ADVOGADO DE CERVERÓ PERGUNTA PORQUE GRAÇA FOSTER TAMBÉM NÃO FOI PRESA
A cada dia que passa os desdobramentos do escândalo bilionário da Petrobrás ganha aparência de que as coisas não vão se acalmar e que o fim ainda está muito longe de chegar. A prisão de Nestor Cerveró, ex-diretor da estatal, quando chegada de Londres na madrugada desta quarta-feira (14) provocou novas provocações. Acusado pelo Ministério Público de tentar se desfazer de bens, transferir altas somas para a filha e ainda tentar burlar a justiça, Cerveró foi preso preventivamente na sede da Polícia Federal de Curitiba, onde alguns empresários ligados as empreiteiras envolvidas também estão.
O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, disse que a ordem para sua prisão foi determinada no dia primeiro de janeiro, quando seu cliente estava na Inglaterra. Ribeiro considerou “ risível” a justificativa para a prisão de seu cliente: “ É ilação contra o meu cliente” . O advogado negou que Cerveró tenha tentado sacar o dinheiro do fundo de previdência:
“ Ele fez apenas uma consulta.”
Segundo o MPF, a prisão preventiva foi requerida porque há fortes indícios de que Cerveró continua a praticar crimes, como a ocultação de bens e proveito do crime no exterior, além da transferência de dinheiro e imóveis para familiares. O MPF diz que há evidências de que ele tenta frustrar penalidades futuras. A prisão e buscas em apartamentos de Cerveró foram autorizadas pela Justiça.
Logo após o recebimento da denúncia e durante o recesso forense, o ex-diretor tentou transferir para sua filha meio milhão de reais – mesmo considerando que com tal operação haveria uma perda de mais de 20% da aplicação financeira. Cerveró também transferiu recentemente três apartamentos adquiridos com recursos de origem duvidosa, em valores nitidamente subfaturados: há evidências de que os imóveis possuem valor de mais de R$ 7 milhões, sendo que a operação foi declarada por apenas R$ 560 mil.
O advogado Edson Ribeiro fez um desafio ao MPF, envolvendo o nome da Presidente da Petrobrás:
“Por que não prenderam também Graça Foster ?”
Segundo o advogado Edson Ribeiro, Cerveró tentou de fato transferir R$ 500 mil para sua filha, que sofre de uma doença, e o dinheiro poderia ser necessário para alguma emergência enquanto estivesse fora do país. Mas não o fez, disse o advogado. Sobre a outra justificativa para a ordem de prisão de Cerveró – transferência de imóveis para familiares – , o advogado diz não acreditar que o magistrado responsável pelo processo tenha considerado isso um crime.
“ Se isso fosse crime, transferir bens antes de qualquer denúncia, então por que não mandaram prender a presidente da Petrobrás, Graça Foster, que também transferiu imóveis para familiares? Isso não é crime.”
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