DUQUE CHAMA MENDONÇA DE MENTIROSO E AFIRMA QUE ENCONTROS COM VACCARI ERAM SOBRE ASSUNTOS GERAIS

Renato DuqueMuitas acusações e pouco consenso na CPI da Petrobrás. A acareação entre investigados da Operação Lava-Jato nesta quarta-feira (2) ainda não conseguiu trazer conclusões firmes a respeito da versão dos fatos apresentada pelo presidente da Toyo Setal, Augusto Mendonça, que afirma ter efetuado pagamento de propinas de até R$ 60 milhões ao ex-diretor de Serviços da estatal, Renato Duque. Frente ao depoimento do executivo, Duque negou ter pedido repasses e acusou o delator de mentir em suas afirmações. Questionado por parlamentares sobre a natureza dos seus encontros com o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, João Vaccari Neto, Duque afirmou que eram sobre assuntos gerais, mas não foi muito convincente na resposta. O congressista ressaltou o fato do ex-diretor não ser filiado ao PT, tentando entender o que Vaccari e Duque tinham em comum, mas o ex-tesoureiro optou pelo silêncio durante a sessão.

Enquanto o presidente da Toyo Setal enfatizou os pagamentos feito pelo consórcio de sua companhia, Duque apontou para supostas incoerências na fala do executivo. “São propinas de contratos de 2013, quando eu já não estava na Petrobrás há um ano. Ele é mentiroso e sabe disso”, afirmou o ex-funcionário da estatal, que atualmente se encontra preso no Complexo Médico-Penal de Curitiba, sob acusações de envolvimento em fraudes contratuais da companhia.

De acordo com o depoimento de Mendonça, a Toyo Setal teria se envolvido com a estatal por meio de dois contratos, com repasses cujos valores foram firmados pelo ex-gerente da Petrobrás, Pedro Barusco e pelo lobista Mário Goes. Questionado por uma deputada, Mendonça negou a existência de outros pagamentos. Os documentos citados pelo executivo foram enviados ao Ministério Público Federal (MPF), junto a notas fiscais comprovando as saídas de recursos da empresa.

As afirmações, no entanto, foram confrontadas por Duque, que diversas vezes acusou Mendonça de mentiroso. A existência de um intermediário citado pelo executivo da Setal, cujo apelido seria “Tigrão”, foi questionada pelo ex-funcionário da estatal, que apontou para a falta de provas na fala do delator. “O senhor Augusto não provou nada porque não tem nada para provar. Estou aqui para fazer uma acareação com ele, para provar que ele mente”.

Além de afirmar que mantinha apenas relações profissionais com Mendonça, Duque apontou os repasses indicados pelo executivo não batem com os valores emitidos pela empresa. De acordo com Duque, o presidente da Setal afirma que repassou R$ 33 milhões ao empresário Júlio Camargo, dos quais R$ 12 milhões teriam sido direcionados ao pagamento de propinas. Apontando para a falta de esclarecimento quanto aos R$ 21 milhões restantes, o ex-diretor da Petrobrás acusou Mendonça de roubo. “Não é opinião, é matemática”, afirmou ele.

O ex-diretor da Petrobrás disse que ficaria em silêncio na acareação, mas preferiu falar quando lhe interessou, se calando apenas quando questionado acerca de atritos em negociações de empreiteiras com Barusco, que seria subordinado a Duque na hierarquia estabelecida na estatal.  Quando sua condição física foi trazida à tona por um parlamentar, Duque  foi poético e disse que “cadeia faz mal à alma”.

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RENATO DUQUE: ARROGÂNCIA DE UM DIRETOR TODO PODEROSO NA PETROBRAS AO DESESPERADO E ABOBADO PERSONAGEM NO DERRADEIRO DEPOIMENTO NA LAVA JATO. O juiz Sérgio Moro, já havia classificado como “assustador” o fato de que o pagamento de propinas para o ex-diretor tenha continuado a acontecer no segundo semestre de 2014, meses após a deflagração da investigação sobre o esquema de corrupção na Petrobras. De fato, naquela data, o Renato Duque não acreditava em hipótese alguma que a investigação da Lava Jato pudesse prosperar, em face de sua convicção que as investigações da Lava Jato esbarrariam no anteparo do poder político… Read more »

Marcus Meurer Schlosser
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Marcus Meurer Schlosser

Renato Duque, no seu mundo imundo, onde seu próprio umbigo farto de prepotência, surpreendeu-se com o país que vive.
Que país é esse?
Esse é o país que vc tanto contribuiu, junto com a empresa que, por anos lhe abrigou e vc com sua ações, ajudou a afundar.
Vem agora invocar sua condição de pai, avô…. Um patriarca zeloso que respeito algum merece levando sua família para o mesmo ralo. Afinal, se beneficiaram também.
Vc está no lugar que merece, e que fique por aí, por longo tempo!