CLARIANT ESTUDA FAZER NOVOS INVESTIMENTOS COM FOCO NO OFFSHORE BRASILEIRO
Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) –
A Clariant inaugurou seu centro de pesquisa e desenvolvimento tecnológico brasileiro em 2012, com foco no setor offshore, e já começa a estudar novos investimentos neste sentido em 2015. Mesmo com a queda do preço no barril do petróleo, que vem pressionando para baixo também os preços de toda a cadeia de bens e serviços, inclusive os produtos químicos para produção – carro-chefe da empresa no país –, a companhia acredita que a demanda deve crescer neste ano, ou ao menos se manter estável. O Vice-Presidente da Clariant para óleo e gás e mineração na América Latina, Carlos Tooge, avalia que 2014 foi um ano atípico, mas acredita que o impacto maior da redução do preço do barril deverá vir somente em 2016. A Clariant prevê fazer um novo anúncio de investimentos no Brasil em breve, mas ainda aguarda os planos de negócios revisados das operadoras para tomar a decisão definitiva.
Pode fazer um balanço de como foi 2014 para a Clariant no setor de óleo e gás no Brasil?
O ano de 2014 foi um ano razoável para a Clariant nesse mercado. Foi um ano em que vimos uma série de modificações e mudanças no mercado global, que também influem no mercado local. O preço de barril diminuiu um pouco, foi um ano um pouco atípico…
Diminuiu bastante…
É, teve uma redução expressiva principalmente no final do ano, mas o impacto ainda está por vir. Deve influenciar mais no crescimento para 2016. A curto prazo, para 2015, não enxergo uma grande mudança.
Nosso principal mercado são os produtos para a área de produção. Do ponto de vista de produção, sem dúvida alguma, todas as unidades que já estão produzindo vão continuar, e até vão ter que produzir mais para cobrir um possível atraso dos projetos que estão por vir, em função do preço do óleo. Por isso, acho que em 2015 a demanda por produtos químicos para área de produção deverá ser a mesma ou até aumentar um pouco do que em 2014.
Temos ouvido de muitas pessoas no mercado que essa redução no preço do óleo vai gerar aos poucos uma pressão sobre os preços de toda a cadeia de bens e serviços. Já estão sentindo isso em relação aos produtos químicos para produção?
Com certeza deve acontecer, mas não é uma novidade no mercado. É algo que já vem acontecendo no Brasil há algum tempo. Até porque o mercado já estava crescendo. A entrada de novos concorrentes de produtos químicos fez aumentar essa pressão administrada em relação ao preço do barril. Agora, nosso entendimento é que a demanda, se não ficar estável, deve aumentar.
Por quê?
Normalmente, o óleo novo utiliza poucas especialidades químicas para começar a produção. Já o óleo mais antigo, que produz muita água, necessita de mais produtos químicos. Neste ano, devemos ver o início da produção das unidades que estão chegando e as já existentes continuarem, e quiçá aumentarem a produção, havendo assim uma exigência um pouco maior de especialidades químicas.
O programa de otimização da produção na Bacia de Campos, promovido pela Petrobrás desde 2012, gerou um aumento da demanda por produtos químicos?
O que acontece é que estamos sendo demandados por novas tecnologias para facilitar a produção. Isso veio muito de encontro à nossa decisão de instalar um centro de desenvolvimento tecnológico, voltado ao offshore, no Rio de Janeiro, em 2012.
Como estão as atividades do centro tecnológico atualmente?
Continua operando a todo vapor, gerando tecnologia. A Petrobrás demanda tecnologicamente de todos os fornecedores e nós estamos devolvendo como resposta novos produtos e novas tecnologias que ajudam a produção dela. Aliás, não só da Petrobrás, mas dos operadores offshore em geral.
Que tipos de produtos têm sido desenvolvidos pela unidade?
Temos investido muito para produtos subsea, que não são somente injetados nas plataformas, mas nas árvores de natal molhadas, por exemplo. Também investimos muito em produtos multifuncionais, para reduzir custos logísticos dos nossos clientes, porque têm mais de uma função e o cliente transporta uma quantidade menor deles para fora da costa. Também estamos desenvolvendo novos produtos melhoradores de fluxo, para aumentar a produtividade das unidades de produção. Enfim, o centro de pesquisas é muito ativo, e, além de novas tecnologias, também vem desenvolvendo a capacitação de profissionais. Hoje 100% dos nossos profissionais lá são brasileiros.
Como está avaliando o momento do mercado brasileiro?
O momento do mercado é um momento desafiador, em que temos o plano de negócio de todas as operadoras indicando um aumento de produção bastante expressivo até 2020. Temos também um momento muito positivo pelas últimas rodadas da ANP, pelas novas empresas e novas prospecções. Mas, por outro lado, existe a incerteza do preço do barril de petróleo. Ou seja, é uma situação bastante complexa, que envolve geopolítica, crescimento mundial e crescimento do Brasil, mas, apesar de tudo isso, nosso balanço é que o mercado vai crescer. A grande incógnita é a taxa de crescimento. Mas já estamos preparando nossos investimentos visando esse crescimento.
Qual a estrutura atual da Clariant no Brasil?
Temos uma unidade de produção em Suzano (SP), a segunda maior da Clariant no mundo, temos uma base logística especialmente para o mercado offshore em Macaé (RJ), e o centro de pesquisas de óleo e gás na Barra da Tijuca (RJ).
Tem planos de expansão no país?
Nosso plano é sempre baseado no plano de negócio das operadoras. Pelos últimos planos divulgados, temos sim investimentos previstos. Estamos esperando uma nova rodada deles, para anunciar esses investimentos. Baseado nisso vamos revisar o nosso plano também, mas diria que já no primeiro semestre devemos anunciar alguma coisa, se os planos continuarem os mesmos.
Esse anúncio seria mais voltado a que foco?
Esse novo anúncio seria mais na direção de unidades de produção específicas para o mercado offshore, em águas profundas e ultraprofundas. Estamos estudando o plano de investimentos, que pode incluir produção, mas tem outras coisas que podem ser incluídas também.
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