ASEL-TECH INAUGURA SISTEMA DE DETECÇÃO DE VAZAMENTOS EM DUTOS NO CHILE

Por Rafael Godinho (rafael@petronoticias.com.br)

Nesta segunda-feira (5), engenheiros da Asel-Tech vão inaugurar no Chile as operações de um sistema instalado num duto da petroleira estatal Enap. Esse é um dos recentes contratos internacionais firmados pela empresa brasileira. Com sede em São Carlos (SP), a Asel-Tech detém uma tecnologia acústica capaz de detectar vazamentos em dutos e roubos de fluidos inflamáveis, e esse é seu principal produto desde a fundação, em 2007. “Podemos fornecer um relatório diário com o instante exato dos roubos, dando as localizações com precisão”, afirma Julio Alonso, fundador e diretor da Asel-Tech. Segundo ele, acidentes em dutos como aquele que matou uma criança após o rompimento de uma adutora da Cedae em Campo Grande (RJ) podem ser evitados de forma simples. Uma das apostas da empresa é o mercado internacional, onde já contam com uma empresa nos Estados Unidos, contratos na América Latina e representação na Europa.

Como se dá essa tecnologia para detectar vazamentos?

A tecnologia é baseada na emissão de um sinal acústico causado pelo próprio vazamento. Instalamos sensores acústicos ao longo do duto, que detectam vazamento e comunicam a sala de controle em segundos. O sistema emite um alarme e evita tragédias como essa de Campo Grande (RJ). Segundo a imprensa, o rompimento da adutora foi por volta das cinco da manhã. Possivelmente, não havia muita gente trabalhando. Se a empresa tivesse nosso sistema, o equipamento comandaria a desativação das bombas automaticamente.

Qual é a maior causa dos vazamentos naturais nos dutos?

A pressão é um dos principais motivos. Mas, na realidade, quanto mais alta é a pressão no duto, e quanto maior é o perigo de vazamento, melhor funciona a nossa tecnologia para a detecção dessas fugas de fluidos. Então nós temos a tecnologia, e esses problemas podem ser evitados. Só precisa de boa vontade política.

Vocês trabalham também com outros produtos?

Há outros produtos que nós também fornecemos, como os sistemas de ancoragem de dutos e os sistemas de detecção de vazamentos de metano, que usam a tecnologia laser.

Quais são os maiores clientes de vocês?

São as empresas de petróleo e derivados, como a Transpetro, a Enap (Chile), a Petroamazonas (Equador), a Enbridge (Canadá), a Shell nos EUA, a Saudi Aramco (Arábia Saudita), a Pemex (México).

A Asel-Tech fechou novos contratos ultimamente?

Estamos perto de fechar dois novos contratos. A propósito, estou indo para o Peru no dia 13 para assinar. Ainda não posso dar os detalhes por causa disso. É uma única empresa de petróleo peruana. E na segunda quinzena de agosto eu estou indo para os EUA, a fim de fechar um contrato com uma empresa de engenharia americana, uma epecista. Nos dois casos, são sistemas de detecção de vazamento de petróleo.

Vocês têm uma filial nos EUA?

Contamos com um escritório em Houston. Mas não é uma filial, e sim uma empresa americana. Nós a criamos lá em Houston em 2012, para ingressar no mercado americano, e abrimos a razão social Asel-Tech Inc. Aqui no Brasil estamos desde 2007, como Asel-Tech Tecnologia e Automação Ltda.

Como tem sido o desempenho de vocês nos Estados Unidos?

Nos EUA estamos no começo porque a nossa entrada é bastante recente. Mas, de qualquer forma, o mercado americano é o maior do mundo. São 2.1 milhões de milhas de dutos! (Quase 4 milhões de quilômetros). O tamanho do mercado americano é absurdo comparado ao brasileiro (15 mil km).

O senhor nota mais acessibilidade aos negócios nos EUA?

Sim, muito mais acessibilidade. O que atrapalha muito os negócios no Brasil é o monopólio, que é um fator complicador. Nos EUA não há estatal do petróleo; são centenas de empresas [produzindo]. No nosso banco de dados, há 12 mil engenheiros envolvidos em petróleo e gás no Brasil. Nos EUA, são 52 mil.

Vocês também atuam na Europa por meio de representações?

Sim, a Daslik está começando a fazer um trabalho nesse sentido. Mas não é a única representante. Na Europa também somos bem recentes, e de fato não dá para saber ao certo o que vai acontecer em breve, porque a Europa está numa situação difícil. Já temos propostas na Espanha, Bulgária, França, Itália etc. São países que nos pediram sistemas de detecção de vazamentos para dutos de hidrocarbonetos.

Como está o andamento do contrato com a Petroamazonas (Equador) para o fornecimento de um sistema de detecção de vazamentos, em um duto de 60 km?

O sistema foi entregue em março e agora a Petroamazonas está fazendo a instalação. A previsão é dar partida agora em agosto. Estamos apenas aguardando o chamado deles. A propósito, a operação do sistema de detecção de vazamentos em dutos de petróleo da estatal Enap começa nesta segunda (5), no Chile.

Existe alguma outra aplicação dessa tecnologia?

Um uso muito importante é contra o roubo de combustíveis em dutos. Esse problema está aumentando no país e há várias matérias na mídia sobre isso. Nossa tecnologia é a única que detecta onde o produto está sendo roubado, e diariamente enviamos um relatório. Por exemplo, só em um único duto de 600 km, de um de nossos clientes, toda manhã relatamos de dez a vinte furtos de gasolina.

Recentemente, um grande canal de comunicação denunciou cerca de 90 mil pontos de venda clandestina. Se cada um vender 10 litros por dia, medindo muito por baixo, são 900 mil litros por dia. Tudo isso é roubado dos dutos, que são sobretudo da Transpetro. Mas, até agora, ela só usou nossa tecnologia num duto em Sergipe, embora tenha uns 15 mil km de dutos. Não entendo por quê. Fornecemos para empresas internacionais.

Não houvesse tantos roubos, poderíamos ter uma gasolina mais barata?

Sem dúvida. Todos nós pagamos por esses furtos. Se acontecem, alguém paga o prejuízo. Se esses roubos fossem estancados, certamente seria possível reduzir um pouco o preço da gasolina para todos nós.

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