AUMENTO DE CUSTOS COM MATERIAIS E TRANSPORTE COLOCAM PROJETOS SOLARES EM XEQUE PARA O PRÓXIMO ANO
A inflação dos preços das commodities e os gargalos da cadeia de suprimentos podem colocar em risco a execução de projetos solares fotovoltaicos em todo o mundo no próximo ano. De acordo com uma nova análise da norueguesa Rystad Energy, o aumento nos custos de materiais e transporte pode colocar em xeque uma fatia de 50 gigawatts (GW) dos 90 GW de empreendimentos fotovoltaicos planejados para 2022. Os principais riscos diante desse cenário são atrasos no desenvolvimento de plantas ou até mesmo o cancelamento de algumas delas.
De acordo com a análise, os custos de fabricação de módulos fotovoltaicos subiram de menos de US$ 0,20 por watt-pico (Wp) em 2020 para algo entre US$ 0,26 e US$$ 0,28 por Wp no segundo semestre de 2021 – um aumento de quase 50% no espaço de um ano. Um fator decisivo para essa inflação foi o crescimento de mais de 300% no custo do polisilício, um componente central na fabricação de painéis solares. Outros itens como prata, cobre, alumínio e vidro também ficaram com os preços mais salgados, aumentando ainda mais a pressão sobre os custos dos módulos.
“A indústria de energia solar está enfrentando um de seus desafios mais difíceis poucos dias antes da COP26. Os gargalos atuais não devem ser aliviados nos próximos 12 meses, o que significa que desenvolvedores e fornecedores terão que decidir se reduzirão suas margens, atrasar projetos ou aumentar os preços de venda para que os projetos sejam encerrados financeiramente”, avaliou o analista sênior de energias renováveis da Rystad Energy, David Dixon.
A Rystad alerta também que o transporte marítimo é outra peça nesse tabuleiro da cadeia de suprimentos que poderá causar desafios consideráveis para desenvolvedores e fornecedores de módulos fotovoltaicos. A análise da empresa de pesquisa norueguesa aponta que o custo do transporte marítimo continua a aumentar, desempenhando um papel mais importante nas despesas gerais de capital de produção.
Em anos anteriores, o valor de remessa fotovoltaica tinha um impacto mínimo no custo geral de produção. Agora, porém, atrasos e gargalos na remessa por conta da pandemia resultaram em uma verdadeira explosão de quase 500% nos preços – saindo de US$ 0,005 por Wp em setembro de 2019 para US$ 0,03 por Wp em outubro de 2021.
Os módulos e seus custos de envio associados representam entre um quarto e um terço do investimento total de um projeto solar, explica a Rystad. Essas duas componentes somadas representam o maior item individual do custo de empreendimentos do tipo. “Quando o custo dos módulos – e da remessa – aumenta, isso pode afetar significativamente a economia do projeto”, analisou a empresa.
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