ANTAQ APONTA REPARAÇÃO DE EMBARCAÇÕES COMO CAMINHO PARA RETOMADA DO SETOR NAVAL BRASILEIRO

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

FernandoFonseca3Mesmo em meio ao cenário de crise, existem oportunidades de negócios dentro do segmento da indústria naval que realiza serviços para a cadeia de óleo e gás. Uma destas janelas é a reparação de embarcações utilizadas no apoio às atividades offshore, especialmente no pré-sal. Esta é a opinião do diretor-geral substituto da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Fernando Fonseca. “Enxergamos esse segmento [de reparação] como muito interessante, já que é preciso manter a estrutura da construção naval. Com a descoberta do pré-sal e com as encomendas para a renovação da frota de embarcações da Petrobrás, você terá oportunidades neste sentido”, avaliou. Fonseca ainda explicou que a agência trabalhou na modernização de processos e revisão de normas, de forma a dar mais segurança regulatória às empresas de navegação. Sobre os próximos leilões portuários, o diretor disse que o governo decidiu adiar as licitações e que os editais estão sendo revistos para que, em momento oportuno, estas unidades sejam oferecidas novamente.

De que forma a crise atingiu a indústria naval, especialmente as empresas deste setor que atendem ao setor de óleo e gás?

A demanda no setor de apoio marítimo para exploração do pré-sal era elevada por conta da principal contratante, a Petrobrás. A empresa sempre se situava como principal cliente. Mas vieram as dificuldades, como a crise econômica, a queda do preço do barril de petróleo, além dos problemas de gestão da estatal. Isso tudo fez com que a Petrobrás, que estava numa escala ascendente, reduzisse seus investimentos. Isso repercutiu no setor de apoio marítimo. Dessa forma, afetou diretamente as demandas de contratação de empresas brasileiras de navegação. A partir do cenário atual, a Petrobrás fez com que seus planos de investimentos fossem realinhados dentro de uma nova estratégia comercial.

Como o setor naval está encarando este momento de dificuldades?

Em função desse processo de desinvestimentos, esse mercado está se readequando. A partir de então, começou a ter mais oferta de equipamentos, um excesso de embarcações. Muitas empresas, por conta da demanda expressiva na época de aquecimento do mercado, fizeram financiamentos do Fundo da Marinha Mercante, gerando novas encomendas nos estaleiros nacionais. Principalmente para embarcações de apoio marítimo. Mas, em função desse novo cenário de desinvestimentos, essas empresas têm que se readequarem dentro dessa nova realidade. Os estaleiros estão sendo obrigados a se reprogramar para se manter dentro do mercado.

E qual o caminho para a retomada do crescimento?

Um segmento bastante interessante para a retomada da indústria naval é o de reparação. A gente vê que se esses estaleiros passarem a atuar com esse foco, o País pode avançar muito. Enxergamos esse segmento como muito interessante, já que é preciso manter a estrutura da construção naval. Com a descoberta do pré-sal e com as encomendas para a renovação da frota de embarcações da Petrobrás, você terá oportunidades neste sentido. Tudo o que foi construído não pode se perder e uma das formas de se fazer isso é direcionar esses estaleiros para a reparação naval.

O senhor vê mais alguma alternativa para que o setor naval se recupere?

A gente fala muito em Petrobrás, mas existem outros nichos de mercado, como o escoamento de safra de grãos. É um segmento em franca expansão e vem dando sustentação ao País. A partir do momento que você demandar mais transporte por hidrovias, necessariamente precisaremos de uma frota para escoar essa produção. Apesar da crise da Petrobrás, existem possibilidades para que essa indústria não perca as conquistas alcançadas. O ajuste de negócios faz parte de qualquer atividade empresarial. O empresário brasileiro tem a característica de facilmente se adaptar.

As últimas tentativas de fazer leilões portuários no Brasil acabaram sendo adiadas. Quais mudanças devem ocorrer nos próximos editais?

Mudanças efetivas ocorreram na estrutura de administração do governo como, por exemplo, a criação de uma secretaria de parceria e investimentos, que tem a finalidade de desobstruir uma série de projetos de infraestrutura. O governo entendeu por bem adiar esses leilões. A agência só operacionaliza as licitações. Dentro deste contexto, os editais estão sendo revisados para avaliar, dentro do novo cenário, quando colocar em licitação. Nós temos atualmente a licitação do Terminal de Passageiros de Recife, com abertura de propostas no dia 31 de agosto. Mas outros processos ainda estão em audiência pública, como o Terminal Marítimo de Passageiros do porto de Fortaleza.

Que outras medidas a Antaq está tomando ou pretende tomar e que podem melhorar o cenário atual da indústria naval?

A nossa agência tem a função de regular esse mercado. Informatizamos processos e temos agora o Sistema de Afretamento na Navegação Marítima e de Apoio. Essa era uma atividade feita quase que de forma cartorial. Esse sistema serve para permitir maior controle e fiscalização por parte da Antaq sobre o afretamento de embarcações na navegação marítima e de apoio. Com ele, começamos a detectar práticas anticoncorrenciais, que desestimulam investimentos. A gente começou também a fazer revisão de normas, não só de afretamento, mas também de outorgas.  Quando você regulamenta uma série de condicionantes, é justamente para proteger esse mercado, de forma que as empresas que investem na construção naval atuem de forma segura.

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