APÓS INVESTIR EM USINA NO RIO GRANDE DO NORTE, SCATEC ESPERA IMPLANTAR NOVO PROJETO SOLAR NO BRASIL EM ATÉ TRÊS ANOS

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Executivos da Scatec, Alunorte, Equinor e Hydro Rein participaram de evento em São Paulo para detalhar o projeto Mendubim

SÃO PAULO – Conforme noticiamos no início do mês, o Rio Grande do Norte ganhou recentemente uma nova usina solar. O projeto, denominado Mendubim, é operado por uma joint venture formada pelas empresas norueguesas Scatec, Equinor e Hydro Rein (30% cada). Com o início das operações da planta, a Alunorte exerceu uma opção de compra e agora detém os 10% restantes. Uma cerimônia será realizada no dia 9 de abril para inaugurar formalmente o empreendimento, que tem uma potência de 531 MW. Após concluir este projeto, a Scatec já está começando a explorar novas oportunidades no mercado brasileiro. A empresa realizou, nesta semana, um evento em sua sede em São Paulo (SP) para apresentar o modelo de financiamento utilizado em Mendubim, bem como para detalhar as perspectivas futuras. O diretor da Scatec no Brasil, Aleksander Skaare, destacou que a companhia já está bem avançada com mais um projeto solar no país – que pode ser concluído nos próximos dois ou três anos. “Além disso, temos outros dois ou três projetos em vista em 2025 que estão em fase de estudo de viabilização”, detalhou. O pipeline atual da Scatec está atingindo 2 GW em empreendimentos sob avaliação. Enquanto isso, a vice-presidente de novos negócios da Scatec na América Latina, Deborah Canongia, abordou a estratégia de crescimento da empresa e o modelo de financiamento adotado em Mendubim. O contrato inclui um acordo de compra de energia (PPA) com a Alunorte, lastreado em dólar, com duração de 20 anos. “O acordo para Mendubim foi inovador, pois previa o financiamento em dólares americanos, algo até então inédito considerando uma estrutura de autoprodução. Foi também o financiamento em dólar mais longo já realizado para projetos de energias renováveis no Brasil”, afirmou a executiva.

A empresa tem um histórico de atuar em países em desenvolvimento, que costumam ter um custo de capital mais elevado. Como lidam com esse desafio?

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Aleksander Skaare

Deborah – Nossa empresa tem presença em mais de 20 países, cada um com suas próprias características distintas. No Brasil, por exemplo, estamos enfrentando um momento de preços de comercialização de energia muito baixos. Enquanto isso, na África do Sul, onde também operamos, há desligamentos diários de energia de duas horas em certas regiões devido à falta de geração. Isso ressalta a singularidade de cada mercado e a necessidade das empresas se adaptarem a essas condições de maneiras diversas.

Um dos diferenciais da Scatec é justamente o profundo conhecimento dos mercados nos quais atua. Com presença em diversos países emergentes, temos a flexibilidade necessária para nos adaptarmos às condições locais. Assim, buscamos compreender as diferenças e peculiaridades de cada país e ajustar nossas estratégias para atender às necessidades específicas de cada mercado.

Ao que se deve essa estratégia de buscar esses mercados?

Aleksander – Essa estratégia de buscar mercados em países emergentes se deve ao fato de acreditarmos que possuímos competitividade nesses locais. Embora a Scatec seja uma empresa norueguesa, nunca realizamos projetos na Noruega. Embora tenhamos empreendimentos na Europa, nossa atuação principal se concentra em outros continentes. Isso, a meu ver, é um diferencial: estamos habituados a trabalhar em países com complexidades e desafios diversos.

Qual o peso do Brasil no portfólio da empresa?

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Deborah Canongia

Aleksander – A Scatec possui uma capacidade instalada de cerca de 700 MW no Brasil, que é um dos principais mercados para a empresa. Estamos presentes no país há sete anos e contamos atualmente com mais de 50 profissionais em nosso escritório em São Paulo. A empresa continua a expandir-se e a contratar novos talentos, pois esperamos fechar ainda este ano um novo projeto. Nosso pipeline atual está atingindo 2 GW sob avaliação, em diferentes estágios de desenvolvimento.

