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BRASIL SERÁ MERCADO CRUCIAL DA SHELL ENERGY, COM INVESTIMENTOS DE R$ 3 BILHÕES E DESTAQUE PARA SOLAR

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Guilherme Perdigão

A Shell apresentou ao mercado brasileiro nesta semana a sua nova marca focada em geração de energia limpa e transição energética. Batizada de Shell Energy, a unidade de negócios tratará o Brasil com especial carinho. O país será um dos principais mercados da marca e deverá receber investimentos de R$ 3 bilhões até 2025. Boa parte desses recursos financeiros será aplicada no desenvolvimento de projetos de energia fotovoltaica. Hoje, a Shell tem uma carteira de 2,7 GW de empreendimentos solares em fase de planejamento no Brasil. Esse número deve crescer para cerca de 5 GW até o final do ano. Além dos investimentos em solar, a Shell Energy prevê também fazer os aportes necessários para a conclusão da termelétrica Marlim Azul, em Macaé (RJ), e estuda a possibilidade de ampliar seu parque de geração a gás. A nova marca também dá seus primeiros passos para estudar as possibilidades de investimentos na geração eólica offshore. O Diretor de Renováveis e Soluções de Energia da Shell, Guilherme Perdigão, a Gerente de Desenvolvimento de Energias Renováveis, Gabriela Oliveira, e a Gerente de Vendas e Originação de Gás, Carolina Bunting, conversaram com jornalistas nesta semana para detalhar todos esses projetos. O Petronotícias publica hoje (24) alguns dos principais trechos da entrevista.

Poderia detalhar um pouco sobre o lançamento da marca Shell Energy no Brasil?

shell 2GuilhermeA Shell Energy é a marca global do grupo Shell para as atividades da empresa com foco na transição energética e na descarbonização. A empresa atua especificamente na comercialização de gás natural, energia elétrica e produtos ambientais – como certificado de energia renovável e compensação de carbono. Em fevereiro deste ano, a Shell lançou a sua nova estratégia, chamada “Impulsionando o Progresso”, que basicamente acelera a transformação da empresa em termos de produtos e serviços de energia com emissão de carbono zero. Nessa estratégia, o nosso objetivo é servir aos nossos clientes com produtos e serviços com menor impacto ambiental, contribuindo com a transição energética e a descarbonização.

A marca Shell Energy será usada pelo grupo Shell para comercializar gás natural e energia elétrica gerada a partir de usinas eólicas, solares e térmicas a gás. Essa marca dará o suporte à meta ambiciosa da Shell de zerar as emissões líquidas até 2050. Nosso objetivo global é mais do que dobrar o volume de comercialização de energia elétrica através da marca Shell Energy, saindo dos 255 TWh em 2020 para 560 TWh em 2030.

Qual será a estratégia de negócios da nova marca no Brasil?

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Gabriela Oliveira

GuilhermeO Brasil é uma das quatro regiões prioritárias do grupo Shell para o crescimento da marca Shell Energy, junto com Estados Unidos, Austrália e Europa Ocidental. O Brasil é uma prioridade para o grupo devido à crescente demanda de energia elétrica no país, que cresce a uma taxa de 5% ao ano. Em nossa avaliação, há perspectivas dessa demanda continuar crescendo. Nós acreditamos que a Shell, com sua presença de mais de 100 anos no Brasil, pode contribuir bastante para o desenvolvimento desse negócio no país, atendendo a essa demanda crescente por energia e impulsionando o progresso do Brasil.

No Brasil, iremos priorizar duas grandes áreas. Primeiro, vamos investir no negócio integrado de energia renovável, com eólica, solar, trading e comercialização de produtos e serviços para clientes do mercado livre de energia elétrica, incluindo o modelo de autoprodução. A demanda no mercado livre vem crescendo e  dobrou nos últimos 10 anos. A nossa expectativa é que essa demanda continuará crescendo.

O segundo foco será continuar desenvolvendo o negócio de gás através da produção doméstica em águas profundas no pré-sal. E também atuando com importação de GNL, geração de termelétricas a gás e venda de gás para clientes industriais no mercado livre.

Quais são os planos de investimentos da Shell Energy no Brasil?

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Carolina Bunting

Guilherme – A nossa perspectiva é realizar um investimento no Brasil de aproximadamente R$ 3 bilhões no negócio integrado de energia elétrica até o final de 2025. Essa jornada começou há cerca de quatro anos, com o investimento na nossa comercializadora de energia, a Shell Energy Brasil. Depois, em 2018, houve o início da construção da termelétrica Marlim Azul, localizada em Macaé (RJ). Mais recentemente, anunciamos um projeto de energia solar em parceria com a Gerdau e também o primeiro contrato de gás doméstico no mercado livre.

