BP VAI REPOSICIONAR PROJETOS DEPOIS DA PANDEMIA E MOSTRA PREOCUPAÇÃO COM A CADEIA DE FORNECEDORES NO BRASIL
O presidente da BP Energy do Brasil, Adriano Bastos, também participou do Seminário organizado pela Fundação Getúlio Vargas, mediado por Carlos Vilella. E em sua participação, além de praticamente abordar os mesmos temas trazidos por seus colegas de painel, obviamente o Coronavírus e a crise de demanda, que jogaram os preços para baixo, teve um destaque especial. Ele foi o único que trouxe uma preocupação real com a cadeia de fornecedores da indústria do petróleo: “Sem eles, nós não vamos conseguir executar os nossos projetos. É um esforço todo da cadeia, para que a gente possa entrar na fase de desenvolvimento, onde está a maior fase de emprego e renda para cadeia”. A competitividade também foi um dos fatores que mereceu a importância do presidente da BP Energy do Brasil, que está no país há 60 anos e foi a primeira empresa internacional a fazer um contrato de risco com a Petrobrás, na década de 70. Vamos a íntegra de sua participação no seminário:
“ Gostaria de falar sobre o preço e a retomada da indústria do petróleo. Nós já entramos na crise do Covid, As nossas corporações serão cobradas e julgadas durante a crise. Como nós participamos das ações sociais, ajudando as comunidades onde nós trabalhamos. E como protegemos a nossa força de trabalho, como o serviços essencial manteve a frente entregando a energia dos nossos produtos para que a sociedade pudesse combater essa crise. Nós já entremos nessa crise, dentro de uma outra crise. A crise de oferta, que levou a uma queda de preço e com a crise do covid, que destruiu a demanda, nós terminamos com uma outra crise, porque estamos com os nossos estoques praticamente cheios. Agora, primeiramente, temos que diminuir esse estoque para que depois a gente consiga trabalhar o mercado e entender a nova demanda, o novo normal, ajustar os nossos projetos para atender a demanda do mercado.
A competitividade brasileira é um fator importantíssimo. Só a geologia não nos vai dar o sucesso. Sempre falo para relembrar a necessidade de se manter a competitividade do Brasil na indústria. Os meus maiores competidores não são os meus colegas que participam comigo nesse seminário. São meus parceiros dos projetos no Brasil. Meus maiores competidores são os projetos internos da BP. A alocação de capital. Os meus projetos precisam ser competitivos internamente, dentro do portfólio da BP.
Os impactos dessa crise, precisamos observar o movimento reverso. Onde temos, junto com o governo, o ministro, reguladoras, proteger a capacidade instalada no Brasil. De serviços e produtos. Sem eles, nós não vamos conseguir executar os nossos projetos. É um esforço todo da cadeia, para que a gente possa entrar na fase de desenvolvimento, onde está a maior fase de emprego e renda para cadeia. Esses projetos, quanto maior o número de projetos que nós conseguirmos sancionar, desenvolver, nós vamos aumentar a capacidade instalada do subsea brasileiro onde nós temos vários projetos que nós ainda não conseguimos desenvolver, que no Golfo do México temos volumes muito menores com um retorno mais rápido aos nossos investidores muito maiores, com volumes muito menores.
Não podemos nunca esquecer que a crise é sempre um fato de oportunidades. É um fator de inovação, para digitalização das nossas operações, e a transformação da nossa matriz energética para descarbonização. Ou seja, a transição energética que também vai nos dar grandes oportunidades. Só precisamos trabalhar todos juntos. A indústria, a sociedade, governo, reguladores pra que se criem as condições para que todos possamos operar e desenvolver todo esse potencial geológico brasileiro.”
– A indústria de Óleo e gás tem anunciado globalmente as reduções dos níveis de investimento. Como isso afetará as operações das empresas no Brasil. Pode comentar os ambientes de negócios no Brasil atualmente?
“ A BP e a indústria como um todo, está ajustando os seus planos de investimentos para 2020, 2021 e até 2022, adaptando ao impacto das crises. Do covid e a que nós chamamos de destruição de demanda. É um período de incerteza. Nós ainda estamos analisando caso a caso e no momento em que nós estivermos de cenários seguros, esses ajustes serão calibrados.
Os planos no Brasil também são avaliados. Internamente e junto com os parceiros. Provavelmente alguns dos projetos sofrerão alguns ajustes. Mas vai depender do caso a caso. Os nossos projetos aqui no Brasil é um portfólio praticamente exploratório e estão em diferentes níveis de maturidade e competitividade. É muito importante nós entendermos, como já foi mencionado, que é uma indústria muito bem posicionada para análise de risco, mas nesse momento estamos convivendo com riscos e com incerteza. No momento em que nos tivermos mais certeza no cenário pós Covid, o formato da recuperação da demanda real, nós vamos ter mais certeza aos nossos planos de investimento.
Não estamos mudando o nosso foco no Brasil. Estamos no Brasil há mais de 60 anos em vários segmentos da indústria, fomos a primeira empresa internacional a assinar um contrato de risco com a Petrobrás na década de 70, e o pré-sal brasileiro são reservatórios de classe mundial. Ainda temos várias oportunidades a serem confirmadas, em outras áreas a serem ofertadas e exploradas. O governo vem nos últimos três anos, trabalhando em busca de melhor competitividade da indústria. No Brasil. O resultado nós tivemos nos últimos anos, nos leilões são prova desse sucesso. E a indústria como um todo e a BP, continuamos todos focados no Brasil.
O Décio Oddone, em um comentário no ano passado, disse que a Era dos Grandes Leilões tinha terminado. Isso foi compreendido pelo governo, pelos reguladores, EPE, e junto com a indústria tem sido aberto, solicitado colaboração, discussões, debates, como modificar os modelos para transformar as futuras rodadas atrativas e como manter o ambiente de negocio no Brasil competitivo. Não é comente o nível de assinatura dos BIDs, mas também a calibração dos riscos geológicos com a competição internacional. E também ao fator de organização que pode trazer uma competitividade maior aos nossos projetos. O tempo de retorno do investimento. Hoje, nós estamos competindo com a transformação da nossa matriz energética.
Quando se fala do nosso foco na transição da descarbonização da nossa matriz, temos que considerar que qualquer estudo a longo prazo, mostra uma demanda crescente de energia global. E para nós tirarmos uma parcela de bilhões de pessoas da linha de pobreza, a energia é um dos grandes fatores dessa sociedade que vai aumentar a demanda per capita. Nós vamos precisar de toda demanda de nossa matriz energética para garantir o crescimento sustentável, global, a longo prazo, mas precisa também ser o crescimento a baixo carbono.”
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