AGÊNCIA INTERNACIONAL DE ENERGIA DIZ QUE INVESTIMENTOS EM EFICIÊNCIA AINDA ESTÃO AQUÉM DO ESPERADO PARA REDUZIR EMISSÕES
Os investimentos globais em eficiência energética ainda estão longe de níveis ideais para contribuir de forma decisiva com as metas de redução de emissões no planeta. O alerta foi feito pela Agência Internacional de Energia (AIE), que afirma que os recursos aplicados em eficiência precisam triplicar até 2030, de modo a colaborar com o objetivo de emissões zero líquidas até 2050. De um lado, a agência diz que o progresso global em eficiência energética recuperou seu ritmo pré-pandêmico. Esse nível, no entanto, ainda está aquém do que seria necessário para ajudar a colocar o mundo na caminhada rumo às metas climáticas de 2050. Para o diretor-geral da AIE, Fatih Birol (foto), a eficiência energética ainda é o meio mais barato e limpo para atendimento das demandas por energia.
“Consideramos a eficiência energética como o ‘primeiro combustível ’, pois ainda representa a forma mais limpa e, na maioria dos casos, a mais barata de atender às nossas necessidades de energia. Não há caminho plausível para emissões líquidas zero sem usar nossos recursos de energia com muito mais eficiência”, avaliou Birol. “Uma mudança radical na eficiência energética nos dará a chance de lutar contra os piores efeitos da mudança climática, ao mesmo tempo em que cria milhões de empregos decentes e reduz as contas de energia”, acrescentou.
A AIE lançou um novo relatório que detalha um pouco mais sobre a necessidade de novos investimentos em eficiência. O documento cita, por exemplo, que o índice global de intensidade energética – cálculo fundamental para medir a eficiência energética da economia mundial – avançará 1,9% em 2021. No ano passado, por conta da pandemia, esse índice cresceu apenas 0,5%. A agência afirma que esses números estão de acordo com a taxa média anual de melhoria nos últimos 10 anos, mas bem abaixo dos 4% necessários entre 2020 e 2030 para atingir emissões líquidas zero até 2050.
O relatório da agência diz ainda que mais 4 milhões de empregos poderiam ser adicionados, até 2030, no caso de novos gastos com eficiência em edifícios, eletrodomésticos e outras medidas, de acordo com o cenário de emissões zero líquidas até 2050 da AIE. O documento também menciona o Brasil, ao lembrar que os prédios administrativos públicos do país apresentaram redução de 38% no uso de energia durante as medidas restritivas impostas durante a pior fase da pandemia.
As políticas de eficiência energética podem atuar até mesmo como se fossem “grandes usinas”. A AIE detalhou ainda que uma análise de nove grandes países e regiões, incluindo China, a União Europeia e os Estados Unidos, mostrou que os padrões de eficiência ajudaram a economizar cerca de 1.500 TWh de eletricidade por ano em 2018. Isso seria o equivalente a geração total proveniente de energia eólica e solar nesses países durante aquele ano.
O relatório também destaca o papel cada vez mais importante das tecnologias digitais no futuro da eficiência energética. A rápida absorção de dispositivos conectados digitalmente está ajudando a expandir a escala e o escopo dos benefícios da eficiência energética e pode oferecer uma transição de energia limpa mais barata, fácil e econômica.
Por fim, a AIE lembra que a declaração final da Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP26), em Glasgow, especificamente apelou para o rápido aumento das medidas de eficiência energética, reconhecendo seu papel fundamental na descarbonização dos sistemas de energia.
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