ALERTAS SOBRE CORRUPÇÃO FEITOS POR EX-GERENTE DA PETROBRÁS DEVEM GERAR NOVAS FRENTES DE INVESTIGAÇÃO
A notícia de que a diretoria da Petrobrás já havia sido alertada em diversos momentos por uma ex-gerente sobre indícios de corrupção, em vários tipos de contratos, chegou como uma nova bomba para a estatal, que passa por um momento de muitas incertezas internamente. As investigações devem ganhar novas frentes de atuação por parte da Polícia Federal e do Ministério Público e o comando da estatal passará a sofrer uma pressão ainda mais forte a partir de agora.
De acordo com reportagem do jornal Valor Econômico, a ex-funcionária da Petrobrás Venina Velosa da Fonseca (foto), que atuou como gerente executiva de abastecimento quando o ex-diretor Paulo Roberto Costa ainda comandava a área, enviou uma série de e-mails para a atual presidente Graça Foster e para o atual diretor José Carlos Cosenza, desde 2009, ano em que Graça ainda ocupava a diretoria de Gás e Energia.
Segundo o texto, Venina descobriu irregularidades em contratos de comunicação da área de abastecimento, em contratos da segunda fase de construção da Refinaria Abreu e Lima e também em compras de combustíveis na filial da Petrobrás em Cingapura, para onde ela foi enviada em 2010, após ter feito alertas sobre os casos da área de abastecimento e se ver afastada da gerência que ocupava.
Ao jornal, a ex-gerente contou que, quando descobriu os primeiros indícios de desvio em contratos de comunicação, procurou Paulo Roberto Costa, seu superior na época e relatou os problemas. No entanto, segundo ela, o executivo apontou para o retrato de Lula que ficava em sua parede e perguntou se ela queria “derrubar todo mundo”, pedindo que ela procurasse o diretor de comunicação da empresa, Geovanne de Morais.
Após isso, ela encaminhou a denúncia ao então presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, que instalou uma comissão para a apuração do caso sob a presidência de Rosemberg Pinto. Tanto ele, quanto Gabrielli e Geovanne de Morais eram do PT da Bahia. O resultado da apuração indicou que haviam sido pagos R$ 58 milhões em contratos de comunicação por serviços não realizados, além de repasses de R$ 44 milhões em notas fiscais com o mesmo número para diversos serviços. Geovanne foi demitido no início de abril de 2009, mas, como estava de licença médica, a demissão efetiva só veio a ocorrer em 2013. Isso mesmo, quatro anos depois.
Em paralelo, ela enviou alertas sobre custos extras e indícios de desvios em obras da Rnest e chegou a sugerir 107 modificações de projetos, com a estimativa de reduzir custos em R$ 947,7 milhões no total, mas nenhuma delas foi aceita.
Desgastada pelas denúncias, foi afastada da gerência e enviada para Cingapura, em fevereiro de 2010, mas quando chegou lá pediram que ela não trabalhasse e fizesse apenas um curso de especialização. Em outubro de 2011, ela enviou um email a Graça Foster, então diretora de Gás e Energia, reclamando de desmandos na estatal:
“Do imenso orgulho que eu tinha pela minha empresa, passei a sentir vergonha. Diretores passam a se intitular e agir como deuses e a tratar pessoas como animais. O que aconteceu dentro da Abast na área de comunicação e obras foi um verdadeiro absurdo”, reproduziu o jornal.
Os e-mails continuaram nos anos seguintes e até após a deflagração da Operação Lava Jato, com mensagens direcionadas a Graça e ao diretor Cosenza, desta vez sobre indícios de desvios na compra de bunker pela filial de Cingapura, onde ela voltou a trabalhar após passar cinco meses no Rio em 2012, sem ser vinculada a nenhuma atribuição. Mesmo com as denúncias encaminhadas ao diretor, não obteve respostas.
Depois de tudo isso, após o resultado de uma comissão de apuração da Petrobrás, Venina viu seu nome incluído entre os de alguns executivos demitidos pela estatal no mês passado. Os outros estavam entre os avaliados pela companhia como tendo indícios de participação no esquema agora investigado pela Polícia Federal, mas a ex-gerente não recebeu explicações sobre a inclusão de seu nome, fato que veio a conhecer inicialmente por meio da imprensa.
No dia seguinte, ela enviou um novo email a Graça Foster, fazendo um desabafo e dando seus contatos para a presidente. Na mensagem, também reproduzida pela reportagem, dizia:
“Desde 2008, minha vida se tornou um inferno, me deparei com um esquema inicial de desvio de dinheiro, no âmbito da comunicação do abastecimento. Ao lutar contra isso, fui ameaçada e assediada. Até arma na cabeça e ameaça às minhas filhas eu tive”, afirmou no texto, explicando ao jornal que foi abordada no bairro do Catete, tendo uma arma apontada para a própria cabeça, sem que a pessoa levasse nada dela, mandando apenas que ela ficasse quieta.
No email, ela ainda relata que tem toda a documentação relativa ao caso e que nunca procurara a imprensa por respeito à Petrobrás, e diz que levou o assunto às autoridades competentes da empresa, como o jurídico e a auditoria, “em vão”. Venina conta também que quando deixou a função de gerente de abastecimento, sendo expatriada, o então diretor Paulo Roberto Costa, atualmente preso em regime domiciliar, fez um brinde à sua ida, dizendo que era uma pena não poder exilá-la por toda a vida.
Em nota, a Petrobrás tentou se defender das acusações, mas deu explicações pouco convincentes. Veja o comunicado da estatal:
“A Petrobrás esclarece que instaurou comissões internas em 2008 e 2009 para averiguar indícios de irregularidades em contratos e pagamentos efetuados pela gerência de Comunicação do Abastecimento. O ex-gerente da área foi demitido por justa causa em 03 de abril de 2009, por desrespeito aos procedimentos de contratação da companhia. Porém, a demissão não foi efetivada naquela ocasião porque seu contrato de trabalho estava suspenso, em virtude de afastamento por licença médica, vindo a ocorrer em 2013. O resultado das análises foi encaminhado às autoridades competentes.
Em relação aos procedimentos na área de Bunker, após resultado do Grupo de Trabalho constituído em 2012, a Petrobrás aprimorou os procedimentos de compra e venda com a implementação de controles e registros adicionais. Com base no relatório final, a companhia adotou as providências administrativas e negociais cabíveis. A Petrobrás possui uma área corporativa responsável pelo controle de movimentações e auditoria de perdas de óleo combustível, que não constatou nenhuma não conformidade no período de 2012 a 2014.
Como mencionado em comunicados anteriores, a Comissão Interna de Apuração constituída para avaliar os processos de contratações para as obras da RNEST concluiu as apurações e encaminhou o Relatório Final para os órgãos de controle e autoridades competentes.
Assim, fica demonstrado que a Companhia apurou todas as informações enviadas pela empregada”.
Cadê a investigação e punição dos políticos envolvidos??? que absurdo isso não pode passar impune, jamais…. que vergonha….
E ai o Sr. Paulo Roberto Costa desabafou : *** No entanto, segundo ela, o executivo apontou para o retrato de Lula que ficava em sua parede e perguntou se ela queria “derrubar todo mundo”, pedindo que ela procurasse o diretor de comunicação da empresa, Geovanne de Morais. *** Significa que temos grandes Ex-Politicos e atuais metidos nas maracutais da Petro e outras Estatais ….. Não podemos investigar superficialmente a maior corrupçao de todos os tempos no Brasil, temos que ter coragem de chamar quem esteve e quem está no comando maior do pais para esclarecer a maior robalheira de… Read more »