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ATIVIDADE DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO DO RIO DE JANEIRO VOLTA A CRESCER, APESAR DE DESAFIOS AINDA EXISTENTES

#RioIndustria1ano-23A indústria do Rio de Janeiro ainda não conseguiu recuperar os seus tempos áureos, mas caminha passo a passo rumo a dias melhores. Segundo um recente levantamento divulgado pela associação Rio Indústria, a produção industrial fluminense cresceu 3,4% no acumulado até abril. O que surpreendeu no resultado foi o fato de que a grande responsável pelo avanço verificado na pesquisa foi a indústria de transformação. Antes, o segmento que puxava o crescimento no estado era a indústria extrativista – especialmente por conta do setor de óleo e gás. O vice-presidente da associação, Gladstone Santos, lembra que o Rio de Janeiro já teve a segunda maior indústria de transformação do Brasil, mas hoje ocupa a amarga sexta posição. Contudo, o estado tem dado sinais de recuperação. “Nós acreditamos que, efetivamente, com o trabalho que tem sido feito, principalmente a interlocução com os governos e o poder legislativo para melhoria do ambiente de negócios, criou-se um clima em prol da reindustrialização do estado. Eu acho que, de pouco em pouco, estamos reconquistando o espaço que o estado do Rio de Janeiro já teve no segmento industrial de transformação”, avaliou. Apesar dos avanços, Santos lembra que ainda existem desafios que precisam ser superados para a reindustrialização fluminense, tais como a competitividade tributária, a violência urbana e a segurança jurídica. O vice-presidente da Rio Indústria cita também os gargalos portuários no estado, que acabam afugentando novos investimentos.

Poderia fazer uma avaliação dos resultados da indústria fluminense no primeiro quadrimestre deste ano? 

baixadosNo acumulado do ano até abril, a produção industrial total do Rio de Janeiro avançou 3,4%, puxada principalmente pela indústria de transformação. Entre janeiro e abril, a indústria de transformação fluminense apresentou um crescimento de 5,3%. Foi o melhor resultado nacional, ficando atrás apenas do Amazonas (por conta da Zona Franca de Manaus). Esse foi o segundo ano consecutivo de crescimento da indústria de transformação no Rio de Janeiro no primeiro quadrimestre. Isso, para nós, é realmente um motivo de comemoração e mostra um pouco a recuperação do estado. Aliás, historicamente, era a indústria de extração que puxava o crescimento do Rio. Contudo, em 2023, esse avanço foi liderado pela indústria de transformação. 

A indústria extrativa, que no Rio de Janeiro engloba efetivamente o setor de petróleo e gás, avançou nesse mesmo período 1,8%. 

Ao que se deve esse melhor resultado da indústria de transformação?

Ao longo dos últimos 20 anos, o Rio deixou o posto de segunda maior indústria de transformação do Brasil e passou para a sexta colocação. Então, é muito relevante qualquer movimento de crescimento para quem já perdeu tanto. Nós acreditamos que, efetivamente, com o trabalho que tem sido feito, principalmente a interlocução com os governos e o poder legislativo para melhoria do ambiente de negócios, criou-se um clima em prol da reindustrialização do estado. Eu acho que, de pouco em pouco, estamos reconquistando o espaço que o estado do Rio de Janeiro já teve no segmento industrial de transformação. 

Atualmente, quais são os principais desafios da indústria do estado do Rio? 

tnrgo_abr_1907181936O Rio de Janeiro tem muitas vantagens competitivas. O estado abrange praticamente 60% do PIB do mercado consumidor do país em um raio de 600 km – São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e o próprio Rio de Janeiro. Outro ponto fundamental é a proximidade de matérias-primas. No caso do Rio de Janeiro, a indústria metalmecânica pode aproveitar a proximidade com a siderurgia presente em Volta Redonda. A indústria do plástico, por sua vez, tem a proximidade com o polo petroquímico na REDUC e com a produção de petróleo. Vale citar a questão da mão de obra. O Rio de Janeiro tem as principais universidades do país e importantes institutos de pesquisa. Então, o nosso estado também é um grande produtor de mão de obra.

Mesmo assim, precisamos avançar ainda em algumas questões. O Rio de Janeiro ainda tem pouca competitividade tributária. Outros países se lançaram muito agressivamente com alguns benefícios fiscais para o setor industrial e nós perdemos competitividade tributária. A questão da violência também pesa e diminui, e muito, a atratividade do estado. Por fim, o Rio precisa também de mais segurança jurídica. São esses os três pilares para que o estado reconquiste uma posição de destaque na indústria de transformação.

Como a questão portuária tem afetado a competitividade da indústria do Rio de Janeiro? 

IMG_19CF18-D29A62-FF81EC-400BD8-7A3C88-B1C52DEu participei recentemente de uma reunião sobre os portos brasileiros na Comissão de Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos Deputados, a convite do deputado Luiz Carlos Gomes. Durante minha fala, eu destaquei a importância do porto no encadeamento produtivo. Sem dúvida nenhuma, os portos são indispensáveis para desenvolver a indústria e a competitividade. Nós precisamos entender a questão do desempenho portuário nacional e avaliar como as companhias marítimas enxergam os portos brasileiros em comparação com outros países.

A Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) publicou em outubro de 2022 um trabalho sobre a competitividade dos portos brasileiros. Foram realizadas três análises. Na primeira delas, foi constatado que o Brasil tem o mais caro custo de transporte por quilômetro. Na segunda análise, foi avaliado o custo de transporte por call – a frequência de navios em determinado porto e o número de escalas que o navio faz em determinado país. Nesse caso, o Brasil é o segundo pior, perdendo apenas para o Vietnã. O trabalho avaliou, por fim, o tempo médio de espera dos navios por dia. Nos portos do Brasil, a média é de 1,6 dia. É a pior média dos portos que foram analisados. Como o país pode ter competitividade diante desse cenário? 

Temos que observar os exemplos de portos internacionais. Se queremos que o Rio seja competitivo, esse é um dos caminhos. Acho boa a ideia de privatizar a operação de portos, desde que sejam estabelecidas metas, mirando sempre os melhores indicadores de portos internacionais. Queremos ser competitivo, esse é o nosso objetivo. Esse foi o ponto que levantei durante a audiência pública na Câmara. Esperamos que essa nossa colaboração resulte, efetivamente, na criação de um grupo de trabalho que possa discutir a realidade dos nossos portos hoje, a realidade dos portos mais eficientes no exterior e qual o caminho que precisamos traçar para alcançar  a excelência em eficiência.

Por fim, quais serão as próximas ações da associação para continuar incentivando o desenvolvimento da indústria fluminense? 

industry-scaledA Rio Indústria continua trabalhando setorialmente. Cada segmento industrial precisa ser analisado de uma forma única. Provavelmente, a solução para a indústria de transformação de plástico vai ser diferente da solução que nós teremos que oferecer para a indústria farmacêutica, por exemplo. Precisamos buscar analisar as condições e propostas para cada setor.

Temos percebido uma boa vontade do governador Claudio Castro, do secretário de Desenvolvimento Econômico, Vinicius Farah, do  secretário de Fazenda, Leonardo lobo, e do próprio presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar. Todos, na verdade, estão entendendo que a reindustrialização do Rio de Janeiro é o ponto de partida para voltarmos a desenvolver o estado. Estamos com interlocução com todos esses entes de uma forma muito positiva. O nosso papel é justamente apresentar as propostas para a reindustrialização do estado. Não cansaremos até ver a indústria do Rio de Janeiro novamente em uma posição de destaque.

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