O foco principal desses investimentos será no desenvolvimento do negócio solar, porque são projetos que estão mais avançados. Hoje, temos mais de 2 GW no pipeline de desenvolvimento, número que pode passar de 4 GW até o final deste ano. Além disso, vamos continuar complementando o investimento em Marlim Azul, cuja construção deve ser concluída em 2022, além do interesse na expansão da nossa capacidade de geração termelétrica a gás. E, por último, vamos investir ainda na expansão da nossa capilaridade comercial para poder engajar e fazer negócios com uma quantidade maior de clientes.

A Shell Energy vai olhar para oportunidades em eólica offshore também?

GabrielaDecidimos iniciar a nossa campanha de entrada no Brasil desenvolvendo ativos de geração eólica offshore. É um segmento novo. Estamos muito ansiosos para entender o decreto que o governo irá divulgar até o final do ano, estabelecendo o marco regulatório para ajudar a impulsionar essa nova fonte de energia limpa e renovável. Temos experiência fora do Brasil com essa fonte e visamos começar esse desafio também no Brasil. Estamos bem engajados com o governo, trazendo a nossa experiência no segmento eólico offshore no exterior. Nosso foco é entender [esse potencial mercado] e compartilhar experiências com os stakeholders governamentais e as entes de classes.

Como vai funcionar a comercialização da energia gerada pelo grupo?

solar-shinglesCarolina A Shell Energy Brasil [referindo-se à comercializadora do grupo] representa um pilar integral da estratégia “Impulsionando o Progresso”. A comercializadora será responsável pela monetização dos ativos de gás e energia elétrica da companhia. Temos grandes ambições no Brasil, que já foi identificado como um país prioritário para a Shell. Destacamo-nos de outros players porque trazemos a experiência de vários mercado de gás e energia elétrica. Combinamos esse know how com nossa história centenária no Brasil. Os clientes reconhecem esse diferencial.

A Shell Energy pretende montar um portfólio com várias fontes de gás e energia elétrica. A otimização desse portfólio vai gerar valor para nossos acionistas, mas também contribuirá para a eficiência desses mercados, particularmente quando exploramos as sinergias entre as duas commodities, como acontece com a termelétrica Marlim Azul. A inauguração da Shell Energy no Brasil é um marco muito importante e mais um exemplo da importância do país para a estratégia da companhia.

A ideia aqui é, realmente, montar um portfólio. Pretendemos monetizar tanto os ativos da Shell como os de terceiros. O que é interessante é que os ativos da Shell vão trazer mais liquidez para o nosso portfólio e, assim, poderemos atender mais clientes. Isso é válido tanto para a energia elétrica quanto para o gás. A ideia aqui é que o trading deverá gerar um valor adicional para esse investimento, um dos diferenciais da nossa estratégia.

Guilherme Isso está muito em linha com o trabalho da Shell em outros produtos. Na área de combustíveis ou óleo, por exemplo, até em função da marca, a Shell comercializa um volume muito maior do que gera. Então, em linhas gerais para efeito do Brasil, a nossa expectativa até 2030 é que 50% do volume de vendas da Shell Energy será a partir de geração própria.

Pode traçar um panorama do que a Shell Energy tem planejado para o setor de energia solar?

usinas solares tomam centenas de hectares de áreas agricultáveis Gabriela –  Hoje, temos quase 2,7 GW em desenvolvimento de projetos onshore de energia fotovoltaica. Nosso portfólio solar deverá crescer em 35% até o final do ano, chegando a aproximadamente 5 GW em 12 mil hectares de terra. Importante frisar que esses são projetos em fase de desenvolvimento. Ainda não há nada concreto em termos do que será [efetivamente] implantado.

Estamos focando bastante no mercado do Sudeste. A maioria dos nossos clientes está visando comprar [energia] nesse mercado. Hoje, o maior gargalo para retirar esses projetos da fase de desenvolvimento é o da conexão. Com esse crescimento do portfólio [de projetos em desenvolvimento], buscamos outras localizações onde poderemos escoar a energia com menos entraves, principalmente ali no norte de Minas Gerais.

Por fim, seria interessante ouvir se o grupo está interessado no leilão de reserva de capacidade previsto para o final do ano.

Linha de TransmissãoGuilherme – Estamos participando de leilões desde 2018. O leilão de dezembro de reserva de capacidade é inovador. Acho que foi muito positiva essa iniciativa do governo de organizar um leilão de reserva de capacidade. Na nossa visão de longo prazo, em função do crescimento da demanda de eletricidade e do perfil de suprimento baseado em renováveis, é importante para o país a contratação de capacidade instalada adicional de térmicas a gás para complementar as renováveis.

Estamos nos preparando, sim, para esse leilão. Mas como é um leilão novo, ainda estamos entendendo as regras. Existe uma série de questões novas que ainda estamos compreendendo para viabilizar essa oportunidade dentro da Shell. Estamos otimistas e com perspectivas positivas, mas não conseguimos cravar se iremos participar da concorrência.

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