobre o que poderá acontecer depois traz insegurança. “É preciso entender as regras do jogo. Conteúdo local tem que ser política de Estado. Quando a empresa acha que é política de governo, fica receosa em investir”, afirmou.

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Acredito que estamos encarando a produtividade só no lado da mão de obra direta, porém vejo que nosso pior momento está na parte de engenharia, planejamento e fornecimento. Podemos fazer um profissional, soldador, um encanador e outros profissionais da montagem eletromecânica de 3 a 6 meses. Porém o que está vindo de projeto e detalhamento, planejamento e fornecimento de materiais errados são muito grandes. A engenharia chega a emitir isométrico com revisão “E”, isso significa cinco vezes os mesmos spools. O planejamento não é como antigamente e era o responsável direto pela produtividade da obra. Os materiais eram comprados pela… Read more »