AUMENTO DAS IMPORTAÇÕES DE FERTILIZANTES AMPLIA O DESEQUILÍBRIO DA BALANÇA COMERCIAL DE QUÍMICOS
Nos quatro primeiros meses do ano, as importações de produtos químicos movimentaram 17,1 milhões de toneladas, volume praticamente estável (pequeno recuo de 0,5%) na comparação com iguais meses de 2021, apesar dos graves impactos econômicos globais da guerra na Ucrânia. Especialmente relacionados às dificuldades de oferta, que levaram países até mesmo a restringir suas exportações, e com inéditos patamares de preços internacionais para várias commodities e dos crescente percalços logísticos com o recente agravamento da questão sanitária da pandemia, especialmente na China. Isso que tem levado à interrupções temporárias da movimentação portuária em polos críticos na movimentação mundial de contêineres e de navios de longo curso.
Fertilizantes e seus intermediários (US$ 6,7 bi) e defensivos agrícolas (US$ 9,2 bi) representam, até abril, 40,2% do valor da pauta de importação, no contexto dos aumentos de preços de respectivamente 133,8% (de US$ 243/t para US$ 568/t) e de 25,3% (de US$ 7.200/t para US$ 9.023/t), fazendo essa retomada de importações de produtos para o agronegócio impulsionar o déficit comercial para o inédito valor de US$ 17,3 bilhões, até abril, um aumento de 53,5% na comparação com o resultado de igual período em 2021. Nas exportações, de janeiro a abril, verificou-se retração de 4,9% nas quantidades vendidas aos parceiros comerciais brasileiros (de 5,4 milhões de toneladas para 5 milhões de toneladas), resultado que não foi pior devido aos aumentos nas remessas físicas de produtos orgânicos (7,2%) e de resinas e elastômeros (25,5%).
De janeiro a abril de 2021, foram importados praticamente US$ 22,8 bilhões e exportados mais de US$ 5,5 bilhões em produtos químicos, aumentos expressivos de 48,7% e de 35,6%. No acumulado dos últimos 12 meses (maio de 2021 a abril de 2022), o déficit é de US$ 52 bilhões, maior valor em bases anualizadas em todo o histórico da balança comercial de produtos químicos e que, até o final do ano, poderá superar US$ 55 bilhões.
Para o Presidente-Executivo da Abiquim, Ciro Marino, somente por meio uma Política de Estado, de longo prazo, que faça frente aos desafios estruturais da competitividade, com foco na melhoria do ambiente de negócios: “Previsibilidade e segurança jurídica são valores inegociáveis, bem como reciprocidade e respeito às regras fundamentais do Mercosul e da OMC. Em um cenário econômico global turbulento e disruptivo, particularmente agravado pela prolongação dos danosos efeitos da pandemia da COVID-19 e da guerra da Rússia contra a Ucrânia, qualquer processo unilateral de revisão da Tarifa Externa Comum do Mercosul (TEC), sem nenhum diálogo prévio com os setores produtivos ou apontamento dos impactos econômicos e regulatórios dessa deliberação, seria devastador para a renda, o emprego e a indústria”.
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