Deborah Atualmente, a Scatec está presente em mais de 20 países e adota uma estratégia de crescimento baseada no que chamamos de mercados foco. Atualmente, temos seis mercados foco, sendo o Brasil um deles. Os outros são África do Sul, Filipinas, Polônia, Índia e o grupo Hydro África [que compreende países africanos com projetos hidrelétricos]. Em termos de crescimento [do grupo], o Brasil está em segundo lugar, logo após a África do Sul.

Poderiam detalhar o pipeline de projetos da companhia no país?

Deborah – Atualmente, a Scatec tem como objetivo expandir sua presença no mercado brasileiro, oferecendo energia para consumidores locais. Essa expansão é impulsionada por diversos projetos da empresa, que se encontram em diferentes estágios de maturidade. Ao conseguir fechar a venda da energia, será possível tirar esses projetos do papel. Atualmente, nós temos em carteira um mix de projetos eólico e solar. A Scatec é uma empresa que investe em várias fontes, mas quando falamos do pipeline de projetos no Brasil, o foco está em eólica e solar.

O que a empresa pretende concretizar em dois ou três anos?

Imagem do WhatsApp de 2024-03-27 à(s) 17.16.46_8dc121f2Aleksander – Nos próximos dois ou três anos, nossa meta é concluir mais um projeto no país. Estamos bastante avançados com um projeto solar. Além disso, temos outros dois ou três projetos em vista em 2025 que estão em Estudo de Viabilização. 

A estratégia de comercialização da empresa no Brasil é equilibrar contratos PPA com a venda de energia no mercado livre? Ou existem outros modelos em estudo?

Deborah – No projeto Mendubim, onde somos três parceiros, foi crucial encontrar um ponto de equilíbrio que fosse confortável para todas as empresas envolvidas. Do ponto de vista da Scatec, vemos com bons olhos os PPAs de longo prazo devido à robustez e não volatilidade dessa estrutura. Portanto, temos uma preferência por garantir fatias relevantes de nossos projetos com contratos de longo prazo. Já as contratações de curto prazo são pensadas para garantir potencial volatilidade de geração e sazonalidade, de modo a gerir o ativo.

O acordo para o projeto Mendubim foi inovador, pois envolveu o financiamento em dólares americanos, algo até então inédito para uma estrutura de autoprodução. Além disso, representou o financiamento em dólar mais longo já realizado para projetos de energias renováveis no Brasil.

No projeto Mendubim, 40% da energia está contratada no mercado livre. Essa decisão estratégica foi feita em conjunto com a Hydro e a Equinor. Unimos forças nesse lado porque entendemos que essas decisões de risco são muito psicológicas também. Nós estamos hoje nesse momento de preço baixo de energia. Mas os preços são voláteis e passam por ciclos. Então, faz sentido por uma questão de risco/retorno ter uma parcela para ganhar de forma oportuna e navegar nesses ciclos que o mercado traz. Por isso, faz sentido ter uma parcela direcionada ao mercado de curto prazo, de modo a extrair um pouco mais de valor do ativo.

Como está o cenário para fechar novos contratos PPAs?

Imagem do WhatsApp de 2024-03-27 à(s) 17.16.47_9660a96cDeborah – Há cerca de 1 ano e meio o ciclo do preço está mais desafiador. Foi um período difícil de comercialização para renováveis, porque o preço mínimo para projetos estava acima daquilo que o mercado estava disposto a pagar. Como resultado, poucos projetos foram concretizados nesse período.

No entanto, está tornando-se cada vez mais evidente que esse período de baixa está chegando ao fim. O mercado está começando a se mover novamente, com um aumento do apetite dos consumidores. Estamos com uma visão mais positiva para o final de 2024 e para os próximos anos, com expectativas de um mercado mais favorável para a comercialização de energia renovável.

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