ANEEL QUER COBRAR R$ 1,3 BILHÃO NAS CONTAS DE ENERGIA PORQUE FOI REDUZIDO O NÚMERO DE PACUS EM BELO MONTE
Sabe aquele Pacu, que você nunca viu, nunca comeu e alguns nem ouviram falar? Pois é, a diminuição de sua população em uma pequena região do Pará será responsável por uma conta de R$ 1,3 bilhão nas contas de luz de todos brasileiros deste mês e de fevereiro. Essa é a conclusão da conta que foi feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em ofício encaminhado ao Ibama. Se for mesmo repassada ao consumidor, a cifra pode representar uma alta de 0,7%, em média, nas tarifas de eletricidade. Um dos problemas apontados pelo órgão ambiental é a redução da população de Pacus, uma espécie de peixe da região do Xingu, onde está a Usina Belo Monte. Com o pedido da geração de energia na hidrelétrica que seria para reduzir o impacto ambiental. A nova regra do Ibama determina que a usina direcione mais água para um trecho do rio, chamado Volta Grande do Xingu, onde vivem diversas comunidades, e menos para suas turbinas.
Os técnicos do setor elétrico avaliam que a manutenção de regras restritivas adotadas pelo Ibama no fim do ano passado vai reduzir a geração de eletricidade pela usina e prejudicar o sistema nacional de energia. O Ibama acredita que vai melhorar qualidade da água, pesca, navegação e modos de vida da população ribeirinha causados pela baixa vazão do rio e salvar os Pacus que ainda restam perto da usina. Para o Ibama gerar energia mata mais Pacus do que as centenas de pescadores da região de Belo Monte. O Pacu é um peixe encontrado em abundância em toda região amazônica e no centro-oeste brasileiro. Há também fazendas de criação deste peixe em alguns estados do país.
A quantidade de água que é liberada para banhar o curso natural do Rio Xingu é determinada pelo Ibama por meio de um documento chamado hidrograma. O restante dessa água, que não segue para o rio, é desviada para mover as turbinas da usina de Belo Monte, a maior hidrelétrica instalada totalmente em território nacional. Quanto mais água o Ibama determinar que seja liberado para o rio, menos sobra para gerar energia, embora essa água volte ao leito do rio um pouco mais na frente.
O Ibama determinou que nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, assim como no fim do ano passado, a Norte Energia, concessionária responsável pela administração da usina, aumente a quantidade de água liberada para o rio, intensificando a polêmica em torno do assunto. A decisão do Ibama fez com que o diretor-geral da Aneel, André Pepitone, alertasse que o impacto da medida nos dois primeiros meses de 2021 pode chegar a cerca de R$ 1,3 bilhão. Para ele, a medida precisa ser compensada com o aumento da produção em usinas termelétricas, que geram energia mais cara.
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